capítulo 34 - Babi

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Quebra de tempo : 2 meses depois.

Já faz a merda de 2 meses que não vejo meu Homem, que não durmo direito, não como bem (em partes por causa da gravidez e partes por causa da solidão). Minha mãe e meus amigos estão preocupados e sempre vem aqui me ver e ficar um tempo comigo, mas na hora de dormir eu não tenho quem eu realmente queria.

Somente semana passada consegui finalizar meu cadastro para poder visitar o Bernardo. O plano já está pronto, vim hoje para avisar a ele, e dar uma namoradinha, afinal, hoje é o dia da visita íntima. Estou levando o jumbo com algumas coisas que ele gosta e que podem entrar na penitenciária.

TH e Luana vieram comigo, e voltam para me buscar mas tarde.. ainda estamos no carro esperando dar a hora de abrir os portões.

TH: Lembre-se, não conte na frente de ninguém que esteja em silêncio, deixa pra falar na hora que estiverem transando. A guarda do raio-x já tá comprada, ela vai liberar sua sacola sem que soe nenhum tipo de alarme.

BABI: Ta bom. Vai dar certo.

TH: Ta vendo a segunda da fila?

BABI: Tô. - Olho pela janela de vidro escuro do carro, e quando encontro a pessoa que ele me disse, em uma fila quilométrica, respondo.

TH: Ela tá ali só pra segurar seu lugar. Vai pra lá e fala que veio render ela.

BABI: Ta, tchau.

Desço do carro, e vou em direção a segunda mulher da fila.

BABI: Oi, sou a Bárbara, você tá guardando o meu lugar. - Logo ela vai embora e eu fico na fila.

EI QUE PORRA É ESSA?
VAI PRO FINAL DA FILA!
ASSIM É MUITO BOM, SO VEM NA HORA DE ENTRAR.

As mulheres começaram a me xingar por não ter passado mais de hora no portão pra ser uma das primeiras. Finjo não ouvir ignorando-as, e quando os portões abrem, eu entro indo em direção a moça do raio-x e entrego minha sacola enquanto outra policial me aborda.

Fico tão carreira com a mulher do raio-x, se ela de repente resolve ser do lado da justiça, eu tomo no cu, fica preso eu e Bernardo nessa merda. Mas faço de tudo para não mostrar meu nervosismo.

A policial apalpa cada centímetro do meu corpo e cabelo, me sinto humilhada pelas piadas que as policiais fazem, elas humilham e fazem piadas e xingam, como se nós que estamos aqui fossemos bandidas.

POLICIAL 1: Essas patricinhas que vem sentar pra bandido em penitenciária, parecem não ter o que fazer.

POLICIAL 2: Gostam de ser espancadas, humilhadas e traídas.

POLICIAL 3: Se prestar a esse papel aqui, só pra sentar em bandido, é degradante.

Por fim me manda tirar a roupa, me agachar em cima de um espelho e fazer força pra baixo repetidas vezes. Assim o faço, mas pensa numa vergonha que eu tô sentindo, uma vontade de chorar... juro que se o Bernardo voltar a ser preso, ele vai ficar aqui sozinho. Eu nunca mais volto aqui.

POLICIAL 1: Tá vendo? Tudo isso pra bandido. Depois espancaelas, mata, ou trocam elas por outras vagabundas. E elas aqui se matando por eles...

Após uns 10 minutos de vistoria, ela me libera, visto as roupas e pego o jumbo, ando por um corredor extenso, até chegar em portões altos.

CARCEREIRA: Qual a cela?

BABI: 279.

CARCEREIRA: Ele deve estar no pátio, se não o encontrar, siga as placas das paredes. Tenha cuidado, aqui os grandes roubam as mulheres dos pequenos.

Arregalo os olhos e fico apreensiva.

CARCEREIRA: É tua primeira vez?

BABI: Sim.

CARCEREIRA: Você tem que ir...

Vou andando, e chego no pátio, fico do lado do portão, vejo vários homens olhando pra mim, mas não vejo o MEU homem. Eles ficam aqui ansiosos para receber suas esposas, mas como o Bernardo não tá sabendo que eu venho, ele provavelmente não vai estar aqui.

Volto para onde a carcereira está, me aproximo lentamente.

BABI: Moça como eu chego na cela 279?

CARCEREIRA: Patricinha, tu vai pro pátio, do teu lado esquerdo vai ter um corredor com a grade aberta, você vão entrar lá e no segundo andar você vai procurar pelo número. Boa sorte.

Volto para o pátio com a sacola colada no meu corpo, estou nervosa e com medo pelo que ela disse. Chego no pátio, olho para o lado esquerdo e vejo a grade aberta. Ando até lá, e entro no ENORME corredor. Vou passando pelas celas abertas, ouço assovios e piadinhas.

QUE GATINHA EIN.
ENTRA AQUI "PREU" TE DAR UM TRATO.
ESSA AINDA VAI SENTAR NA MINHA ROLA.

Me bate um desespero, e passo a andar ainda mais rápido, com lágrimas nos meus olhos. E começo a orar sussurrando para Deus me proteger, e para o Bernardo ser o bandido maior aqui dentro. Acho as escadas e subo os lances até chegar no 2° andar.

Vejo as placas ⬅️200 à 250, 251 à 299➡️. Então pego o corredor a direita, e ando o mais rápido que eu posso, chorando e orando para ele estar aqui e ninguém ter me seguido. Quando já estou próxima da cela 275 ouço passos atrás de mim, não me viro só grito:

BABI: SOMBRAAAA! - Meu homem sai de dentro da cela assustado, possivelmente sem acreditar que eu estou ali. Ele me ver, e imagino como eu estou: assustada, chorando e tremendo. E o cara atrás de mim.

Chego até ele e o abraço e ele retribui,

BERNARDO: MANO, EU ACHO BOM QUE ESSSE HOMI ESTEJA AJUDANDO ELA A CHEGAR NA MINHA CELA. - Ele fala mais alto, e só ouço os passos apressados correndo para longe dali. - Morena olha pra mim.

Quando levanto os olhos ele fica parado me olhando. E eu também, que saudade eu tava dele. Eu me arrumei toda, sigo algumas mulheres no Instagram que são mulheres de bandidos e via elas se arrumando toda para vir pra visita íntima. E eu fiz o mesmo.

Ontem fui pro salão a noite, lavei, hidratei e escovei os cabelos, deixei na toca até chegar aqui na frente, e antes de sair passei um perfume de cabelo muito cheiroso. Fiz também depilação ontem, então está tudo lisinho aqui, continuei fazendo bronzeamento mesmo depois dele ter sido preso, ele gosta, então resolvi manter o bronze em dias para quando ele o visse.

Coloquei uma lingerie vermelha de renda e fiz uma maquiagem. Eu estaria maravilhosa, se não fosse a legging preta e a camisa branca.

Continuamos nos olhando, e confesso, eu senti muita saudade do meu homem. Eu só consigo olhar pra ele, meu corpo todo está quente e arrepiado, estamos juntos novamente.

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Cria da RocinhaOnde histórias criam vida. Descubra agora