twelve.

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( ★ ) ── 𝐋𝐈𝐋𝐈𝐓𝐇'𝐬 𝐩𝐨𝐯.

Uma semana.

Uma semana inteirinha de castigo.

Eu entenderia se fosse o caso de eu ter cometido algum erro, mas eu mal saio de casa por culpa de algo que Emmett fez contra mim. Eu poderia dizer a minha mãe sobre o quanto o loiro estava infernizando os meus dias, poderia dizer sobre os seus erros que trouxeram consequências graves a mim, mas optei por me calar e guardar toda essa vergonha em minha mente. De alguma forma, mesmo que isso me aborrecesse, era melhor cumprir uma pena injusta do que soltar todas as verdades.

Senti meu celular vibrar sobre o colchão, o que me fez soltar meu livro e atendê-lo rapidamente assim que vi o nome escrito na tela.

── Oi Bill!

── Oi Lili, você está fazendo alguma coisa? ── Seu tom de voz transmitia preocupação.

── Apenas terminando aquele livro besta da escola, mas estou quase dormindo. Por quê?

── Rolou umas coisas aqui em casa e vai fazer quase uma semana que eu não te vejo, estou com saudades da minha melhor amiga. ── Sorri fraco com o seu diálogo. ── Vem aqui em casa. 

── Eu não sei se posso, Bill. ── Suspirei fraco, aquela situação me deixava aos nervos. ── Esqueceu do meu castigo?

── Então da uma de criança rebelde e foge pela janela do seu quarto, sua mãe nem irá perceber. ── Soltei uma risada fraca com a sua solução. ── Te encontro daqui a pouco.

Kaulitz desligou sem ao menos me deixar respondê-lo, ele sabia que a minha resposta seria não.

Fazer algo desse tipo era arriscado, sabia que minha mãe se irritaria muito com o meu ato imprudente, mas a proposta era tentadora. Não era nada demais, já que eu costumava viver na casa dos Kaulitz, mas em uma situação de castigo isso parecia ser enorme. 

E assim fiz, calcei meus tênis e, em total silêncio, tranquei a porta e abri a janela do quarto. Cheguei facilmente até a calçada e não hesitei em correr até a esquina, parecia bobo, e realmente era. Senti alguns olhares em mim, afinal, não era comum ver uma garota pulando de uma janela e saindo correndo logo em seguida, certo?


── Que saudade do meu cheirinho! ── Bill me abraçava com força, chacoalhando meu corpo de um lado para o outro. Não conseguia me mexer, o garoto era muito mais forte que eu e eu sentia uma leve falta de ar pelo seu aperto em meu tronco.

── Bill! ── Exclamei, quase que em um grito.

── Perdão, senti saudade. ── O moreno disse ao me soltar.

── Percebi. ── Brinquei.

Caminhei até o sofá enquanto ele me contava as novidades de sua vida, gostava de ouvi-lo feliz. Eram tantas coisas que ele respirava fundo para conseguir prosseguir com a sua fala, gesticulando por todo o seu caminho até se sentar ao meu lado.

── Mas algo ruim aconteceu.

Franzi o cenho, um tanto quanto preocupada.

── O que? 

── Meu pai apareceu aqui antes de ontem, ele queria que fossemos para Dresden com ele, mas obviamente recusamos. ── Bill cruzou seus braços e desviou seu olhar do meu, agora sua expressão estava neutra, um tanto quanto vazia. Sabia que o assunto era algo delicado. ── O desgraçado insistiu tanto, mas tanto, tudo porque ele não conseguia ouvir um não e simplesmente surtou, relembrou sobre a morte da nossa mãe e jogou toda a culpa em Tom. Eles brigaram, feio. Agora Tom mal sai da garagem, sempre o vejo com um cigarro ou bebida nas mãos, já tentei conversar com ele, mas ele não quer, ele insiste em ficar calado e guardar tudo para si. Eu sei que sua dor ainda é grande.

Apesar de transparecer uma imagem forte, sempre soube que Tom era mais sensível que Bill. Sua imagem servia para defender seu irmão, ser seu protetor, mas de alguma forma a culpa lhe consumia por inteiro. Sua ignorância não era eficaz, o garoto sempre voltava a sua estaca zero e era difícil tirá-lo de momentos assim, onde seu pesar trilhava suas veias.

── Posso ir vê-lo? Talvez com calma eu consiga conversar com ele. ── Disse no tom de voz mais dócil que pude, sabia a sensibilidade da situação e queria demonstrar a Bill que eu era confiável, que eu seguraria a sua mão sempre que fosse preciso.

── Claro.

O mais velho me levou até o jardim de sua casa, o mesmo era lindo e imenso. As belezas de sua residência eram frutos do dinheiro que sua banda conseguia pelas cidades da Alemanha, era nítido a forma como o talento dos garotos se expandia cada vez mais. Isso enchia o meu peito de orgulho.

── Ele está aqui dentro, da para ouvir o som de guitarra bem alto. ── Kaulitz riu e eu assenti com a cabeça. ── Boa sorte, vou estar lá dentro.

Bill se afastou e eu me aproximei da garagem.

Meus olhos deram de frente com a imagem de Tom com os olhos fechados e a cabeça tombada para trás enquanto seus dedos faziam a guitarra soar um som pesado. Era alto e eu tinha certeza de que era exatamente o que ele sentia, mas não conseguia se expressar em palavras.

Me encostei no batente do portão e cruzei meus braços, apreciando toda a precisão que o garoto locava ali. Pude ver a bagunça em sua volta, latas, cigarros, embalagens de comida, tudo jogado em meio as suas tralhas. Então era essa a bagunça que morava na cabeça de Tom?

── Merda Lilith, não faça mais isso! ── Tom exclamou assustado, deixando a guitarra de lado ao meu olhar com o cenho franzido. Seu olhar era vazio, mesmo que eu sempre tenha achado seus olhos castanhos cheios de vida. ── Perdeu alguma coisa?

── Não posso mais te ver tocar? ── Questionei dando de ombros, colocando meu corpo por completo no local. ── Gostei do que vi. ── Sorri fraco.

O garoto suspirou fraco e se virou para mim, cruzando os seus braços. Percebi que o mesmo tentava criar uma barreira entre nós, mas eu precisava detê-la.

── O que você quer?

── Conversar. ── Fui sincera e me sentei no pequeno sofá azulado que havia ali.

── Bill te trouxe aqui, né? Pois mande um recado de volta a ele, me deixem em paz!

Seu tom de voz era rígido, o que quase me fez revirar os olhos, mas me segurei. Sua falta de educação não era algo que me surpreendia.

── Deixe de ser criança e se sente aqui logo, você está acabado!


desire for revenge. ❨ tom kaulitz ❩Onde histórias criam vida. Descubra agora