𝐃𝐄𝐓𝐄𝐂𝐓𝐎𝐑 𝐃𝐄 𝐌𝐄𝐍𝐓𝐈𝐑𝐀𝐒

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Olhei ao redor do refeitório e meus olhos passaram por um homem em pé ao lado da porta, caminhei até ele com intuito de descobrir o quarto de Konig;ele tinha uma roupa e uma máscara camuflada com óculos escuros.
-"bom dia"-ele disse quando cheguei perto arrumando a postura.
-"bom dia"-eu sorri colocando as mãos para trás-"você sabe onde é o quarto do Konig?"
-"ah sim, eu te levo até lá"-ele disse apontando para as escadas e caminhando do meu lado-"pode me chamar de Horangi"-ele disse calmo subindo as escadas e eu logo ao lado dele. -"você é a mulher nova, né?"-ele perguntou e eu assenti sorrindo levemente, subimos a escada e paramos em frente três corredores. Meus olhos passaram pelas placas em frente cada corredor;"ala 2,ala 3 e ala 4" eu caminhei primeiro que ele, ele parou e me olhou de lado.
-"não posso ir, só até aqui.. Bem, é a terceira ala no quarto 7"-ele disse e assentiu se saindo, ele era formal.
-"obrigada!"-eu disse quando ele estava descendo as escadas, falei entusiasmada com um pequeno sorriso forjado, ele se virou e inclinou o rosto levemente para a esquerda e depois terminou de descer. Me virei para o corredor e comecei a caminhar olhando para os lados, o número "7" se destacou 𝐞𝐧𝐭𝐫𝐞 𝐨𝐬 𝐨𝐮𝐭𝐫𝐨𝐬, eu parei em frente a porta e respirei fundo. Eu já sabia oque me esperava? Minhas mãos se levantaram e dei três batidas na porta; o silêncio era tormentoso naquele corredor vazio, levantei a mão denovo para bater mas ouvi uma voz vim de dentro. "entre" a voz grave disse e eu obedeci, meus dedos pálidos relaram na maçaneta gelada e empurrou-a para baixo, abri a porta e meus olhos passaram para dentro;na direita uma estante com alguns livros e quadrinhos e na esquerda algumas armas e uma mesa de escrivaninha, era organizado e limpo. Olhei para frente e Konig estava sentado em uma cadeira afiando uma faca em suas mãos, seus olhos frios pairaram sobre mim, eu engoli seco e fechei a porta atrás de mim. Fiquei em silêncio, aquele olhar em mim, eu não sei, mas algo dizia para não falar nada e nem mesmo desviar.
Nossa respiração era ouvível por todo aquele quarto, eu respirei fundo e ele levantou as sombrancelhas -"quer permissão para falar?"-ele disse me encarando e logo depois olhando para a faca e continuando a amolar.
-"ghost disse que eu devia fazer o restante da ficha"-eu falei colocando as mãos para trás.
Konig passou os olhos para o chão pensando em algo e depois se levantou silencioso, ele foi até a escrivaninha e pegou um caderno e uma caneta, ele arrastou a cadeira que estava sentado antes até meus pés-"senta"-ele ordenou e eu cerrei os olhos obedecendo logo depois, ele se ajoelhou a minha frente, nossos olhos se encontraram antes dele enrolar uma tornozeleira na minha panturrilha com agilidade, eu franzi o celho e tentei me levantar-"oque você acha que está faz..."-ele se levantou e colocou a mão na minha boca, empurrando com força, ele inclinou a cabeça para o lado e me olhou com sarcasmo. -"melhor ficar quieta"-ele aconselhou com um sorriso brincando nos seus lábios por baixo daquele pano preto-"agora só vai usar a boca pra responder oque quero, apenas isso."-ele puxou meu rosto para cima me fazendo encarar seus olhos oceânicos que pairavam sob os meus héterocromaticos com certo desprezo, o olhei com raiva. Eu sabia que aquela maldita tornozeleira era um detector de mentiras e obviamente tinham circuitos que faziam choques quando detectadava alguma mentira ou batimentos diferenciados. Minha respiração começou a falhar, eu puxei devagar o ar e começei a ficar estável novamente. Desviei o olhar para o chão e ele soltou meu rosto se afastando.

