Capítulo 13

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Catharina


A garota descascava algumas batatas por mais turbulento que estivesse por dentro, tão concentrada que nem notou quando o loiro tatuado entrou. Mas congelou assim que escutou a voz grossa.

__ Guarde na geladeira. - Mason entrega uma torta para a mais velha das mulheres, trazida por algum de seus familiares.

Mas os olhos azuis não saem de Catharina, a sua testa tem um finco e ele parece detestar vê-la, para a angústia da menor. Ela constata algo que temia com a incapacidade de segurar o contato visual com o outro, ela ainda o acha o homem mais bonito que já viu, como se sente tímida em sua presença.

Reformulando, a negra gosta dele como não devia.

Uma sombra grande paira sobre ela, a cozinha está derrepente muito quieta. Olha para cima, ele está em sua frente.

__ O que faz aqui? - questiona irritado.

__ Eu n-ão ent-endo senhor... - fala confusa.

__ Hoje é sábado, não era pra estar aqui. Quem disse que podia faze-lo? - o loiro pergunta com um tom duro.

A menina olha para as duas mulheres que os observa e como a negra não entendendo o que está acontecendo.

__ Mas Alba... - ela nem termina, porque uma risada escapa da boca do outro.

__ Claro que sim, até imagino de quem veio a ordem. - o homem masssagea as têmporas e respira fundo, como se estivesse tentando se acalmar.

__ Senhor, desculpe me intrometer... -
Deisy está sem jeito.

__ Fale. - ele a fita.

__ A Catharina não se sente bem, mas a sua mãe disse que ela deve servir a vocês. Talvez seja melhor ela está na cozinha, as mãos dela estão trêmulas,  pode derrubar a comida. - fala muito rápido ao tomar coragem para dizer.

Catharina olha incrédula a colega, e balança as mãos perguntando o que ela está fazendo sem pronunciar algo. A outra apenas pisca, o outro não percebe pois olha a negra com intensidade.

__ Que fique esclarecido, a minha mãe não tem poder algum sobre essa casa. Vocês respondem a mim, da próxima vez venham me perguntar antes de obedecer qualquer coisa que ela diga. - avisa.

As três mulheres assentem imediatamente, ele suspira nitidamente não tendo paciência pra aquilo tudo. A negra diria que ele é o menos interessado no almoço que terá na casa, ele a encara novamente e fica alguns segundos em silêncio.

Ela sente como se ele pudesse ver sua mentira.

__ O que têm? - pergunta simplesmente.

Por mais que as palavras sejam ásperas, há um pouco de preocupação  no rosto sério. As bochechas de Catharina ardem com a atenção do outro.

__ E-u não co-mi de ma-nhã, f-foi só uma fra-que-za. Me sin-to bem a-ago-ra. - a sua gagueira estendeu a frase, mas ele escutou e esperou que terminasse  em seu tempo.

As pessoas ficam agoniadas com a lentidão que as palavras eram pronunciadas, que a interrompia ou completava o que a moça ia dizer. A calma com que ele a ouviu a agradou imensamente.

_ A sua amiga está correta, não saia da cozinha. Eu não posso lidar com isso agora, mas volto depois para a levar em casa. - Mason diz, mas os olhos dela vão para as mãos que sobe a manga da blusa até seu cotovelo, mostrando mais das tatuagens.

Ele não veste terno, mas o preto está presente em suas roupas como as cotidianas.

__ Não é ne-ces-sário s-se-nhor, eu pe-ço um táxi. - diz, mesmo sabendo que não o faria, ela pegaria um trem. Porque o seu dinheiro estava contado.

Coração de gelo - Amores ImprováveisOnde histórias criam vida. Descubra agora