— Você é o que?
Sabe aquela história de que quando você está prestes a morrer, um filme da sua vida passa bem na sua frente? É verdade. O estranho que eu tinha acabado de beijar, o homem calmo, sedutor e brincalhão tinha sumido.
Eu quase não sentia o chão sob meus pés. Tinha certeza que brincar com isso era pecado.Eu estava condenada ao inferno!
Olhei de volta para o bar, aonde tinha deixado Hanna, na tentativa de esconder meu nervosismo. Ela acenou rindo. Maldita!
— Você está brincando, não é? — seus olhos estavam arregalados.
Meu Deus, essa foi de fato, a pior aposta que já fiz em toda a minha vida. A Hanna iria me pagar.
— Eu sou uma freira. — minha voz falhou devido a gargalhada que eu segurava — você não percebeu?
Ele me olhou tão assustado que de repente, me deu uma vontade imensa de rir.
— Cara, você fez catequese, não fez? — o amigo pergunta ao gatinho em minha frente.
— Eu deveria socar a sua boca até seus dentes irem parar na garganta. — os punhos do estranho estavam cerrados ao lado do corpo. Estremeci.
Ok... o cara não era religioso. Talvez fosse ateu ou agnóstico.
Olhei novamente para o bar e a fiz um sinal positivo para a Hanna se aproximar.
— Você sabe que isso é pecado, não sabe?— por um momento achei que ele estivesse prestes a chorar, passando euforicamente as mãos pelo rosto e tomando respirações profundas. Senti pena, devo admitir.
— Devo te chamar de irmã?— tirou as mãos do rosto e me encarou.
Engoli mais uma risada e respondi:
— Não é assim que chamam as freiras? — sustentei a mentira.
— VOCÊ É UM FILHO DA PUTA! — ele gritou novamente com o amigo — Estou condenado ao inferno!
Ele estava nitidamente transtornado e a culpa era quase minha. Coitado!
A Hanna se aproximou colocando um braço em volta do meu ombro.— Olá amigos, como vão as coisas por aqui?
O olhar do estranho se arregalou mais uma vez ao ver Hanna parar ao meu lado.
— Você também é uma freira fugida? Porque se for, meu amigo aqui ficou muito afim de você. Ele foi coroinha.
Olhei para Hanna e nós duas explodimos em risadas. Fiquei sem ar. Chorei. Suspirei e me recuperei dizendo:
— Eu sei que é uma brincadeira de mal gosto... mas era só uma aposta. Fica tranquilo, a sua dignidade diante da igreja continua intacta.
Coloquei uma das mãos no ombro do estranho e dei dois tapinhas. Ele levantou os olhos e soltou a respiração.
— Meu coração tá batendo muito forte. Sente só isso — ele deslizou minha mão do seu ombro para o lugar acima do peito — É a pior sensação da minha vida.
Ok, ele parecia ser bem religioso para essa reação tão exagerada. Dessa vez não consegui segurar a risada por muito tempo.
— Achei que a qualquer momento você fosse ajoelhar e rezar — falei rápido.
Ele olhou pra mim e deu uma risada nervosa.
— Me perdoe pelo meu surto, mas cresci em um lar religioso. E estudei em colégio religioso. Era cercado por freiras o tempo todo. Mas caramba John — falou olhando para o homem ao seu lado — você é um maldito de um amigo!
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Eu sou o arrepio
RomanceChloe Sandler é universitária e futura diretora da construtora de seu pai. Após a morte de sua mãe, nove anos atrás, Chloe tem enfrentado problemas familiares que a denominaram duas coisas: "o milagre" e "a culpa". Após uma noite de comemoração, Ch...