-agora, vai me dizer a verdade, vou te fazer perguntas e você vai responder-ele disse e depois sorriu com um suspiro abrindo seu caderno e a caneta rodando nos seus dedos.
Enquanto ele abria a página desejada meus olhos começaram a passar pela a sala, procurando algo para arrancar a tornozeleira, como estava ligada a minha pele então quem tocasse iria tomar um choque.. Precisaria de borracha ou papel, mas não encontrei nenhum dos dois com os olhos.
-"eu tenho em mente sobre oque procura"-ele firmou a caneta nos dedos e seus olhos se levantaram para mim-"mas eu já joguei fora tudo oque te faria fugir de mim, Selene, você não vai conseguir oque deseja"-ele riu baixo e rouco-"ceda para mim, Selene."-
Revirei os olhos e Konig me encarou, algo parecia querer se revelar em seus olhos mas ele escondeu isso com um gatilho de palavras e frases estúpidas
-"você cresceu em um ambiente bom?" -ele disse e meus olhos se voltaram para ele, franzi o celho e pisquei surpresa "porque isso seria necessário?" -"si.."- senti meu corpo congelar e meu coração pareceu querer sair, minha respiração acelerou;curta e irregular junto com uma certa fraqueza grandiosa percorrer meu corpo por completo. -WAH! -dei um pequeno grito, aquele momento doloroso durou apenas segundos que pareceram horas mas um sentimento eterno e agoniante. Respirei fundo vendo os olhos de konig se iluminarem e uma risada baixa sair se seus lábios, seus olhos foram para o caderno então suas mãos escreveram algo naquela folha de papel amarelada. -"eu te avisei.."-ele suspirou querendo rir daquela cena.
-"me diga como era sua convivência com seus pais"-ele disse passando os olhos para os meus, seus olhos se esfriaram, pareciam ou melhor, eles eram foscos como a neve.
Eu me silenciei, olhei para o chão e respirei fundo, eu tirei todos os pensamentos monótonos da cabeça e relaxei o corpo-"eu sempre fui uma boa filha, eu sempre fui um exemplo"- mordi os lábios e continuei dissociando para o chão-"eles eram legais.."- prendi a respiração.
-"legais? Tem certeza?" - ele perguntou se agachando a minha frente, seu olhar trazia alívio mas falsidade e sarcasmo vinham camuflados entre aquela suposta bondade que Konig tentava exibir, franzi o celho e meus olhos ainda focados no chão, minha respiração estava ainda presa no meio da minha garganta, era sufocante e torturante. Meus olhos começaram a lacrimejar e meu corpo a tremer levemente.

Flashback
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- Mãe! Eu tirei 8,7- a garota disse sorrindo e indo em direção a mais velha.

-é o máximo que consegue?- a mulher resmungou de canto.

-vou melhorar.. Prometo..

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-MÃE!-ela correu sorrindo com um papel em suas mãos.-eu tirei 100% mãe, eu consegui-ela disse com os olhos lacrimejando.

-esta feliz por quê? É mais que sua obrigação-a mais velha disse enquanto secava alguns pratos.

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-não, com 17 você pode caçar algo pra fazer ou sei lá! Você sabe que só foi um estorvo para a gente, talvez você seria o milagre de um casal mas você foi o oposto no nosso relacionamento- O homem disse para a adolecente albina em sua frente, os olhos héterocromaticos dela pairavam sobre ele, tinha incerteza e compreensão e no fundo, uma enorme dor.

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Flashback off.

-está escondendo algo?-Konig arrumou a postura e puxou o rosto da mulher para o encarar em seus olhos, ele apertou as bochechas dela com os dedos enquanto fazia ela o olhar-"quando eu faço uma pergunta, é para responder"-ele sentia a pele macia como seda dela nas pontas dos seus dedos.
Selene o olhou com raiva e se levantou com agilidade pulando encima do Homem que segurou ela pela na cintura por instinto.

A mulher começou a se debater e ele a empurrou para a parede, suas mãos ainda tocando fortemente a cintura dela que estava coberta pelo tecido de sua blusa branca, ele massageou sem perceber e rapidamente colocou as duas mãos nos ombros dela e a fixou na parede, os olhos dele passaram pelo rosto dela e suas sombrancelhas se ergueram de supresa, Selene puxou a mão dele e tirou sua luva com rapidez e logo depois tentou acertar um chute na perna do mesmo. -oque esta tentando fazer?-ele perguntou irritado e a apertando com mais força contra a parede, a mão dela passou para dentro da luva dele e sentiu a borracha que ela precisava para tirar aquele aparelho ridículo de seu tornozelo. Konig arregalou os olhos e a empurrou na parede tentando puxar o detector de suas mãos, ela se esquivou e puxou a tornozeleira rapidamente levantando seu pulso para jogar o aparelho longe mas Konig pegou em seu antebraço antes, ela puxou com força seu braço e ele a empurrou para cima da escrivaninha. Konig estava tão obcecado em tentar provar para si mesmo que estava certo que não estava percebendo a situação que o mesmo estava se colocando. Selene caiu de costas encima da mesa e Konig apertou ela com força contra a madeira rígida que suas costas roçavam, Konig puxou a perna dela tentando colocar novamente o detector, ela deu um chute na mão do mesmo e ele se jogou encima dela prendendo ela e a deixando seu fôlego e saída. -"eu tenho certeza que você não é quem diz ser!"

Parte dois em breve ✧

ENTRE FRONTEIRAS (Concluída) Onde histórias criam vida. Descubra agora