Capítulo 1

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Fim de mais um semestre. O penúltimo antes das provas finais. Eu finalmente estava perto de concluir essa etapa da minha vida e estava transbordando de alegria.

O curso de administração estava no finalzinho e, sinceramente? Inúmeras vezes pensei em desistir. Isso mesmo! Jogar tudo pro ar e sair pelo mundo viajando, sozinha, como eu sempre havia desejado. Mas meu pai, dono da maior construtora da cidade de São Francisco, insistia que eu deveria ao menos ter um diploma para assumir as rédeas da empresa quando tudo ficasse impossível pra ele. Não era o que de fato queria, mas era uma opção que eu não poderia rejeitar.

Depois de largar a caneta e praticamente empurrar as provas nas mãos do professor, corri para fora da sala com uma sensação de leveza e parte do dever cumprido. Estava quase lá!

Olhei ao redor à procura da Hanna, a amiga com quem divido o apartamento. Ela faz faculdade de Biomedicina, é a melhor pessoa que você poderia conhecer. A Hanna estava ao lado do bebedouro, falando com um dos muitos professores que a instituição tem. Mas nada se comparava ao professor Fred, ele era o sonho da Hanna, e a parte mais engraçada dos pensamentos dela também.

Me aproximei dos dois com um sorriso congelado no rosto como quem quisesse dizer "não queria interromper, mas já interrompendo"...

— Achei que iríamos comemorar — falei olhando para o Fred e desviando o olhar para Hanna.

— Ah, mas é claro que vamos! — ela respondeu com uma animação na voz, que não sabia se era por causa da noite que estava por vir, ou se era porque o gatoso (sim, é a junção de gato e gostoso numa única palavra, nós demos esse nome a ele pra facilitar na hora da paquera) estava ao lado dela.

— Então professor, tenha um ótimo recesso".

Uau! Ela dispensou ele mesmo? Que rápida!

— Tudo bem meninas. Vou deixar vocês comemorarem o final do semestre. Tenham uma ótima noite.

Voltei a olhar para o gatoso que tinha um sorriso empolgado nos lábios, como se soubesse tudo o que faríamos aquela noite. Esperava que ele não soubesse, porque nem nós podíamos imaginar.

Assim que chegamos ao estacionamento, solto uma gargalhada.

— Ainda tentando transar com o professor?

— Minha Nossa Senhora do Céu - ela arregalou os olhos de um jeito exagerado — Você é louca? Eu não quero transar com o Fred! De onde você tirou isso?

Ok, vou explicar uma coisa a vocês: professor gato, mantenha distância! Perigo! É sério, esse tipo de pessoa sabe o efeito que causa em todas as mulheres ao seu redor e adora provocar. Mas é um babaca! Não importa o nível de inteligência que ele tenha.

— Ele é um gato, todo mundo sabe, mas é casado! E Deus me livre, me envolver com um homem casado. Talvez se ele fosse separado ou viúvo, mas ele tem uma aliança horrorosa no dedo.

É verdade. A Hanna poderia até ser caidinha pelo Fred, mas ela não se envolveria com ele e sabe porque? Ela foi fruto de um relacionamento aonde o seu pai tinha várias alianças e a mãe dela, a Sra. Lincoln, sempre pediu de joelhos para que ela ficasse longe desse tipo de homem.

— Tudo bem. Para onde vamos? Amanhã é sábado e você sabe, não to nem aí pro que pode acontecer essa madrugada.

Entrei no carro e pus a bolsa no banco de trás. A Hanna entrou logo depois e ligou o rádio.

— Eu pensei em irmos aquela galeria de arte, sabe? Aquela que tem uma exposição sobre o corpo humano? Dizem que é ma-ra-vi-lho-sa.

Ela estava brincando. Não estava? A Hanna era um pouco certinha mas nem tanto. Ela gostava de uma farra. Mas ainda assim não consegui descobrir se a ideia da galeria era verdade ou não. Apertei o volante até que os nós dos meus dedos ficaram brancos.

Eu sou o arrepioOnde histórias criam vida. Descubra agora