Ver o que está por vir

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Olá, queridos leitores. Só queria dizer que enquanto escrevia esse capítulo, eu comecei a sentir aquela estranha sensação de adeus, e achei melhor deixar vocês sabendo que não falta muito pra história chegar ao ápice.

Enfim, boa leitura.

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"– Às vezes eu queria saber tudo o que você pensa.
– Não é uma boa ideia. – Dante e Aristóteles, Aristóteles e Dante mergulham nas águas do mundo."

– Ela está comigo, Ali. Pode relaxar agora. – Clarke falou para Alicia na ligação. A Woods estava há horas andando pela chuva procurando por sua irmã gêmea. Já Lexa agora estava segura. Estava com Clarke. Podia não estar bem psicologicamente, mas estava segura. Uma coisa de cada vez, Clarke pensou. – Avise a Anna que vocês estão bem, também. Ela estava preocupada com vocês duas.

A Griffin-Woods ouviu mais algumas palavras de Alicia e se despediu dela em seguida. Logo jogando o celular na cama e indo até o banheiro da suíte. A primeira coisa que seus olhos viram, fora Lexa nua sentada no chão do box, abraçando seus joelhos perto do peito. Parecia distante, em choque.

– Lex? – Ela chamou baixinho e abriu a porta do box, não se importando se molharia tudo por conta da água que caía. Ao não obter respostas, Clarke se agachou na frente dela, deixando sua roupa, antes úmida, agora molhada. – Lex?

– Você sabe como está o Aden? – Fora a primeira coisa que Lexa disse a Clarke desde que a viu pela última vez, quando Nia estava na fazenda.

– Eu falei com ele antes de você chegar. – A loira informou, percebendo que nem mesmo aquela informação melhorava o semblante derrotado de sua esposa. Nunca havia a visto daquela forma antes. – Ele está bem, Lexa. O Ad está bem.

A morena nada falou, nem mesmo assentiu. Era como se ela nem estivesse ali. Clarke não tinha nem mesmo certeza de que Lexa estava sentindo a água que molhava seu corpo. Vê-la daquela forma, a fez se lembrar de todas as vezes em que ela própria parecia alheia a realidade. Sentiu tanta tristeza ao comparar sua esposa a si. Não devia conseguir, pois nenhuma das duas deveria ter tantos fantasmas para as assombrar.

– Sinto muito por ter sumido. – Lexa sussurrou, depois de um tempo incontável em silêncio. – Eu só... fiquei com tanta raiva da minha mãe que tive que sair para extravasar toda essa raiva. – Lexa não a olhava, e isso fazia Clarke notar que ela estava mentindo. Não era só aquilo que afetava sua esposa. Havia mais. Agora que sabia da existência de Madi, o comportamento de Lexa ficava mais claro. Finalmente a compreendia. – Não queria ficar perto de você porque... parece que tudo que eu amo se destrói ao meu toque.

– Isso não é verdade. – A universitária fez questão de dizer, de forma rápida. – O que aconteceu com a... – Lexa a olhou no mesmo instante, confusa. Ela viu os cabelos loiros de sua esposa serem molhados pela água do chuveiro e suspirou. – O que aconteceu com o Aden não foi culpa sua. Sei que ele teve uma vida horrível, e que agora está nela mais uma vez, mas você vai tirar ele dessa para sempre. Nós vamos tirar ele dessa para sempre. – Clarke preferiu não falar sobre Madi por duas razões, por não querer destruir ainda mais sua esposa, e porque queria que ela mesma lhe falasse da menina, por vontade própria.

– Eu não consigo nem te fazer feliz, Clarke... eu... eu só atrapalho tudo. – Lexa voltou a se martirizar, era boa nisso. Não conseguia mais se sentir melhor, nem fingir. Não sabia o que fazer. Não sabia o que sentir. A única coisa que ela tinha noção de sentir, era a mesma sensação de perda de quando acordou naquele hospital, há dez anos atrás.

– Você é a pessoa que mais me faz feliz nesse mundo. – Clarke falou como se fosse óbvio. Estava ficando com raiva ao ouvir uma pessoa que amava falar daquela forma. – Lexa, as coisas ruins que te aconteceram... não fazem de você um monstro que estraga tudo. Te fazem humana. E nós humanos, sempre encontramos uma saída, até para as piores coisas e nos damos conta que todas as pessoas são sucetíveis a coisas ruins. Você não é exclusiva para a dor. – Clarke se sentou ao lado dela no chão do box e passou um braço pelos ombros dela, aproximando seu corpo molhado enquanto tentava entender a cabeça de Alexandria Griffin-Woods. – Você vai dar um jeito em tudo de ruim que está acontecendo. Eu sei que vai. Você já está me ajudando a sair do meu lugar ruim.

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