034; Chicago

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ZAYA TORETTO

O clima em Chicago estava agradável, sem muitas nuvens no céu, e isso não dificultou o nosso pouso que ocorreu há uma hora. Estávamos no hotel, e enquanto Chris tomava banho, meu olhar se mantinha preso na vista da janela —, prédios e mais prédios. Recebi a notícia de que minha mão comprou a passagem para Cancun assim que cheguei, e desde então, me pergunto se realmente escolhi o certo. 

Queria gritar toda a dor que estava em meu peito desde que tudo desabou com a morte de Ninguém, mas não conseguia, estava paralisada de modo interno há muito tempo, e não iria acontecer nada para mudar isso. 

Ouço a porta do banheiro se abrir, e permaneço de costas —, o quarto de hotel era relativamente grande, com duas camas de solteiro com um móvel as separando, sofás no canto do quarto com uma mesa de vidro a sua frente, frigobar no canto esquerdo e no canto direito havia a entrada para o banheiro, que também era grande, com banheira, pia, e todo o necessário. 

— Zay, está tudo bem? — perguntou Chris. — Está calada desde que saímos de Los Angeles.

— Eu vou embora, sabe disso, não é? 

— Eu sei. — escuto seu suspiro. — Acha que está fazendo o certo? 

— E o que você tem a ver com isso? 

— Nada, mas se afastar da sua família agora não é o mais adequado. 

— E o que seria mais adequado para você?

— Agora tenho algo a ver com isso? — o deboche preencheu a sua fala. — Eu acho que você deveria ficar, pelo menos até a ameaça ser neutralizada. 

— Eu sou a ameaça, Chris. 

— Você tem o dom de se auto-sabotar, essa que é a verdade. — respondeu. — Está pronta? A nossa visita a faculdade é agora.

— Ok. — falo. 

— "Ok"? — ele imitou a minha voz. —  Olha só, gatinha. Estamos em Chicago, você precisa deixar tudo o que aconteceu em Los Angeles, em Los Angeles.

— Hm, do que estamos falando agora?

— Você trouxe muitas roupas? 

— Na verdade, não. 

— Zay, pega o celular, eu vou te levar para um lugar legal. Vamos comprar roupas. 

— Chris, eu não estou com dinheiro. 

— Não se preocupa, eu vou ser o seu sugar daddy.

Soltei uma gargalhada, colocando a mão na boca —, esse foi o riso mais sincero que dei nos últimos dias. Mas o pior, é que Chris está certo. Ele usava um terno preto com uma camiseta social branca por baixo, sapatos caros e o cabelo perfeitamente arrumado, e eu usava um short jeans e um cropped branco. Não seria bom entrar em uma faculdade importante de Chicago com roupas simples. 

Peguei meu celular em cima da cama, e olho para Chris que sorriu estendendo a mão na minha direção, segurei seus dedos e saímos do quarto. Ele parecia saber o caminho que efetuava enquanto dirigia pelas ruas da cidade. O pouco movimento tomava conta das calçadas, as estradas sem muitos carros, motos, nem nada parecido. 

Quando menos esperei, o carro foi parado a frente de uma loja com a fachada chique, só de ver o letreiro me deu vontade de chorar por imaginar o valor de cada peça. Respirei fundo, saindo do carro olhando para Chris que sorriu abrindo a porta do lugar para mim. 

— Olá, como podemos ajudar? — uma mulher ruiva, caminhou até nós me olhando de cima a baixo. — O que o casal procura? 

— Não, nós não somos um casal. — pontuei. — Vamos para um evento, e eu preciso de roupas melhores. 

ENTRE PESADELOS ; velozes e furiosos.Onde histórias criam vida. Descubra agora