Encontrar a vida certa para viver

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"Tente imaginar como é ter sido prisioneiro por tantos anos. Você não é livre só porque pode ver o oceano. O cativeiro é uma mentalidade. É algo que carrega com você. – Prairie Johnson, The OA."

Deitamos, eu e meu amor...

sob o salgueiro choroso.

Com sua cabeça encostada no braço da pequena e, não queria admitir, levemente desconfortável, poltrona a mulher abriu seus olhos por conta do susto pela primeira vez no dia. Mesmo estando de costas para as janelas de seu apartamento, ela sabia que fazia sol lá fora. Isso a fez se perguntar quando faria sol dentro dela. Fazia tantos anos desde a última vez.

Mas, agora, sozinha, eu me deito...

e choro com o salgueiro.

Ela se lembrava exatamente do dia em que parou de fazer sol dentro de si. E a lembrança foi o que a fez ir até a porta de entrada do apartamento, que estava entreaberta, para fechá-la e logo se dirigiu ao banheiro. Lá, ela se olhou no espelho pelo que pareceu uma eternidade, como se estivesse fascinada por seu próprio reflexo grisalho.

Cantando: "ó salgueiro choroso"...

com o salgueiro que chora comigo

Mas, não estava. Ela olhava para além de si. Depois de anos, aprendeu que não iria surgir a pessoa que queria ao seu lado do reflexo, porém, ainda forçava sua própria imaginação para criar uma miragem. Qualquer que fosse.

Nem mesmo sua mente estava ao seu lado.

Ela olhou o reflexo da água da pia. Nada. Ainda não tinha nada. Nem mesmo na água da banheira. Mexeu na água dali, e nada. Então, com um suspiro cansado, ela resolveu de fato começar seu dia.

Cantando: "ó salgueiro choroso"...

até meu amor voltar para mim.

"porque recuperar memórias é reviver momentos, e eu precisava parar de repetir a queda. – Textos Cruéis Demais Para Serem Lidos Rapidamente: Onde Dorme O Amor."

(...)

"Sua atitude agora faz todo sentido. Ele parecia um cara calmo e reservado. Mas agora percebo que aquela quietude era apenas tristeza. Uma tristeza evidente. Não sei se é por causa do que aconteceu com a esposa, ou se é o caso que me contou mais cedo no banheiro – ter perdido a filha há meses. Mas claramente este é um homem que está perdido e precisa tomar decisões mais difíceis do que a maioria das pessoas já teve que tomar na vida. – Lowen Ashleigh, Verity."

Anya travou seu carro com o botão que havia em sua chave e entrou na galeria que estava vazia, já que não estava em horário comercial. Ela procurou por Harper, mas ela não estava em seu lugar habitual, que era atrás do balcão de atendimento, o que lhe trouxe estranhamento.

A espanhola caminhou até o escritório de Becca e encontrou a porta entreaberta. Empurrando-a lentamente, ela ganhou a visão de Rebecca deitada no sofá que ali havia, mas sua cabeça repousava no colo de Harper que acariciava os cabelos dela, mas não parecia tão confortável fazendo isso. Não porque não gostava de sua chefe, mas sim porque não sabia o que fazer para amparar uma alma que há muito tempo estava desamparada.

– Harper? – Anya chamou em voz baixa, assim ganhando a atenção da menina loira que pareceu mais aliviada ao ouvir sua voz. Ela a chamou para se aproximar, e ao fazer isso, a espanhola notou que a artista dormia nas pernas da menina. Era perceptível que ela havia chorado e esse fato quebrou o coração de Anya. – O que aconteceu?

– Acho que uma parte de mim esperava que você soubesse. – A loira disse baixinho para não acordar sua chefe. Anya se abaixou na frente do rosto de Becca e passou a ponta de seus dedos pelas bochechas ainda avermelhadas dela. Tentou imaginar o que a deixou daquela forma, já que nunca havia visto Becca chorar. – Eu só sei que ela chegou aqui alheia a tudo. Sinceramente, não sei nem como conseguiu chegar. – Harper falava enquanto olhava os dedos da mulher fazerem carinho na outra adormecida. Era claro o quanto ela se importava com Becca, e esse fato lhe fez gostar ainda mais de Anya. – Ela chegou me perguntando sobre como era a sensação de ter uma família.

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