Nova York- parte 2

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"Se você quiser proteger seu coração, vai evitar muita dor. Mas também pode acabar vivendo uma vida pela metade. – Hope McCrea, Virgin River."

Depois de muita procura e discussões, Lexa, Clarke, Ontari e Finn conseguiram se instalar em um hotel barato e mal-cheiroso, mas não importava tanto, visto que só iriam passar aquela noite ali e iriam embora para tentar tirar seus amigos da cadeia.

Já era bem tarde e a Woods era a única que ainda se encontrava acordada, pois seus pensamentos não estavam lhe dando o mínimo de paz. Isso meio que havia se tornado uma rotina e ela já não se importava mais com o fato de quase não dormir há mais de um mês; ela apenas preferia ficar acordada e pensar em soluções para seus problemas que não pareciam ter fim.

Lexa olhou para a cama de solteiro onde Clarke estava dormindo e viu que a mesma parecia serena. Ela só ficava serena quando estava tendo uma boa noite de sono. A morena deixou um fraco sorriso escapar enquanto a olhava e pensou quando que conseguiria fazer Clarke ser serena daquela forma consigo. Talvez nunca, refletiu ela.

A Griffin era um enigma para Lexa e ela, mesmo depois de meses, ainda não conseguia decifrá-la. Claro que ela havia aprendido algumas coisas sobre a garota, coisas essas que ninguém parecia perceber, mas mesmo assim pareciam detalhes superficiais que Clarke não se importava muito em esconder. Lexa queria mesmo era ver o que havia dentro do coração da loira. Queria saber o motivo de ela ter criado um muro ao seu redor e não permitir que nunca ninguém se aproxime.

Ela queria trazer amor para Clarke, pois temia que, pelo fato de ela ter fechado seu coração, acabasse vivendo uma vida pela metade. Mas primeiro ela deveria quebrar suas próprias barreiras e permitir que o amor entrasse em seu coração novamente.

Lexa suspirou e se levantou da pequena poltrona vermelha em que estava sentada faziam horas. A morena se esticou e caminhou até a janela que dava vista para uma rua qualquer do Brooklyn. Seus pensamentos lhe invadiram, assim como haviam feito a pelo menos dez minutos atrás, mas isso não pareceu lhe incomodar como teria feito normalmente. Ela estava pensando em coisas que lhe aconteceram há anos atrás, pensava nos seus amigos e irmã que estavam presos por nenhum motivo sequer, pensava no pequeno Aden e em como ele devia estar, pensava em sua mãe que havia voltado, ainda indiretamente, para sua vida.

Ela precisava saber como faria para ter seu primeiro contato com Nia. Elas precisavam falar sobre Aden porque Lexa não iria simplesmente fingir que ele não existe; isso ela não faria nunca, nem mesmo se fosse forçada à isso.

Esse pensamento lhe fez lembrar da época em que a mulher a abandonou como se nem ela e nem Alicia valessem a pena. Ela as abandonou como se suas próprias filhas não significassem nada e ela achavam, durante muito tempo, que isso realmente fosse verdade.

Uma lágrima escapou por um dos olhos verdes de Lexa e ela se sentiu mal com isso. Ela não estava chorando por conta da pessoa que deveria ter lhe amado incondicionalmente, ela só estava chateada porque queria que as coisas tivessem sido diferentes. Queria ter orgulho da vida que teve e não queria ter perdido tanto para chegar onde estava naquele momento. Tantas coisas aconteceram ao longo de sua vida e ela se perguntava como teria sido se as coisas tivessem tomado um outro percurso.

Mas e se Lexa tivesse a chance de mudar tudo e o fizesse, ela não teria conhecido as espanholas? Não teria conhecido todos os que moravam em sua fazenda? Octavia? Raven? Finn? Josephine? Clarke? Jamais teria conhecido Clarke?

Essa ideia não lhe fez sentir bem, na verdade ela sentiu um forte aperto em seu peito e seus olhos até mesmo chegaram a marejar. Ela não queria perder Clarke, mesmo se lembrando de tudo de ruim que lhe aconteceu desde que conheceu a loira. Lexa simplesmente não conseguia imaginar nunca ter conhecido Clarke Griffin.

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