Eu sou o arrepio

Capítulo 15

Pulei da cama e corri na direção da porta do quarto trancando-a.
- Se veste! - falei abrindo o armário para pegar alguma roupa.
- O quê? Quem são Gabe e John?

Nicolas perguntou bastante à vontade. Não moveu um músculo sequer da cama.
- Meus amigos.
Coloquei uma calça de moletom e um blusão azul de botões.
- Aqueles que estavam no bar?
- Isso. Dá pra você se vestir?

Nicolas sentou na cama e passou as mãos pelo cabelo. Odiava quando fazia aquilo, era sexy demais.
Sua ereção ainda estava ativa, quando de um jeito preguiçoso, pegou sua cueca boxer no chão e a vestiu.
- Com qual deles você está transando?
Perguntou de um jeito frio e impassível. Observei seu rosto apresentar uma expressão vaga.

- Isso importa?
- Não. Pra mim tanto faz... Só quero ir lá fora e mostrar quem estava dentro de você a alguns instantes atrás.

Eu esperava que ele fosse dizer que importava sim, que ele não queria me dividir com mais ninguém. Mas o jeito como disse "pra mim tanto faz", foi como um soco no estômago.

- Nem pense em abrir a boca para dizer algo. E você vai ficar aqui!
Falei olhando em seus olhos. Suas covinhas apareceram e quase derreti.
- Vai me prender aqui como uma adolescente escondendo o namoradinho?

Dei uma risada nervosa e me aproximei dele. Segurei seu queixo e na ponta dos pés, falei numa voz baixa e ameaçadora:
- Você vai ficar aqui, entendeu? E quieto!

Não esperei por sua resposta, atravessei o quarto e abri a porta.
- Chloe, você ainda tá acordada...
- Já estou indo! - gritei antes de me virar a ultima vez para dentro do quarto e ver um Nicolas terrivelmente gostoso, de cueca boxer preta e uma carranca na cara de desmanchar a calcinha. Opa, mas eu não estava usando uma.

Fechei a porta e fui em direção à sala.
Gabe estava sentado no sofá e sorriu ao me ver. Hanna e John estavam no chão. Sorri sem jeito e parei no corredor.
- O que houve? - perguntei rezando em silencio para que eu não tivesse com uma cara que denunciasse que havia acabado de transar.
- Chloe, você estava dormindo?
Arregalei os olhos para Hanna e ela levantou, vindo em minha direção.
- Ai meu Deus, ele ainda tá aqui?

Ela perguntou baixinho. Balancei a cabeça de um jeito quase imperceptível.
Ela havia liberado a entrada do Nicolas no apartamento. Ela havia planejado tudo. Como pôde achar que iríamos ser rápidos com seja lá o que estivéssemos fazendo?
- John - Hanna virou na direção dele - você poderia ir até a adega da esquina buscar um vinho?
- Chloe não vai beber.

Ah merda... ele saiu do quarto!
Fechei os olhos tentando controlar a raiva que ameaçava se expandir dentro de mim. Olhei por cima do ombro, e vi o Nicolas parar ao meu lado vestindo só calça jeans. Ô inferno!
Olhei para Hanna nervosa e logo depois, pousei meus olhos sobre Gabe, que tinha os punhos cerrados ao lado do corpo.

- Você disse que não iria demorar... - Nicolas falou encostando seu ombro no meu.

Contraí minha mandíbula e forcei um sorriso amarelo.
Hanna voltou a sentar-se no chão, ao lado do John. Um dos braços do Nicolas passou pela minha cintura e me puxou em sua direção. Deus, eu queria morrer naquele exato momento. Abaixei o olhar e fitei o chão.

Aquilo tudo não poderia ser mais constrangedor.

- Nicolas, esses são Gabriel e John. - Falei com um fio de voz.
- O que eu perdi aqui? - Gabe falou.
Me desvencilhei do braço do Nic e fui até a cozinha. Gabe levantou-se do sofá e olhou de relance para mim. Senti uma pontada em meu peito e meu estômago revirou.
- Opa, esse não é aquele médico que atendeu a Chloe? - John perguntou para Hanna, levantando-se para cumprimentar o Nicolas.
Eles trocaram um aperto de mão antes de olharem para mim. Enchi um copo de água e o virei de uma só vez, voltei para sala e sentei no braço do sofá. Gabe continuava sentado, na defensiva mas com um rosto estranhamente contraído. O que eu tinha feito?