Demônios

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"Você sabe o que sente, mas, finge que não sente nada, para tentar não sentir."

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Demons (Imagine Dragons)

– Vem aqui, menina. – Disse a voz que tanto a perturbava. Quanto mais a pessoa se aproximava dela, mais ela tentava se afastar. Até que foi impossível, pois suas costas bateram contra uma gelada parede.

Aquela noite era fria e a escuridão dominava todo o ambiente em que estavam. A menina se sentia em um filme de terror, onde ela tinha de fugir do monstro que estava a tentando pegar dentro de sua própria casa, e naquele momento ela realmente tinha que fugir, mas não podia, pois ela não conseguia se mover. A silhueta em sua frente ficava ainda maior a cada passo que era dado em sua direção, já ela não tinha mais forças para andar, nem para gritar e muito menos para chorar.

Seu rosto estava totalmente seco, não havia nenhum rastro de uma lágrima qualquer. Seus olhos eram frios como aquela noite, não tinham brilho e muito menos vida. Ela se sentia morta como nunca se sentira antes, não sentia pena de si mesma e também não sentia
a dor que aquele momento deveria lhe trazer. Ela simplesmente não sentia nada. Era como se seu corpo estivesse ali, mas sua alma já tivesse sido mandada embora desse mundo cruel e perturbador.

– Você está tão quietinha. – Falou aquela voz, mas a menina não ouvia, ela não ouvia nada.

Ela via a sombra em sua frente, mas era como se já não tivesse mais nada ali, como se tudo fosse apenas um vazio. Assim como o vazio dentro de seu jovem coração que já estava tão despedaçado para tão pouca idade. A garotinha sentiu seu corpo sendo levantado, sentiu os braços ao seu redor lhe carregando para algum lugar que ela já não dava mais importância de para onde.

As perguntas "por quê?" "como?" e várias outras perguntas já não rondavam sua cabeça. Ela sentia que sua mente e seu raciocínio tivessem lhe abandonado, não a avisando mais que o perigo eminente estava próximo. Ela sabia o que era o perigo, sabia que estava muito próximo a ela, mas ela não conseguia reagir. A menina mais parecia uma boneca, pois não tinha nenhum estímulo.

Os sussurros de socorro que antes escapavam por sua garganta, já não saiam mais. Nada saia de sua boca. Seus lábios pálidos, por conta do frio, estavam fechados. Sua mente estava se desligando aos poucos. Suas mãos estavam moles e frias, assim como todo o resto de seu corpo.

Aos poucos ela sentia seu demônio lhe invadindo, mas seu corpo e sua alma estavam mortos o bastante para não se importarem mais com aquilo. Seus olhos se fecharam e ela pediu internamente que eles tivessem sido fechados por toda a eternidade. Ela pedia que aquela sensação de vazio que estava sentindo naquele momento, fosse sentida para sempre. Aquela sensação era boa, pois era como se nada estivesse acontecendo ao seu redor e era exatamente aquilo que ela queria, não sentir, afinal, ela já estava morta.

(...)

Lexa caminhava por sua casa, enquanto cantarolava uma música qualquer. A noite passada rolava em sua cabeça como se fosse um filme, o melhor filme que ela já vira. A morena se lembrava exatamente dos olhos de Clarke naquela noite, se lembrava da risada dela quando saiu de seu quarto, se lembrou dos gritos dela a mandando ir embora, as ameaças dela contra ela e suas amigas. Todas as memórias ainda estavam frescas em sua mente e isso a fazia sorrir, pois aquela havia sido uma das melhores noites de sua vida.

Com a distração, Lexa acabou não percebendo Ontari em sua frente e acabou esbarrando seu corpo no da garota. Ela a segurou pelos ombros e sorriu, pois ela se sentia leve naquela manhã e não iria brigar por conta de um simples esbarrão.

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