MEDIDA DESESPERADA

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Sextoooou com capítulo da energia que a clínica psiquiátrica gosta. Leiam com calma, com atenção e esperamos que gostem. 




Na segunda-feira eu estava no escritório fazendo meu horário de almoço, vi Vitória entrar na cozinha com um pote nas mãos.

- Oi, Lu.

- Oi, Vi - respondi dando um sorriso fraco.

- Como você está? Faz tempo que a gente não conversa - falou puxando assunto.

- Tudo bem e você? - perguntei sem responder o restante da frase, afinal ela sabe muito bem o porquê do meu afastamento.

- Bem também. De férias? - perguntou.

- Sim.

- Você é inteligente, não imagino precisando de recuperação.

- Valeu. Você pegou?

- Não, não. Estou de férias da faculdade também.

- Ah, que legal - não tinha muito o que dizer.

- Pensei em sair qualquer dia desses, um happy hour.

- Quem sabe um dia desses - respondi sem cortar, mas sem dar esperança de que realmente iria acontecer.

- Lu, eu sei que eu peguei pesado aquela vez com a Valentina e tal, mas eu me desculpei. Eu gosto da sua amizade, sabe?

Pensei um pouco sobre o que ela tinha dito. Teve outras vezes que ela tentou puxar assunto comigo, mas ao perceber a inexistência de abertura da minha parte acabava desistindo, pelo visto hoje ela ia querer falar sobre isso. Mais essa agora.

- Sim, você pegou pesado, foi desrespeitosa comigo e com ela e eu tinha pedido antes para você não fazer isso.

- Eu sei e não dá pra mudar o passado, mas eu estou sendo sincera com você.

- Sei que está, mas eu fico me perguntando sempre se você não tivesse agido daquela maneira onde eu e ela estaríamos. Isso me pega demais. Eu sei que eu errei com ela, mas ela tentou de novo e foi muita pressão.

- Não tem nada que eu possa fazer pra gente recomeçar?

- Acho que ainda não, Vi. Você é muito legal, me ajudou a estar aqui e eu sou imensamente grata por isso, mas eu preciso de espaço. Eu tive a chance de consertar as coisas com ela e não consegui. Eu não te responsabilizo por isso, mas eu também sei que você poderia ter facilitado e você não pensou em mim.

- Certo então. Bom, se tiver algo que eu possa fazer, me diga. Me desculpa mesmo por tudo isso, eu nunca quis te deixar mal.

- Está tudo bem, quem sabe daqui a um tempo as coisas melhorem.

- Tomara.

Depois desse dia ela não falou mais nada, tínhamos uma relação boa no trabalho e não passava disso. Naquela semana eu saí com a Duda e passei o restante dos momentos na mais pura monotonia.

Seria mentira se eu dissesse que não pensava nela, era um pensamento quase constante, olhava as redes sociais, vez ou outra ela postava alguma foto em rolê ou fazendo algo aleatório. A minha sorte é que se ela estivesse ficando com outras pessoas estava sendo muito discreta, pois nem eu e nem ninguém do meu ciclo soubemos de nada.

Era sexta-feira e eu estava no meu estado 30% mais feliz pela chegada do fim de semana. Meu pai havia comprado vinho e nós estávamos bebendo juntos e conversando sobre a vida em casa. Duda até tinha me convidado para ir ao bar, mas eu preferia não arriscar de encontrá-la por aí.

Segundas IntençõesOnde histórias criam vida. Descubra agora