Dia seguinte

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Dale a tu cuerpo alegria, Macarena. Que tu cuerpo es pa' darle alegria y cosa buena. Dale a tu cuerpo alegria, Macarena. HEY, MACARENA, AY! – Anya cantava e dançava por todo o seu apartamento, enquanto usava sua escova de cabelo como microfone. A mulher usava apenas uma camiseta cinza sem mangas, uma calcinha na cor branca e meias, também, brancas com duas listras em vermelho. Ela viu Toicinho correndo empolgado atrás dela e, ainda dançando, colocou ração na tigela do animal que começou a comer de uma forma um tanto quanto desesperada. – Ay, ay! Ay, ay! Ay, ay! – Cantou ela subindo em seu sofá e rebolando ao ritmo da música cantada em sua língua natal. – (I am not trying to seduce you) ay!

Ela desceu do sofá em um pulo e foi para a cozinha para pegar uma caixa de cereal, ela jogou leite ali dentro e começou a comer de qualquer jeito, sem se importar com a sujeira que estava fazendo, sua irmã poderia limpar tudo depois, já que ela não permitia contratar uma empregada doméstica, pois depois de ver uma novela brasileira onde uma mulher com um passado sofrido por conta de sua madrasta, se infiltra em sua mansão para poder tirar tudo o que ela tinha e se vingar da mulher, Anna ficou paranóica sobre o assunto e ela não deixava mais ninguém trabalhar naquele apartamento.

Anya escutou a campainha ser tocada e, sem nem ao menos se importar com suas roupas que estava usando, caminhou até a porta e a abriu por completo, dando de cara com um velho senhorzinho, que parecia mal se aguentar em pé, de terno, chapéu escuro, como o restante de sua vestimenta, e uma maleta marrom em uma de suas mãos. Ele respirava de uma forma lenta e a cada suspiro, parecia ser o seu último, Anya estava um pouco preocupada que ele caísse duro no chão a qualquer momento.

– Bom dia... Senhorita. – Saldou o homem com seu tom de voz lento e arrastado, ele tentava falar e respirar, mas era muita coisa para se fazer em um curto período de tempo.

Buen día, meu caro senhor vestido na beca. – O senhor de idade avançada apenas assentiu com sua cabeça, sem ter entendido uma grama do que aquela alta mulher havia dito. – Do que precisa, meu bom? – Perguntou ela enquanto levava a caixa de cereal a boca, comendo o conteúdo e derramando leite em sua roupa e cabelos claros, mas continuou pouco se importando com aquilo. Ela puxou os braços curtos daquele moço e o estimulou a dançar com ela a música que tocava dentro de sua cabeça, mas ele nem ao menos saiu de seu lugar.

– Eu só... Só tenho... Um pulmão, jovem... Não tenho mais... Fôlego para isso, mas... Mas vim buscar... O... O dinheiro do aluguel... Senhorita... Vara... Pau. – Explicou ele, estendendo sua mão enrugada para receber o dinheiro do mês.

– Pau nada, meu velho homem, eu nem gosto dessas coisas. – Falou Anya enquanto procurava o envelope com dinheiro que sua irmã mais nova havia deixado para, justamente, pagar o aluguel naquele mesmo dia que era pago todo o mês. Ela rodou um pouco pelo cômodo, a procura do que o homem havia pedido. – Achei! – Ela quase gritou quando o achou ao lado da televisão na sala de estar. Ela voltou para a porta e pôs o envelope na mão enrugada, e ainda estendida, do
velho senhor. – Aqui está, meu chapa.

– Obrigado... Tenha... Tenha um... Bom... Bom... – O homem desistiu de continuar sua frase e começou a caminhar, bem lentamente, na direção do elevador, apoiando seu peso em sua bengala que Anya foi perceber apenas naquele momento que existia. Anya apenas deu de ombros e voltou a dançar a música espanhola.

Macarena, Macarena, Macarena. Ay, ay! Macarena, Macarena, Macarena. Macare, Macarena, Macare, Macarena. – Ela gritou a plenos pulmões e viu Toicinho a olhar animado antes de voltar a dar atenção apenas a sua comida na tigela.

(...)

Anna olhou para Luna que estava dormindo ao seu lado deitada de bruços, completamente nua, com sua nudez sendo coberta apenas por um fino lençol branco e pensou em como havia parado ali naquela cama com a mulher, pois ela nem ao menos se lembrava de ter entrado no apartamento dela, então ela pensou que ainda devia estar em piloto automático quando apareceu por ali. A espanhola ouviu um dos dois celulares vibrar em cima do criado-mudo e notou que era o da outra morena, ela o pegou e viu que se tratava de uma mensagem amorosa de um homem qualquer. Ela olhou para Luna novamente e suspirou cansada, tentando se recordar de em qual momento de sua vida ela concordou em ficar com Luna apenas por sexo e deixá-la livre para ficar com quem quisesse.

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