Capítulo 25

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Entende o porquê eu odeio veículos de duas rodas? Achei que morreria espatifada no asfalto.
Por conta disso, em tempo recorde, Nicolas me deixou em casa.
Minha roupa estava amassada, o cabelo bagunçado, as pernas bambas agora por duas coisas: a velocidade que a Ducati me trouxe e o efeito daquele orgasmo maravilhoso que tive há meia hora.
Já o Nicolas parecia em seu estado normal. Sem nenhuma evidência que havia acabado de transar. Que injustiça!

Passei pela portaria correndo e tirei os sapatos enquanto esperava o elevador chegar. Ao meu lado, Nicolas não parava de pedir pra que eu ficasse calma.
Ele mal poderia saber que o que me deixava nervosa, logo mais o deixaria também. Não tentei pedir pra que voltasse pra sua casa, é bastante obvio que nem me ouviria. E se iríamos ter alguma coisa, daqui pra frente não poderia esconder mais nada dele.

- Por que eu tenho a sensação que o Gabriel tá envolvido nesse problema? - disse pondo a mão na base de minha coluna, guiando-me para dentro do elevador.
- Porque é exatamente isso, Nic - olhei seu rosto calmo, acariciando sua barba - Você vai ter que confiar em mim. Tudo bem?
As portas do elevador fecharam-se e nós começamos a subir.

- Não esqueça que tudo pode se resolver, inclusive com porrada! - sua voz era cortante, seca. Ele estava com raiva. Merda!
- Por favor, não faça nada. Vou resolver tudo isso. - esperava que o tom de súplica em minha voz, o convencesse.

Seus olhos estavam fixos nas portas de aço em nossa frente, suas mãos deslizaram para os bolsos de sua calça e ele balançava-se nos calcanhares.
Soltei a respiração. Ótimo, agora ambos estávamos nervosos.

As portas abriram-se, e antes que eu pudesse sair, Nicolas agarrou meu braço e me puxou para perto de si. Seus lábios estavam a um centímetro dos meus, sua respiração completava o intervalo da minha, pude sentir que meu cheiro estava nele. Mordi o lábio.

- Vou cuidar de você, lembra? - seus olhos procuravam os meus, desesperados.
Assenti com a cabeça e beijei o canto de sua boca. Dei um passo para fora do elevador, fazendo com que sua mão soltasse meu braço.
Já podia sentir meu estômago embrulhar com as possibilidades que fariam com que o Nicolas e eu brigássemos, assim que entrasse no meu apartamento. Era inevitável. Teria que enfrentar.

A porta abriu-se no instante em que eu iria tocar a campainha, a Hanna estava com uma expressão em seu rosto que eu não conseguia decifrar. Engoli em seco.
- Oi, desculpa atrapalhar seus planos. Mas é realmente importante. - o sorriso que deu, não chegou a seus olhos.
Olhando por cima do meu ombro, acenou brevemente para o Nicolas e abriu a porta um pouco mais para que entrássemos. Joguei os sapatos no canto ao lado da porta e reparei o John sentado em nosso sofá, jogando um pen drive no ar, para logo depois pegá-lo nas mãos.

- Oi Chloe. - caminhou em minha direção, dando-me um abraço - Me desculpe por atrapalhar seu dia. Meus pêsames pela morte da sua vó.
Balancei a cabeça.
- Obrigada. É... Como está o projeto? - perguntei sentando-me no sofá.
Nicolas apareceu no meu campo de visão logo depois. Sentou-se ao meu lado e cruzou os braços num jeito desafiador.
Segure a onda, Nicolas. Esse é um problema meu.

- O projeto está muito bem. A equipe que cuida da obra é muito rápida, os engenheiros são eficientes, o único problema é o Hélio.

É claro que ele era o problema. Se não fosse, eu ainda estaria na cama do Nicolas.
Passei as mãos pelo rosto, soltando um longo suspiro antes de perguntar:
- O que ele fez?

Vi o rosto do John ganhar uma sombra de preocupação e medo. Meu estômago gelou.
- Ele pediu pra que eu te entregasse isso - abriu a palma da minha mão, colocando o pen drive nela - Chloe, só queria te pedir uma coisa. Sei que sua relação com o Gabe não é das melhores, eu também não concordo com o que ele fez com você, mas o Hélio tem agido de forma estranha com nós dois nesses últimos três dias, mas muito mais com o Gabe.
Tenta arrumar isso logo, seja lá o que for.

Eu sou o arrepioOnde histórias criam vida. Descubra agora