Cria da Rocinha

2 - Babi

Ás 15:11 desço do ônibus cansada e vejo a ladeira enorme pela frente, não me vem coragem pra subir, então vou até um moto táxi.

BABI: Iai, eu vou pra rua 18, depois da quadra principal. É quanto?

Moto-taxista: Fica 8,00

Só em não ter que subir tudo isso a pé, eu pago de bom grado. Subo na moto e coloco o capacete e ele dá partida, foi tão rápido que em menos de 5 minutos já estamos parando na frente da casa da Luana. Pago ao rapaz e ele dá partida indo embora.

BABI: LOLITAAAAA - Grito por ela do portão.

LUANA: TÔ INDO.

Ela sai de casa me dando um sorriso e um abraço. O ruivo dela é tão lindo, que nem parece ser de farmácia kkkkkkk.

LUANA: Até que enfim ein.

BABI: Alguém tem que trabalhar né? Preciso pagar minhas contas.

LUANA: ok, você venceu essa! - saímos indo em direção a boca. Eu não sei onde é, nunca fui lá, mas parece que a lolita sabe muito bem.

BABI: Amiga eu tô tão cansada. Se eu conseguir um emprego aqui no morro que pagasse um salário, eu largava aquele no call-center. Não suporto mais levar xincada sem ter culpa de pica nenhuma.

LUANA: Quando eu souber de alguma coisa eu lhe aviso. Prometo.

Passamos por alguns becos, e depois de 10 minutos caminhando e fofocando, chegamos a uma casa primeiro andar onde se não fosse pelos vapores armados na frente, se passaria por uma casa de família facilmente.

LUANA: Ei caçula, chama o TH por favor. - Ela pede a um rapaz baixinho, que logo vai lá pra dentro.

BABI: O dono do morro é feio? Acho que nunca vi.

LUANA: Pode ser muita coisa, mas feio é a última coisa que ele é. - Luana fala convicta.

BABI: huummmm

TH: Oi ruivinha - ele dá um celinho na Luana e passa o braço por seus ombros. - Iai loirinha, firmeza?!

BABI: Tudo de boa. Iai? Teu patrão desenrolou a casa?

TH: Falei com o cria e ele disse que desenrola sim, quer saber quem é e como vai fazer pra pagar. Falei que tu é minha parceirinha e que pode confiar.

BABI: Valeu TH!

LUANA: Vamos cuidar em entrar? Ainda temos que ir na loja de móveis.

TH: Vão fazer o que?

LUANA: Vamo comprar um sofá pra casa da Babi, faltam poucas coisas pra ela comprar agora...

TH: Ah beleza! Bora lá.

TH foi na frente Luana no meio e eu atrás. Passei um perfume no ônibus e um desodorante, só pra não chegar nos cantos fedendo, mas eu tô tão cansada, hoje não parei de atender ligação em nenhum momento além dos 20 minutos pra almoçar.

Entramos na casa e noto ser um pouco mais comprida do que da pra perceber vendo de fora, quanto mais eu ando mais tem pra onde pra onde andar. Até que chegamos em uma escada e a subimos. Na parte de cima tem um único corredor do lado esquerdo com algumas portas que me indicam ser salas, entramos na última do corredor daqui pra lá.

Não estou com medo, pois TH é cria daqui. Ao entrar ouço apenas uma voz falando ao telefone mas não está aqui na sala. Noto que na sala tem uma varanda que provavelmente é com vista pra toda a favela, tendo em vista a localização que estamos. Na sala também tem uma portinha no fundo da parede em frente a da varanda, o que me dá a entender que: Ou é um quarto (matadouro) ou é um banheiro.

TH: Senta aí Babi, tu cresce mais não. - Olho pra ele, que está sentado com a Lolita no seu colo em um sofá de couro ao lado da porta larga pra varanda. E no centro da sala à duas cadeiras de frente pra uma mesa de madeira um pouco desgastada.

Olho as horas no celular, ansiosa pra ir comprar meu sofázinho. Ouço a voz se despedir na ligação, e voltar pra sala.

SOMBRA: Iai parceiro, já tá de casal?? Vocês são rápidos mesmo ein. - Tira onda com TH e Luana, mas não olhei em sua direção, apenas por receio, geral da favela sabe o que esse cara já fez, e dizer que todo mundo se caga na roupa quando vê ele chegar, não é exagero.

Mas, para minha sorte, ou azar, ele fala comigo e eu preciso olhar em sua Direção, então vou conhecer o famoso sombra.

SOMBRA: Iae loirinha, é tu que quer a casa?

Caraaaaaaaaalhoooooooooo eu tô apaixonada...