Capítulo 4

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Ao sair me senti algo perdida, para onde eu iria? Bom, não era tão importante, afinal. Segui reto pelo corredor vazio.

Pela falta de movimentação no corredor dos alojamentos e a pouca quantidade de pessoas que estavam à vista quando cheguei, deduzi que ainda deve ser muito cedo.

Todas as portas e paredes ali eram padrão, não que isso fosse algo modesto, eu não precisava de um expert pra saber que a madeira que se faz notar por onde eu olhe é da mais pura qualidade.

Segui meu caminho, tendo como companheiros o som do meu pequeno salto e minha respiração.

Finalmente consegui sair, me topando com um homem que deveria ser um segurança da primeira classe ou algo assim. Ele me cumprimentou e voltou a sua postura anterior: parado ao lado da porta de entrada, observando os arredores.

Deduzi que eu estava alojada na ala C. Observei o convés, haviam poucas pessoas, graças aos céus pois as poucas que ali estavam não tiraram os olhos de mim desde que entrei em seu campo de vista.

Não estou dizendo que não há razão, compreendo que de certa forma minha vestimenta mesmo não sendo antiquada: está longe dos padrões e tendências desta época, mas que se foda, estou linda!

Sigo meu caminho passando mais afastada por um pequeno grupo de mulheres que deveriam estar ao redor seus 30.

Passei afastada pois se bem me lembro, de acordo com a etiqueta se eu passasse perto: deveria cumprimentá-las. E eu não quero alimentar a curiosidade delas e muito menos ouvir seus insultos encobertos por sorrisos.

Ao contrário delas que me olhavam e sussurravam, os homens ali me comiam com os olhos, confesso que deu até calafrio: fingi que não olhavam para mim e sentei em um banco mais ao canto.

Fiquei observando o movimento - que era pouco - até imaginei uma taça de suco de uva verde natural forte, com vodka. Discretamente apontando o pulso para trás de mim. E logo pegando a taça.

Fiquei bebendo elegantemente e mastigando alguns pedaços da fruta triturada na bebida gelada.

Eu estava bebendo e fingindo que não era antiquado ali.

O que fluxo de pessoas vai aumentando gradativamente.

E eu vejo ele: o amigo do Jack que aparece no filme. Eu travo, pois logo atrás dele vem uma cabeleira dourada com um caderno em mãos: era o Jack.

Aí, caralho. Eu travei, minhas pernas que estavam delicadamente cruzadas estavam trêmulas, assim como a taça em minha mão direita entre meus dedos.

Eu precisava parar de encará-los, mas...eu travei.

Jack estava do outro lado do convés, quase se sentando quando parece notar que tem alguém o observando.

Ele olhou na minha direção com um olhar surpreso e lábios entre abertos.

Puta que pariu. Ele falou algo com seu amigo e seguiu em minha direção. Seu amigo tentou segurá-lo falando algo que não pareceu o afetar.

À alguns passos de mim, ele parou. Me observou como se analisasse cada parte do meu corpo. Desde minhas mãos aos pés. Logo olhou para meu rosto e eu não sei quem se perdeu primeiro, mas ele abriu um sorriso fechado e fez uma breve reverência.

- Senhorita. - Ele disse ao voltar a sua postura. Ele era bem alto.

Me levantei no mesmo segundo para demonstrar que também tinha a boa e velha educação.

Fiz uma reverência mais breve que a dele.

- Senhor...- Ele pareceu levemente surpreso, deve ter achado que eu permaneceria sentada. Mas logo abriu um sorriso divertido.

Me sentei novamente fazendo um gesto de pulso preguiçoso para ele se sentar também.

- O quê faz aqui sozinha? Não é comum encontrar damas desacompanhadas por aqui. - Falou se sentando ao meu lado enquanto ainda traçava uma minuciosa observação por todo meu rosto.

- Ah, então estavas à procura de damas desacompanhadas, senhor? - Digo séria, porém querendo rir, pois brevemente pude ver sua feição ficar assustada e constrangida.

E logo ele começar a falar desegonçadamente.

- Eu- eu...não, ah. Não é... - Mas ele para assim que eu solto uma risada. E logo abre um sorriso algo tímido e levemente aliviado. Eu consegui deixar Jack Dawson constrangido.

- Fique tranquilo, e respondendo sua anterior pergunta: Não tive tempo ou interesse em buscar por companhia ainda. - Digo olhando em seus olhos, realmente lindos.

- E estás rumo à Nova York sozinha? - Perguntou intrigado. Ele é curioso, constei.

- Bom, sim. E o senhor? - Perguntei, notando que o mesmo agora, olhava para minha taça.

- Jack Dawson, me chame de Jack. E estou com dois amigos porém a viagem foi um acaso. Não estava planejada, foi sorte. - Ele diz olhando em meus olhos logo desviando para minha taça novamente. Curioso, fodidamente adorável.

- Grande coincidência! A minha também não. - Notem o sarcasmo. - Aceita? - Direcionei a taça em sua direção.

- Ah, claro. - Ele pegou a taça de minha mão, sem me tocar. A reação dele ao provar foi hilária e fofa.

- Ora, mas o quê é isso? - Perguntou encarando a taça que ainda estava pela metade com a bebida verde e algumas uvas trituradas.

- Não conto. - Falei olhando para ele com uma criança sapeca. - Porém pode beber tudo se quiser. - Ele me olhou ainda curioso e fez o quê eu disse.

- Ah, a senhorita ainda não me disse o seu nome. - Resmungou olhando para meus cabelos que alcançavam o assento do banco de tão longos. Fazer o quê?: prometi que só os cortaria novamente quando me formasse na faculdade.

- Ah, que indelicadeza a minha, senhor Dawson! Me chamo Florest, Florest Franer. - Disse sorrindo e estendendo minha mão em cumprimento, o quê o fez rir e retribuir o cumprimento. O cumprimentei "como um homem" afinal.

- É todo um prazer conhecê-la. - Ele disse pegando em minha mão e deixando um beijo casto no dorso da mesma. Coração tremeu.

Olhei para o céu e notei que poderia chover.

- Bom, senhor Dawson nota-se que está ficando frio, vou me recolher - Eu estava realmente com frio, e dando um duro danado pra não babar pelo jeito e beleza dele, mas estava até que disfarçando bem.

- E terias algo interessante para fazer em seus aposentos? - Ele perguntou, parecia ansioso, como se não quisesse que eu me retirasse. Talvez ele realmente não queira, pensei.

- Realmente não tenho. Mas está frio e eu gostaria de me trocar. - Digo olhando-o esperando o quê quer que ele fosse sugerir. Pois sua expressão dizia que ele estava tentando achar algo para continuar comigo, eu estou surtando.

- Eh...eu poderia acompanhá-la? - Aí caralho!

★: E sim, a Rose existe, existe a galera toda. Mas vamos com calma, a gente ainda tem tempo até afundar, digo...

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