Woods- parte 2

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"– Eu só não acho que valha a pena sofrer por ela.
– É, mas não dá pra evitar né? – Clara e Rafael, Vai na fé."

Já havia se passado algum tempo desde que Nia fora embora, e agora o cuidado da casa havia recaído todo sobre as irmãs Woods. Elas tinham que cuidar de tudo, já que Gustus não colaborava em nada. Em realidade, ele pareceu piorar em todos os aspectos desde que perdera sua esposa.

Ele havia se tornado mais distante, agressivo. Ele sempre fora rude, mas agora Lexa sequer o conseguia reconhecer como seu pai.

Naquele dia, enquanto Alicia estava limpando os quartos, Anya limpava a sala de estar, em uma tentativa de facilitar a vida de suas amigas. Já Lexa estava sentada com Anna na cozinha enquanto tentavam analisar as despesas da casa. Ao mesmo tempo que era aconselhada pela espanhola, Lexa via Madi desenhar algo com um foco sem igual. Ela passava muito tempo desenhando desde que Nia partiu.

Talvez ela estivesse tentando distrair seu coração da dor, Lexa não sabia dizer. Mas estava começando a ficar preocupada. Madi não havia se tornado outra pessoa, esse não era o problema, mas ela andava com uma fagulha de tristeza habitando em seus olhos. E, não importava o tamanho, machucava Lexa da mesma forma.

– Talvez seja melhor diminuir na bebida. Seu pai pode surtar o suficiente para apenas sair e comprar com o dinheiro dele, e não com o das contas. Isso melhora as coisas. – A Woods ouviu Anna dizer, mas sua atenção ainda estava voltada para sua irmã que mantinha a cabeça baixa, para olhar melhor o desenho. – Lexa, você está me ouvindo? – A espanhola perguntou, levemente irritada. Havia desistido de um encontro para estar ali.

Ao pensar no encontro, Anna viu Alicia passar de um quarto para o outro e suspirou de forma cansada. Ela queria muito chamá-la para sair, mas sabia que não era o certo a se fazer. Havia acompanhado o desenvolver da vida da garota nos últimos tempos, conhecia a história de vida dela, e sabia que ela não merecia mais um fardo a carregar.

A morena sentia que Alicia não precisava de uma pessoa viciada em seu encalço. Era demais para ela. Sabia disso.

– Eu estou te ouvindo. – Lexa respondeu depois de alguns segundos, mas seus olhos continuavam em Madi. – Não posso parar de comprar a cerveja. Estou me esforçando para o meu pai não ter uma crise de raiva e descontar nas minhas irmãs.

– É a cerveja ou a conta de luz, então. – Anna murmurou enquanto jogava a caneta em cima do caderno. – A proposta do dinheiro ainda está de pé, caso queira. – Foi assim que ela soube que Lexa não estava prestando atenção, pois sempre que oferecia aquela sugestão, a Woods recusava dizendo que elas não podiam depender da família Molina.

Anna e Anya já haviam feito tudo o que estava ao alcance delas. Haviam oferecido dinheiro, e haviam as convidado para morarem com elas, mas as três sempre diziam que não podiam fugir da própria história.

A espanhola suspirou e se levantou para ajudar Alicia com a limpeza dos quartos, no mesmo momento em que Lexa se levantou para ir até Madi. Precisava saber como a menina estava se sentindo.

– Ei, Minha Pequena. – A Woods cumprimentou baixinho ao se agachar ao lado da menina, que ainda não a tinha olhado. – O que você está desenhando?

Madi apenas afastou um pouco o braço de apoio para que sua irmã pudesse ver o papel. Eram olhos que estavam sendo coloridos pelo lápis azul. De primeira, Lexa pensou serem os olhos de sua mãe, mas algo em si lhe disse que não eram. Se pareciam com os olhos de Madi, mas não tinha certeza, pois havia uma tristeza ali que não via nos olhos de sua irmãzinha.

Eram de Clarke, a garota que Madi conheceu no parque há algum tempo atrás. Nunca mais a viu ou falou sobre ela, mas ainda não havia se esquecido que ela existia. Talvez porque tinha os mesmos olhos que os seus.

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