Capítulo 4

2.8K 183 8
                                    

- Quem tá falando?

Tentei tirar de tempo fazendo-me de desentendida, mas a verdade é que sabia quem era. E estava apavorada!
Sua risada do outro lado da linha, fez com que eu apertasse o telefone com mais força contra o ouvido.

- Você sabe exatamente quem está falando, Chloe.

Idiota! Convencido! Egocêntrico!

- Como você conseguiu o numero da minha casa?
Minha voz saiu tão baixa, que nem pude ter certeza se ele havia escutado.

- Olha só... Admitiu saber quem é!
Respondeu com uma pontada de satisfação na voz que me fez revirar os olhos de impaciência.

Quem aquele ser humano achava que era? Tudo bem que ele era um profissional dedicado, atencioso, cheiroso, gostoso... Mas pelo amor de Deus! Ele fuçou minha papelada no hospital até conseguir meu número. O quanto isso é anti-ético na profissão dele?
Foi assim que ele conseguiu meu número, não foi?

- Eu só queria saber se está sentindo-se melhor.
Sua voz denunciava um tom sério dessa vez.

- Isso é ridículo! É claro que estou bem. Só bebi demais na noite passada e reagi mal...

- Você reagiu muito mal, Chloe - ele interrompeu - Estou falando sério sobre querer saber se você está bem. Fiquei preocupado.

Ok, esse cara é maluco. Ri nervosa de toda essa situação e levantei do sofá, caminhando de um canto à outro.

- Não tem pelo quê se preocupar, Dr. Nicolas. Foi só uma ressaca e ressaca é igual a vontade. Ela passa. Tenha uma boa tarde.

Desliguei na cara dele! Nossa como sou mal educada...
E de que vontade eu estava falando? Ai meu Deus, vontade dele? Não, eu não tinha!

O telefone voltou a tocar. Respirei fundo antes de atender:

- Dr. Nicolas, estou bem, é sério...
- Chloe, me escute por favor! Eu sou um clínico geral, me preocupo com meus pacientes. Por esse motivo pedi seu número a Hanna e...

- O quê? - quero morrer e levar a Hanna comigo - Então você se aproveitou do momento em que eu estava desacordada e pediu o número da minha casa a Hanna?

Seu riso envergonhado invadiu meus tímpanos.
Merda, que som agradável.
Como ele conseguia acabar com a minha raiva só com o som da sua risada? E ainda pior, por telefone?

- Sim, me desculpe. Estava mesmo preocupado com você.

- Fala sério, o que você quer? - perguntei impaciente.
Sabia que estava agindo como uma adolescente mal criada, mas a situação pedia isso.

- Um jantar. Preciso te explicar umas coisas - ele disse calmamente.

Soltei o ar junto com uma risada tão estridente, que ele com certeza deveria achar que eu era maluca. Que se dane!

- Explicar o quê? Escuta aqui, sei que você deu prioridade ao meu atendimento e eu nem sei o porquê exatamente. E se ligou para que eu pudesse agradecer, aí vai: obrigada! Mas não temos nada para conversar.

- Você é muito teimosa! - ele parecia derrotado, ainda bem, por que se resolvesse insistir mais uma vez, acabaria aceitando - Vou enviar o meu número por mensagem e se caso mudar de ideia, me procure. Seria uma conversa interessante.

Caí no sofá e fixei o olhar no teto. Ele iria me deixar o numero dele. Que loucura!

- Tudo bem. Não volte a me ligar. Se eu estiver interessada em seja lá o que você queira falar, eu ligo. MAS NÃO RETORNE A LIGAÇÃO! - enfatizei a ultima frase pra ele captar o quanto sua intromissão me incomodava.
O que era parcialmente mentira.

Eu sou o arrepioOnde histórias criam vida. Descubra agora