Capítulo 22

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Nem acreditava no pouco de sorte que havia tido naquele dia.
O Nicolas estava em casa e me recebeu bem. Ele estava com saudade de mim... Fiquei um pouco aliviada.

Apertando minha cintura com força, caminhou até a porta, abrindo-a e deixando com que eu entrasse primeiro.

A casa estava exatamente como da ultima vez que estive aqui.
Nem parece que faz tanto tempo...
Ouvi o clique da fechadura atrás de mim, e ganhei fôlego antes de virar e encarar o Nicolas.

Estava lindo. Usando uma camisa preta sem mangas, uma bermuda jeans que parecia velha e gasta demais. O cabelo estava desarrumado, daquele jeito que faz minhas entranhas derreterem-se.
Mordi o lábio, tentando não parecer abalada pela sua aparência.

- Achei que não quisesse me ver. - falei com a voz rouca.
- Não disse isso. Falei que não podíamos ser amigos.
Respondeu encostando-se contra porta.
- Mas pelo que me parece, estava me esperando...
- Chloe... - ele veio em minha direção e tomou meu rosto em suas mãos - eu espero por você desde o dia que nos conhecemos.

Minha nossa... Não pude segurar as lágrimas.

Envolvi meus braços em sua cintura e apoiei meu rosto em seu peito.
Nic me envolveu junto a seu corpo, abraçando-me também, de um jeito tão carinhoso que eu duvidava se era mesmo aquele homem insuportável e mandão que não largava do meu pé.

- O que houve? - perguntou com os lábios colados em meu cabelo.
- Minha vó, faleceu agora a pouco. - respondi num sussurro.
Senti seus braços apertarem-se mais, quase sufocando-me. Mas a sensação era tão boa que não reclamei.

- Sinto muito, Chloe.
- Você pode me acompanhar na viagem? - perguntei afastando meu rosto de seu peito e encarei seus olhos.
Ele parecia confuso, também não deixei passar despercebido a sombra de raiva que seus olhos tinham.
Era o Gabe...
- Eu não estou com o Gabriel. - falei rápido.
- Mas transou com ele, não foi?
Disse dando um passo para trás e cruzando os braços.
Limpei meu rosto com as costas das mãos e respirei fundo.
- Eu nem sei porque vim te procurar, você é um estúpido, insensível!
Caminhei para a porta, mas fui impedida por sua mão forte segurando meu braço.

- Diz Chloe, é só isso que eu quero saber.
- Pra quê? - perguntei - Pra agir como um imbecil, tipo naquele dia lá no restaurante? Dizendo que eu sou isso e aquilo?
- Você sabe como eu me senti quando vi aquele cara te chamando de amor?
- Eu não estou com ele! - gritei, desvencilhando de sua mão.
- Mas transou com ele! - falou no mesmo tom.
- Sim! Mas foi antes de você!

Suas mãos percorreram seu rosto de forma impaciente. Sua respiração tornou-se mais pesada. Ele estava furioso.
- E porque ele está espalhando aos quatro ventos que vocês namoram?

Desviei meu olhar de seu rosto e encarei o teto branco.
Não poderia contar a razão daquele "namoro" de mentira. O Nicolas, pelo pouco que conheço, com certeza iria procurar o Gabe, e o Gabe abandonaria o projeto, meu pai ficaria sabendo de tudo e por isso, perderíamos a obra milionária, a confiança e credibilidade da empresa.
Sem falar no escândalo que seria para o mercado imobiliário, uma das maiores construtoras da cidade, romper com um projeto tão grande.

Ah caramba! O que eu faria?

- É uma longa história. - disse ainda sem encará-lo.
- Tudo bem, Chloe - ele pegou a chave do carro em minha mão e desligou a TV que até então, não percebi que estava ligada - Vou acompanhá-la na viagem, e depois disso, de uma vez por todas, deixamos de existir um para o outro.

Ouvir aquilo doeu.
Meu peito se apertou, me faltando ar por um instante.
Estava claro que o Nicolas estava incomodado com toda essa história, eu também estava, mas ainda não podia contar o que de fato estava acontecendo e colocar tudo a perder.
Você já colocou tudo a perder, Chloe...

Eu sou o arrepioOnde histórias criam vida. Descubra agora