REAPROXIMAÇÃO

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Boa noite, perdoem a demora, mas é aquilo: antes tarde do que mais tarde. Esperamos que gostem!!


Sábado acordei cedo, tomei banho, comi qualquer coisa que encontrei e fui pegar um ônibus para encontrar Valentina na faculdade. Cheguei e sentei na mesa de sempre na área de alimentação, ela ainda demorou mais cerca de meia hora para chegar, mas quando apareceu não deu explicações sobre o atraso.

- Bom dia - falou sem olhar muito para mim.

- Bom dia - respondi.

- Vamos para a biblioteca?

- Vamos.

Caminhamos em silêncio pelos corredores até chegar à sala do fundo, escolhemos uma classe, Valentina abriu o notebook e logo deu início a correção do trabalho dessa semana. Eu fiz o possível para me concentrar apenas no trabalho, mas a verdade é que nós duas estávamos desconfortáveis com a situação. 

Com o passar do tempo começamos a nos engajar melhor no assunto, nos acostumar com a presença uma da outra, com a troca que estávamos tendo novamente. Mas em certo momento eu fui mostrar algo, quase esbarrei no seu braço e percebi ela se afastar discretamente, como se não quisesse me tocar, aquilo fez doer internamente em mim. Disfarcei como pude e continuei com foco no trabalho.

Terminamos o primeiro e realmente estava muito ruim, não podia tirar a razão do professor, faltava informações, tópicos essenciais, estava bagunçado e confuso, mas agora eu considerava um bom trabalho para entregar.

Era próximo do meio-dia, fiquei me questionando se ela ia querer comer algo, mas ela não sugeriu nada. Resolvi tentar, afinal já estava com fome.

- Você vai querer almoçar? - perguntei.

- Não, quero terminar logo o trabalho, só isso, mas se quiser ir comer, vai, eu continuo aqui enquanto você almoça.

- Entendo, deve estar sendo insuportável para você estar na minha presença - falei com tristeza aparente.

- Sem drama, Luiza, você não é a vítima aqui - respondeu ríspida.

Aquelas palavras soaram como um tapa no meu rosto, eu desviei meu olhar dela no tempo que senti meus olhos se encherem de lágrimas, eu não queria chorar na frente dela, engoli tudo que estava tentando sair de mim e levantei.

- Eu já volto - falei já me afastando dela.

Fui até o banheiro, lavei o rosto, vi a minha imagem no espelho, eu estava péssima, fiquei um tempo controlando a respiração, retomando a compostura e depois fui pegar algo para comer. Minha mente viajou para o dia que ela falou que adorava o pão de queijo do barzinho da faculdade, ela debatia que era o melhor pão de queijo de São Paulo escondido dentro da Mackenzie, afirmou ser um desperdício que poucas pessoas tivessem acesso aquela "maravilha gastronômica" enquanto se deliciava comendo.

Resolvi comprar um para ela e voltei para a biblioteca, quando cheguei ela estava concentrada no computador, inclusive só reparou na minha presença quando eu larguei o pacotinho com o pão de queijo sobre a mesa. Olhou o que tinha dentro e depois para mim.

- Você sabe que é proibido comer aqui - comentou, mas dessa vez não foi ríspida como antes.

- E eu também sei que você não liga muito para regras e que no sábado não vem quase ninguém para fiscalizar - falei sobre uma informação que ela mesma havia me dado numa das noites que quase fomos flagradas aos amassos na biblioteca.

"- Se fosse nos sábados era mais tranquilo, quase ninguém fica fiscalizando os alunos - comentou enquanto eu ria de nervosa.

- E você descobriu isso dando amassos em outras meninas no fim de semana? - perguntei por pura implicância.

Segundas IntençõesOnde histórias criam vida. Descubra agora