Cria da Rocinha

37 - Babi

Quebra de tempo: 4 noites depois.

Estou aqui nervosa, andando pra o lado e para o outro, sem saber o que fazer. Os melhores homens da boca foram na missao de resgatar o sombra, enquanto isso estou aqui, ansiosa, nervosa e aflita, andando de um lado para o outro na sala de casa.

HELENA: BÁRBARA ALMEIDA! SE AQUIETE. - Minha mãe que está aqui comigo, grita para me fazer parar de andar. Mas como que para? Como eu fico tranquila?

BABI: Não tem como ficar calma mãe, eu tô com medo de algo dar errado.

HELENA: Ficar assim só vai fazer mal a você e a essa criança, fique tranquila que vai dar tudo certo!!

Sento no sofá, mas o tempo foi passando e passando, e eu acabei deitando, olhando para o celular pra ver se chegava alguma notícia, mas nada de ninguém ligar. Até que eu adormeço sem nem perceber.

* Sonho on*

Estou na boca com o Bernardo, puxando ele pelo braço para tomar um açaí, quando chegamos na lanchonete a funcionária é a Tamara, ela nos olha torto,vem até a mesa e recolhe os pedidos, e trás um copo com água para mim, acho que por causa da gravidez ela fez isso. Quando termino de tomar a água, eu começo a gritar e sangue desce pelas minhas pernas, Bernardo entra em desespero me pega no colo e me leva pra o hospital, já no quarto eu só consigo chorar e me desesperar, e Bernardo quebra tudo o que vê pela frente. De repente não sinto mais minha barriga, de alguma forma eu percebo que perdi meu bebê.... uma tristeza, um vazio dentro de mim tão grande. Que entro em desespero  e começo a gritar.

* Sonho off*

HELENA: BÁRBARA ACORDA FILHA. - Minha mãe grita me sacolejando, e eu abro os olhos sentando automaticamente, logo colocando as mãos na minha barriga sem volume aparente.

BABI: Mãe, eu sonhei - começo a chorar compulsivamente. - que perdia.. meu bebê.

Minha mãe me abraça me trazendo um carinho que apenas ela seria capaz de me dar.

HELENA: Calma filha, Deus não permitirá que isso lhe aconteça. Tenha calma, você só está nervosa.

BABI: Quanto tempo eu dormi?

HELENA: 56 minutos. - Ela fala olhando pro relógio em seu pulso.

Ouvimos fogos de artifício, muitos e muitos fogos, e eu entendi... meu marido chegou! Os meninos que fazem a contenção estão recebendo muitos contatos, os vapor tudo gritando coisas do tipo:

"O patrão chegou POOORRAAA*
O PATRÃO TA NA ÁREA*

Eu não consigo controlar minhas pernas, saio de casa correndo, descalça, descendo a rua até chegar na rua da boca, machucando meus pés nas pedrinhas que tem pelo caminho  Na minha mente só penso em correr até meu homem. De sentir a pele dele e ter certeza que é de verdade mesmo.

Chego na boca sem ar, cansada, com os pés doloridos por causa das pedrinhas, mas nada poderia impedir de eu vim ver ele. De estar aqui esperando por ele.

BABI: Cadê o sombra? - pergunto tentando recuperar o fôlego. 

PEPETO: Patroa, o chefe ainda não chegou aqui não. Mas se quiser alguém, pode levar a senhora até lá em baixo.

Penso em aceitar, mas decido recusar, ele já já chega aqui, e pode não gostar de eu estar andando na garupa dos vapor, ainda mais grávida.

BABI: Não, valeu, eu espero aqui.

Ando de um lado para o outro, e nada dele chegar aqui. As ruas estão movimentadas, um sobe e desce só, a população está feliz com o retorno do dono do morro. Ele pode ser  carrasco, mas é justo e ajuda a todos da comunidade.

Não sei viver sem o Bernardo, desde que ele foi preso que não vivo bem, que não durmo nem como corretamente. Esse bebê coitado, deve estar desfalecido... mas eu penso nele amanhã, hoje eu preciso do meu marido.

Não sei exatamente há quanto tempo estou aqui fora, mas muito tempo depois, vejo uma verdadeira passeata, uma pequena multidão de pessoas subindo o a rua, vou em direção a entrada da boca, já é muita gente e vão já me esmagar.

Vejo no meio da muvuca o meu homem, e que homem amigos e amigas.. ele tá com a roupa que eu mandei, só que a camisa está pendurada no ombro, ele sorri e acena para os vapor e as pessoas que vieram até aqui com ele. Quando ele vira para a boca, me ver na porta e abre um discreto sorriso.

Enquanto ele termina de falar com as pessoas, eu vou até a porta da sua sala, e procuro a chave, que sempre fica aqui por cima, a encontro e abro a sala, entro e vejo que está tudo como ele gostava que ficasse, pedi pra virem limpar tudo e organizar pra chegada dele, sento na cadeira e espero por ele. Estou nervosa, ansiosa e desesperada para estar nos braços dele

Aqui agora, lembro de todos os momentos que vivemos juntos, desde o começo até aqui. Já vivemos coisas que até Deus duvida. Mas o amor que sinto por ele, só faz crescer...

Ouço passos e a porta abrindo, ele vinha com alguns homens atrás dele, provavelmente são aliados, eu fico com vergonha por estar na cadeira dele, não quero que ninguém pense que ele perdeu o respeito que tem com todos. Me levanto e antes de dar a volta na mesa, o Bernardo passa pra sua cadeira eme puxa pra sentar no colo dele.

Sento em sua perna, e ele fica com uma mão repousando em cima da minha perna alisando-a para cima e para baixo, enquanto conversa com seus parceiros. Eu não consigo prestar atenção em nada, só no fato de que meu homem está de volta. E agora, eu não permitirei que seja levado novamente.

A conversa entre ele e seus amigos acaba, e todos saem da sala.

BERNARDO: Você foi foda, o plano não tinha como dar errado. E o TH me disse que foi tudo ideia tua!

BABI: Eu só queria trazer meu homem de volta pra casa. - Não havia percebido que avisava a barriga, até que o olhar dele vai de encontro a mesma, então percebo o amor dele apenas por esse olhar.

BERNARDO: Vamo pra casa?

BABI: Não vai organizar as coisas?

BERNARDO: Não, eu quero ir pra casa, dormir de verdade. - Estou decepcionada, achei que íamos transar loucamente até a tarde, mas ele só quer dormir. - Mas antes, quero dar um trato nessa sua boceta. - Ele agarra de mão cheia a minha periquita, me fazendo dar um gemido de dor e desejo ao mesmo tempo.