𝐗𝐗𝐈𝐗: 𝐃𝐞𝐬𝐜𝐨𝐧𝐟𝐨𝐫𝐭𝐨ʳ

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Sentada à sua frente estava Triz e seu sorrisinho inocente que dava calafrios em Gally. Apoiando o queixo em suas duas mãos, ela o encarava com os olhos brilhando. Seu cabelo estava preso em um rabo de cavalo alto, mas duas mechas onduladas estavam soltas à frente e caiam dos dois lados de seu rosto. Gally suspirou incomodado, coração pulsando forte e corpo gelado pelo desconforto, afinal seu último encontro com a garota foi extremamente estranho, então perguntou:

- O que tá fazendo aqui, Triz?

- O que você acha? Vim te ver - ela sorriu inocentemente - Eu senti sua falta. Sentiu a minha? - Gally não respondeu, nem sequer a encarou - Sai por dias numa chamada e você nem notou minha ausência, assim eu fico triste.

- Uma chamada, é? - ele perguntou já enfiando uma colher cheia na boca - O que foi fazer?

- O de sempre, cranks e mais cranks. - deu de ombros.

Gally lhe lançou um olhar desconfiado, mas voltou a atenção para seu prato e não lhe fez mais nenhuma pergunta. Não queria prolongar aquele assunto, porém Triz era o extremo oposto e rapidamente o lançou diversas perguntas

- Mas e seus treinos? Melhorou muito? Já tá treinando pra combate e pontaria?

- Acho que sim. - ele deu de ombros.

- Já se passaram seis dias, aposto que você está muito melhor que no início.

- Ninguém melhora tanto em seis dias.

- Com instrução certa, sim! Se Paulo foi recomendação direta de Annie, então aposto que você está muito melhor que nos primeiros dias.

- É, deve ser.

- Tenho um amigo que era horrível, não sabia nem fechar a mão para dar um soco e em um mês ele conseguiu derrubar um cara com o dobro do tamanho dele. Quero te ver daqui uma semana, aposto que estará bem evoluído. - ela disse ao mesmo tempo que seus olhos deslizavam pelo rosto e ombros do garoto, então mordeu discretamente o lábio inferior - Bem evoluído. Bom, te vejo depois.

E sem dizer mais nada ela se levantou e foi saltitante para a saída. Gally suspirou, era como se prendesse a respiração involuntariamente na presença da garota e não gostava daquilo. Ele olhou uma última vez para a garota antes dela desaparecer porta a fora, perguntou-se como podia mudar tanto no começo e como essa mudança poderia incomodá-lo tanto. Triz sempre foi uma garota que conversava bastante, foi ela que se aproximou e se mostrou bem extrovertida e era legal no início, mas algo nela mudou. Algo em seu olhar, no seu sorriso inocente e no jeito que falava com ele, era como se forçasse algo e ele não entendia. Principalmente o fato de se atirar nele e dizer que gostava dele repentinamente, isso ele não conseguia engolir.

Tirou aquelas coisas da mente, estava feliz por Triz não tocá-lo sem autorização e ter ido embora. Após a refeição, o garoto correu para seu treino, mas sentia seu corpo doer mais que o costume e as horas de descanso medidas por Paulo não pareciam ser suficientes. Quando entrou no local de treino, viu Paulo ajustando alguns pesos que ele havia preparado dias antes e que Gally havia começado a usar.

- Você demorou. - Paulo comentou.

- Meu corpo está me matando. - o rapaz reclamou enquanto arrastava os pés em direção ao homem.

- Amanhã você estará livre. Um dia inteiro de folga. Seu corpo precisa.

- É sério?

- Você tem feito tudo o que eu mando sem reclamar. Precisa de um dia de descanso agora que os treinos ficaram muito mais intensos.

- Isso é ótimo.

- Vamos começar logo, então.

A notícia de um dia livre era maravilhosa para Gally, poderia descansar a vontade e talvez seu corpo pudesse diminuir as dores. O alongamento e o aquecimento foram rápidos e logo começou os treinos com peso.

INFECTED (Gally Maze Runner)Onde histórias criam vida. Descubra agora