𝐒𝐄𝐉𝐀 "𝐁𝐄𝐌" 𝐕𝐈𝐍𝐃𝐀

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—“é ótimo que você entenda isso.. Bem, você se tornou a melhor e isso será o melhor para você, com apenas 20 anos você já é melhor que muitos de nós.” —ele sorriu, seu cabelo grisalho dançava com a brisa fresca que batia em seu rosto. Eu sorri com os lábios fechados, meus olhos heterocromaticos que antes estavam no coronel se passaram para o campo a nossa frente. —obrigada senhor, não vou decepcioná-lo— eu disse, com um suspiro admirando aquela vista.

𝐒𝐞𝐦𝐚𝐧𝐚𝐬 𝐝𝐞𝐩𝐨𝐢𝐬, 𝐧𝐚 𝐛𝐚𝐬𝐞 𝐩𝐫𝐢𝐧𝐜𝐢𝐩𝐚𝐥.

Eu estava arrumando minhas malas no novo dormitório, era uma estalação boa; apenas precisei de um pouco de ajuda de um soldado que se ofereceu para isso. Joguei as malas encima da cama e assenti para o homem ao meu lado, ele tinha um porte forte e seus cabelos pretos com olhos azuis davam costraste para seu rosto. —bem.. Obrigada— eu dei um pequeno sorriso e ele retribuiu calmamente indo até a porta do quarto. Eu o segui e quando seus pés passaram para o lado de fora ele arrumou sua postura e fez uma pequena reverência, minha curiosidade se ascendeu dentro do meu peito e então meu corpo parou. Passos se aproximando do corredor que dava em ligação ao pátio principal se aproximaram; passaram dois soldados rindo que cumprimentaram o homem na porta e seus olhos passaram pelos os meus antes deles continuarem andando pelo corredor, logo atrás havia outro alguém. Sua silhueta era quase do tamanho da porta, suas roupas pretas, ele tinha uma espécie de pano no rosto que abriam em dois círculos para seus olhos. Eu vi apenas seus olhos se virarem para mim, eram azuis, um tom claro, mas pareciam frios como a madrugada. Minha expressão se esfriou enquanto ele passava, aquele momento que durou por segundos pareceu anos. Eu franzi as sombrancelhas quando eles passaram e fui para o lado do homem na porta;

–“quem era ele?” — perguntei, com meus olhos olhando eles já longe se afastando.

–“é o konig, ele é um dos dois melhores aqui..”–ele disse se encostando na parede é suspirando–“ele e ghost, são o oposto um do outro”

Eu olhei para ele–“oposto?”–perguntei

–“konig nunca diz mais de 7 palavras, ele é quieto e observa tudo mas ghost é bem mais rabugento eu diria, ele é sarcástico demais” — ele respondeu com uma certa raiva, seu corpo girou levemente ficando agora a minha frente com uma distância respeitosa. —meu nome é Kyle, hoje começa minha folga então espero te ver daqui umas semanas.. — ele ficou em silêncio me olhando com um sorriso após dizer, fez um sinal com a mão e inclinou um pouco o rosto, como quem quisesse saber meu nome. —Selene— eu sorri com os lábios fechados e um certo aperto no peito, que eu não sabia oque significava. —Selene, Deusa da Lua.. — ele repetiu lentamente enquanto me olhava gentil, meu nome veio da mitologia grega, Selene era Deusa da Lua que iluminava a noite daqueles que tinham trevas ao seu redor. Eu sorri para ele e ele sorriu de volta saindo do corredor, olhei em volta e era um corredor grande cheio de portas de ferro que eram os dormitórios com números nas portas. Entrei e fechei a porta atrás de mim: meus olhos passaram pelo quarto simples e um pequeno sorriso se abriu em meus lábios com um suspiro de alívio. Fui para o banheiro e tomei um banho gelado, não tinha como colocar na água quente. Coloquei um uniforme preto e soltei o cabelo para trás.

