𝐒𝐎𝐁 𝐔𝐌 𝐎𝐋𝐇𝐀𝐑 𝐃𝐈𝐅𝐄𝐑𝐄𝐍𝐂𝐈𝐀𝐃𝐎

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Andamos por um corredor vazio, a única coisa que tinha como ouvir eram nossos passos pesados com uma atmosfera desagradável e constrangedora. Ghost parou ao lado de uma porta e a abriu, me dando passagem para entrar e assim eu fiz sem questionar, enquanto passava para o outro lado senti seu olhar grudado em mim. O lugar era como um escritório, fiquei em pé em frente a uma mesa e o homem se sentou de uma forma relaxada na minha frente mantendo seu olhar frio fixo no meu com uma postura reta, sua mão foi para a coxa dele que apertava levemente o tecido de sua calça. -"por que bateu nele?" ele abaixou a cabeça um pouco mas ainda olhando para mim, engoli seco e o olhei séria -"ele tentou me intimidar" eu respondi firme mas baixo por conta do olhar dele -"hum" ele soltou um riso pelo nariz enquanto se levantava e respirava fundo, ele caminhou até mim com um papel na mão, ele parou na minha frente, seu peitoral tocando levemente no meu seio e nossos olhares fixos um no outro, meu estômago parecia que queria sair pelos meus lábios e minha espinha gelou quando ele se inclinou para frente-"vai continuar me encarando ou vai assinar o nome ali?" ele disse baixo, sua voz era levemente rouca -"quem está me encarando é você" eu disse sem pensar, meus olhos passaram para a mão dele encima da mesa e seu dedo indicador inclinado para um campo em limpo, ele me encarou da mesma forma, mas um sorriso parecia brincar em seus lábios por conta dos seus olhos apertando-se devagar. Eu escrevi meu nome no campo em branco "Selene" -"Selene, é bom que saiba controlar a língua" ele disse frio, mas no fundo, no fundo eu senti um pouco de malícia. Eu assenti para ele franzindo as sombrancelhas levemente. -"você é uma boa lutadora, por que não se inscreve no campeonato" ele disse, ainda estávamos perto o suficiente para sentir a respiração um do outro, quando eu dei um passo para trás e respondi -"parece uma boa ideia" eu disse sorrindo com os lábios fechados, meus olhos cerrados fixos nos olhos escuros de Ghost que foi para trás da mesa e pegou outra ficha, a frase em negrito:"M d's M" se destacava no papel com nomes escritos, não eram muitos mas tinha um espaço em branco no final, eu peguei a caneta e assinei meu nome novamente. -"M d s m? Melhores dos melhores?" eu perguntei quando soltei a caneta e arrumei a postura -"sim" ele respondeu ríspido-"konig precisa conversar com você, então volte para o refeitório" ele disse e eu assenti saindo da sala, minhas pernas pareciam gelatinas, eu sentia o olhar dele fixo em mim até eu fechar a porta atrás de mim, fiquei parada no corredor por alguns segundos, respirei fundo e puxei todo o ar para meus pulmões "okay, selene, você consegue" sussurrei para mim mesma caminhando novamente até o refeitório, as pessoas estavam comendo como antes e Konig estava parado na escada, seu olhar frio vagou sobre mim antes dele se virar e subir as escadas novamente, respirei fundo e ajeitei a postura indo logo atrás dele. -"Ghost disse para mim que você desejaria falar comigo" eu disse apressando os passos para o lado dele e terminando de subir as escadas, fiquei parada quando ele passou por mim e ficou de costas -"sim, você quebrou a costela do Tony, tem noção disso?" ele disse me olhando sobre os ombros, seu olhar parecia cansado e irritado, meu maxilar travou, eu sabia que "Tony" merecia mais, deveria ter quebrado seus braços e pernas para ele aprender alguma lição pachola. Franzi meu celho e cerrei os dentes antes de responder.
-"sim"- respondi, tentando manter a serenidade.
