Segundas Intenções

RECONEXÃO

Boa tarde, suas lindas. Tudo bem? Espero que sim. Vamo que vamo que ainda muita água pra rolar de baixo dessa ponte.

- Valentina, espera - falei indo atrás dela.

- Luiza, Luiza - Rick me alcançou - Se você for agora vocês vão discutir, deixa eu falar com ela antes?

- Não é certo você servir de colete a prova de balas para mim, Rick.

- Eu sei, mas ela não está bem, eu só vou acalmar os ânimos.

- Tudo bem, obrigado.

- De nada.

Ele disparou e entrou rapidamente na casa atrás de Valentina, que havia sumido do meu campo de visão bufando de brava. Tirei a minha atenção da casa e direcionei a Vitória, que bebia uma cerveja observando a cena toda. Fui até ela.

- Precisava, Vitória? - perguntei sem esconder o meu estresse.

- Foi mal, mas eu estava só brincando, que culpa eu tenho se a esquentadinha não sabe brincar?

- Você está se fazendo de sonsa, você sabe muito bem que falou para cutucar.

- O meu mundo não gira em torno da Valentina não.

- Pois então porque você não foca a sua atenção em outra pessoa? Quer saber, só para.

- Você vai mesmo ficar brava comigo?

- Sim, vou. Você está atingindo alguém que eu amo e isso não é legal.

- Qual é, Lu?! Era brincadeira.

- Eu vou dormir, amanhã conversamos.

- Lu, me desculpa - ela falou assim que virei as costas.

- Não é para mim que você deve pedir desculpas.

Falei e fui para dentro de casa. Olhei a porta do quarto em que Rick e Valen ficaram, a luz estava acesa, mas não dava para ouvir se estavam conversando. Peguei a toalha e fui tomar um banho. Ainda bem que Bia e Duda estavam fazendo a própria festa porque o clima ficou uma merda depois da discussão entre Valentina e Vitória.

Saí do banho e percebi que o pessoal já estava se recolhendo para dormir também, uma pena, pois até então a festa estava ótima. Olhei a porta do quarto e a luz estava apagada, pelo visto eles tinham ido dormir também.

Deitei pensando na discussão que acabou de acontecer. Eu não conseguia achar um motivo plausível para o comentário da Vitória, claro que ela estava bêbada, mas por mais que eu tentasse, não conseguia entender. Vai ver pensou que mais uma vez Valentina ficaria quieta, sei lá. Eu não tinha o menor sono, minha mente estava agitada demais para dormir.

Peguei o celular e fiquei rolando o feed das redes sociais, absolutamente nada de interessante. Eu deitava de um lado, virava para o outro, já me dava uma angústia de não conseguir dormir, meu sono parecia cada vez mais distante. Resolvi levantar, beber uma água. Eu não ia conseguir dormir mesmo.

Levantei e caminhei pé por pé, delicadamente, para não acordar ninguém. Iluminei o corredor com a lanterna do celular, fui até a cozinha, bebi dois copos d'água, na volta percebi através de um filete de luz que adentrava a sala que a porta que dava para a varanda estava aberta.

Devem ter esquecido aberta, estavam todos bêbados mesmo. Fui até a porta para fechar e reparei que tinha alguém na varanda através de uma sombra no chão. Abri para verificar de quem se tratava.

Valentina estava parada de braços cruzados olhando para o nada. Sem pensar duas vezes, saí para a varanda e parei ao seu lado. Ela percebeu a minha presença, mas continuou em silêncio, assim como eu que pensava no que deveria dizer a ela.