Perdida

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"Perdido(adj.)

É ser ilha envolvida mum mar de desconhecidos. É estar envolvido com alguém e se sentir sozinho. É olhar pros lados repetidas vezes procurando abrigo. É procurar vaga num estacionamento lotado. É ter esperança mas não ter força. É te beijar e não te sentir beijar de volta. Termo utilizado para designar minhas tentativas de amar alguém.

Do clichê antigo, 'como eu fico sem você'."

Os galos começaram a cantar ao longe e uma forte luz solar adentrou pela janela daquele quarto velho, que parecia ter caído no esquecimento por tempos, na opinião de Clarke.

Como a luz a estava incomodando, ela resolver por os braços na frente do rosto para tentar voltar a dormir, pois ainda não tinha coragem o suficiente para encarar um novo dia, em um novo lugar e em uma nova vida. Porém, seus braços de nada adiantaram e isso a fez grunhir de tanto desapontamento, mas, mesmo assim, ela acabou se sentando no colchão que ainda estava caído ao chão, e ela tinha convicção de que isso não iria mudar durante um longo tempo.

"Não, não, Clarke. Não está no seu nível..."

A fala de Lexa voltou para sua cabeça mais uma vez, como aconteceu antes de ela cair no sono por conta de seu choro compulsivo. Ela havia chegado à conclusão de que Lexa iria usar muito aquela frase para lhe privar de fazer muitas coisas e ela não sabia o que fazer em respeito disso. As únicas coisas que se passavam por sua mente eram formas de assassinar sua querida esposa.

Porém qualquer pensamento evaporou de sua cabeça quando sua barriga roncou de fome e ela se lembrou que não comia nada desde a tarde do dia passado. Ela teve vontade de morrer ali, antes que a fome lhe matasse. Então a garota resolveu se levantar, mas antes se certificou se a galinha Carijó estava longe. Quando teve a total certeza disso, ela saiu da cama e abriu a porta de seu quarto para poder sair.

– Credo, é o chupacu. – Murmurou Clarke ao se sentir apavorada ao dar de cara com Finn em sua porta. Ela se deu conta de que ele estava de olhos fechados, os braços estavam erguidos e sua respiração parecia leve, nisso ela compreendeu que ele estava tendo uma crise de sonambulismo.

Clarke até achou que deveria pensar em algo para ajudá-lo, mas ao notar os bobes em seus cabelos e o camisolão branco enorme, ela só teve vontade de rir, pois achava que ele estava idêntico a Dona Florinda.

– Mas é como eu sempre digo: é melhor um buraco na sua camisinha do que uma camisinha no seu buraco. – Finn disse enquanto ainda dormia e aquilo fez Clarke rir bastante, ao mesmo tempo que se perguntava o motivo daquele garoto ser tão fora da casinha.

Até que ela pôs um dedo em seu queixo, especialmente no furinho que havia ali, e se lembrou que lhe disseram uma vez que não se podia acordar um sonâmbulo, então ela parou de rir enquanto acionava seu raciocínio lógico para ter uma ideia inteligente do que fazer.

Ela pensou, pensou e pensou, até que resolveu apenas dar um tapa na cara do garoto que rodopiou e caiu no chão. Clarke prendeu o riso e comprimiu os lábios, para não acabar gargalhando alto e acordar todos os moradores daquela fazenda que ela achava ser um fim de mundo.

– Acorda para a vida, tripinha. – Mandou ela que cutucou o rosto dele com seu pé, então ele abriu os olhos num rompante e deu um grito agudo que ela teve a certeza de que havia estourado seus tímpanos.

– Sua baranga. – Finn começou a se levantar, com uma postura de madame enfurecida. – Racha sem semancol. Eu te corto todinha, lambisgóia. – Ele tentou enfiar um dedo no rosto de Clarke para dar credibilidade a sua fala, mas levou apenas um tapa na cara desferido pela garota. – Ah não. Pera aí, que eu vou por meu traje de guerra e acabar com você, salafrária.

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