-"como pode ter uma voz tão.."-ele apertou os pulsos e disse nervoso-"você quebrou a costela dele, ele tem uma patente mais alta que a sua"-ele aumentou a voz e disse rispído se virando e ficando cara-a-cara comigo.-"me siga.."-ele inclinou o rosto levemente para o lado e se virou de costas descendo as escadas, eu olhei confusa e ele se virou-"não estou pedindo, eu estou mandando."- ele disse e andou em passos largos e brutos até outro lado do refeitório, eu o segui rapidamente e ele entrou em uma portaria de vidro e eu o segui, era uma academia, meu corpo parou e Konig estava na minha frente, um sorriso parecia brilhar embaixo dos seus olhos que se apertada levemente em deboche. -"já que você é boca dura"ele Insinuou apontando para o chão em sua frente com um tatame azul-"paga 500 flexões agora"-ele apertou os olhos-"vamos lá, Soldado Selene" ele apontou e se afastou um pouco. Eu olhei para ele, um pouco surpresa "não acredito que esse idiota vai fazer isso, eu não sou a culpada aqui" eu pensei comigo mesma e o encarei com os olhos fervendo de ódio enquanto fechava os punhos com força-"se quer provar sua inocência, então faça 500 flexões, caso contrário volte para seu dormitório e amanhã ao raiar do sol começará seu primeiro treino" ele disse em sarcasmo -"como já sei sua resposta..."-ele soltou um riso pelo nariz caminhando até a porta, eu me deitei no tatame e começei a fazer as flexões devagar, meu corpo era forte mas flexão nunca foi minhas favoritas. -"UM!"- eu gritei enquanto fazia as mesmas-"DOIS" ele parou com os pés do lado de fora da academia e me olhou por cima dos ombros com um olhar sínico e marcante, eu continuei lenta mas pegando ritmo-"DEZ!" minha voz falhou mas eu continuei. Konig parou a minha frente e tudo que eu vía era seus sapatos, seus pés eram enormes e seu sapato era limpo e bem cuidado eu diria. Ele ficou imóvel pelos mesmos 47min das minhas flexões, _"quinhentos.."-disse já sem voz, me levantei com dificuldade e uma dor enorme no abdômen que também doia no meu quadril. Eu arrumei a postura, ele estava com uma mão com uma garrafa de água e a outra uma toalha de rosto me oferencendo com um olhar frio mas doce, algo que não tinha mostrado antes. Eu o encarei enquanto pegava as coisas de suas mãos e fazia um rosto de raiva -"espero que tenha sido o suficiente para mostrar minha suposta inocência"-eu disse me virando de costas e me afastando do mesmo, limpei meu rosto do suor e amarrei meu cabelo em um rabo de cavalo com as mechas soltas-"não entendi oque a senhorita quis dizer com suposta inocência, Selene"- ele disse baixo. -"eu não acredito que me fez provar oque estava óbvio" eu disse irritada e depois abrindo a garrafa, coloquei a boca da mesma embaixo do meu nariz e aspirei fundo e devagar -"forças Especiais, Selene?" ele disse, agora andando para minha frente, eu apertei a garrafa levemente e franzi o celho, respirei fundo e pensei em alguma resposta que deixaria passar-"não.. É coisa de família" eu dei um gole na água, não bebi, deixei no canto da bochecha para conter se tivesse algum veneno, ele arderia ali. Eu senti seu olhar vagando por mim enquanto eu andava até uma janela-"na sua ficha, diz, sem muitas experiências, oque é estranho" ele roda uma faca na mão-"você sabe karatê mas..." ele para a faca e a segura ligeiramente se aproximando da mesma janela que eu, eu engoli a água e meus olhos passaram pela a noite do lado de fora-"você tem habilidades que são avançadas demais para alguém com 20 anos Aprender, vi todos seus passes, além de karatê você também gosta de Muay thai? Sabe usar bastante as pernas"-ele disse suspirando com um tom de sarcasmo enquanto olhava para o lado de fora da janela, meus olhos se arregalaram um pouco e eu me encostei na janela, mantendo a seriedade e serenidade presas em minha essência. -"você cheirou a água e logo depois guardou na sua bochecha, se arder é porque tem veneno e isso não é algo que avós ensinariam.. Porque isso se aprende em forças.."-ele puxou a faca e eu arrumei a postura, o encarando séria enquanto cerrava os olhos levemente. Ele levou a lâmina no meu pescoço e a pressionou, sua silhueta era muito grande, parecia que ele podia me quebrar por completo ao meio quando quisesse. "não mostre fraqueza, encare os lobos como um lobo mesmo sendo uma lebre disfarçada" essa fala ecoou na minha mente quando desviei o olhar, franzi o celho e o encarei denovo -"matar pessoas é um código penal, matar pessoas sem prova alguma além de vozes da sua cabeça é um crime mais grave.."-sussurrei com sarcasmo.
-"ah, acredite Selene, se eu quisesse te matar, não hesitaria em fazer isso"-ele passou a lâmina no meu pescoço levemente me causando um pequeno e fino arranhão, eu o olhei com incerteza e ele se aproximou, seu corpo tocou no meu e ele se inclinou, ele colocou a boca perto do meu ouvido e sussurrou, sua voz rouca e greve dizia:-"vou descobrir seus podres, a cada passo que você der, eu estarei logo atrás te observando como um gavião" eu engoli seco.
"se lembre que lebres são mais fortes até mesmo que Gaviões, oque importa não é a força ou tamanho... E sim a velocidade.." -"ganhar de um gavião? Isso é imposs- "não diga isso" -disse sorrindo para a garota albina que se encontrava a sua frente-"Lebres são ágeis e sabem pular alto sobre fios!-a pessoa sorriu e fez cócegas na garota que riu junto-"já cordas, elas podem ser um veneno para o gavião...bem, então uma lebre esperta usaria fios para tirar um gavião do seu caminho, já que as lebres pulam alto o suficiente para desviar."
-"você quer mesmo jogar isso?"-eu perguntei com seus lábios tocando levemente minha orelha, ele se afastou e ficou com o rosto perto do meu, seus olhos com incerteza e dúvida mas um sorriso parecia dançar nos seus lábios levemente.
-"querida, quem é mestre nesse jogo, sou eu"-ele riu baixo-"eu sei que não é quem diz ser, Selene"

ENTRE FRONTEIRAS (Concluída) Onde histórias criam vida. Descubra agora