Eram exatas 18:00 da noite, eu escutei passos apressados vindo do corredor, assim que abri a porta eram diversos soldados indo para o pátio principal ainda inexplorado por mim, sai para o lado de fora e segui eles, entrei no meio da multidão daquele corredor apertado e quando saímos era um refeitório gigante, cheio de homens comendo, tinha uma escada que levava para um corredor visível com mais 3 portas lá encima, meus olhos passaram e avistei dois homens altos observando todos ali, um deles era o suposto Konig e do seu lado tinha um homem um pouco menor que ele, suas roupas eram pretas e ele usava uma máscara de caveira, seus olhos pareciam negros como a noite e sua postura firme e segura. Eu olhei para eles e senti que eles também me olharam mas a distância era enorme entre nós, fui para o canto da multidão e me encostei na parede, todos prestaram atenção neles dois ali encima, parecia que algo iria acontecer.
Um barulho de metal batendo em copos foi ouvido e todos se silenciaram no mesmo momento.
–“ᴄᴏᴍᴏ ᴛᴏᴅᴏs sᴀʙᴇᴍ, ғᴀʟᴛᴀᴍ ᴀᴘᴇɴᴀs ᴀʟɢᴜɴs ᴅɪᴀs ᴘᴀʀᴀ ᴄᴏᴍᴇᴄ̧ᴀʀ ᴏs ᴅᴇsᴀғɪᴏs ᴅᴇ ғᴏʀᴄ̧ᴀ ʙʀᴜᴛᴀ ᴘᴀʀᴀ ᴇsᴄᴏʟʜᴇʀ ᴏ ᴍᴇʟʜᴏʀ ᴅᴏs ᴍᴇʟʜᴏʀᴇs, sᴇɴʜᴏʀᴇs..–o homem com máscara de caveira estava falando, sua voz era grave e um pouco ʀᴏᴜᴄᴀ, seus olhos passaram para mim e sua mão apontou levemente para onde eu estava–ᴇ sᴇɴʜᴏʀᴀ..— ele disse, em Tom sarcástico, os homens do meu lado riram, pareciam primitivos que se achavam superiores a mim com aqueles sorrisos debochados. Eu ignorei e desviei o olhar para ghost, fiquei séria. —ǫᴜᴇʀᴏ ᴅᴇsᴇᴊᴀʀ ʙᴏᴀ sᴏʀᴛᴇ ᴀ ᴛᴏᴅᴏs, ᴇᴜ, ɢʜᴏsᴛ sᴇʀᴇɪ ᴏ ᴛʀᴇɪɴᴀᴅᴏʀ ᴅᴀ ᴇǫᴜɪᴘᴇ ᴊᴜɴᴛᴏ ᴀ ᴋᴏɴɪɢ, ᴀs ɪɴsᴄʀɪᴄ̧ᴏ̃ᴇs ᴇsᴛᴀ̃ᴏ ᴀʙᴇʀᴛᴀs ᴀɪɴᴅᴀ ᴘᴀʀᴀ ǫᴜᴇᴍ ǫᴜᴇʀ ᴘᴀʀᴛɪᴄɪᴘᴀʀ—ele disse levantando os braços com um ar arrogante—ᴇssᴇ ᴀɴᴏ ᴘʀᴏᴍᴇᴛᴇ ᴍᴜɪᴛᴀs ᴄᴏɪsᴀs”— ele encerrou saindo junto a Konig e todos voltando a atenção para o resto do pessoal. Eu continuei no canto vendo as pessoas se distraírem entre si e Konig e ghost desceram as escadas já cumprimentando vários soldados “então esse é o tal ghost” pensei, com meus lábios se empinando levemente para o lado, como um certo desgosto. Passei a encaralos enquanto conversavam entre si, estavam perto mas eu estava, eu diria, escondida em meio as outras pessoas. Konig, como eu havia mencionado, era muito alto, ele segurava uma AK 47 com as duas mãos pressionando levemente contra o abdômen. Já ghost era poucos centímetros mais baixo, sua máscara acabava na sua boca e ele usava uma espécie de Balaclava por baixo para não mostrar as partes que a máscara não cobria. Ele estava com uma metralhadora pequena que apoiava gentilmente entre as mãos, ele tinha um olhar frio e escurecedor.
Meus olhos foram desviados por uma voz masculina entusiasmado.
–“sua mãe te jogou cândida para ficar branca assim?” — ele perguntou rindo com mais alguns homens atrás dele, pareciam bêbados. Seus olhos passaram para meu corpo oque me fez franzir as sombracelhas e erguer a postura, não disse nada, apenas o encarei fria. —“o gato arrancou sua língua?" ele levou a mão para pegar meu queixo mas eu segurei o pulso dele com força, o encarei como se estivesse amaldiçoando sua alma e sussurrei —“tente relar em mim e eu que vou arrancar sua língua”–soltei seu pulso e empurrei contra ele–“verme imundo”–disse baixo, todos do refeitório já estavam nos observando. Me afastei um pouco e ele se aproximou novamente ficando muito perto. –“tenho que te mostrar como as coisas funcionam aqui”–ele disse malicioso passando o polegar nos seus próprios lábios. Ele tinha cheiro de álcool saindo de sua boca, franzi as sombrancelhas e cerrei os olhos. Ele levantou a mão e rapidamente tentou me dar um tapa, eu desviei e acertei um chute na sua costela direita e me afastei em posição de defesa. As pessoas atrás dele riram surpresos, eu me reergui, eu sabia que se  fracassasse seria motivo de chacota para todos eles, o homem olhou para mim e sorriu de canto, ele correu em minha direção com seu punho levantado como se fosse me socar, eu corri em sua direção mas passei os braços para suas costas e comecei a dar joelhadas no seu abdômen e depois o empurrei para frente, não vou mentir, eu não era tão forte fisicamente quanto ele, nem tão grande. Mas a velocidade que importava naquela ocasião vergonhosa. Eu me afastei novamente “não posso continuar dando palco para ele"pensei e me virei para sair mas parei ao olhar para frente, tinha um peitoral com tecido preto.. Eu levantei meus olhos e era konig, ele não abaixou a cabeça, apenas abaixou os olhos para me olhar vagamente. Abaixei a cabeça para o lado e dei alguns passos para trás e me afastei dele, olhei para o lado e estava ghost com um olhar divertido me observando como um lobo.
—“Tony, meu escritório agora!”–ele ordenou com firmeza em sua voz rouca, parecia nervoso mas sua voz carregava serenidade. –“siga Ghost”—ele disse olhando novamente para mim e Ghost começou a andar saindo do refeitório, eu apressei os passos e o alcancei um pouco atrás do mesmo.

“acho que já tenho todas as respostas para um sermão” pensei com os olhos Baixos.

ENTRE FRONTEIRAS (Concluída) Onde histórias criam vida. Descubra agora