Capítulo 5

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Ele me acompanharia, normal. Não é como se ele fosse entrar e fossemos transar loucamente!

Aceito o seu pedido.

- Claro. - Ele me estende o braço esquerdo. E eu entrelaço ao meu direito. Seguimos tranquilamente. Algumas pessoas olhavam cochichando, desagradável.

- Então, senhorita Franer, gosta de poesia? - pergunta ainda andando ao meu lado.

- Sou uma grande ignorante em relação à isto senhor Dawnson. Mas acredito veemente que uma forma tão bela e profunda de expressão como a poesia, não é nada menos que arte. - Digo ainda olhando meu caminho à frente com um olhar sereno.

Não havia porque mentir, eu não lia ou escutava poesias, e não mentiria só para agradá-lo, seria podre.

Assim, bem...eu lia, livros eróticos.

- É interessante. A senhorita também não age como os outros. - Ele diz olhando para frente, como se seu caminho adiante fosse um quebra cabeças, percebo o movimento de sua língua passando pela bochecha: mania ao pensar, cogitei.

- Também? Outros? - Perguntei curiosa, mas assim que íamos adentrar a ala de alojamento o suposto segurança lançou o braço na frente da entrada.

O olhei arqueando a sobrancelha.

- O quê pensa que está fazendo? - Claro que eu tinha uma rasa ideia.

Mas ainda era uma droga. Discriminação de merda.

O homem parece estar intimidado pelo meu tom e Jack olha para o outro lado com a mão livre no bolso como se não estivéssemos nessa situação e ele estivesse apreciando os pássaros, que nem existem.

- Eh, senhorita...ele não pode entrar. - Ele diz firme, mas como se fosse um trabalho que ele não gostaria de fazer, e uma atitude que não gostasse de tomar.

- Então "meu" acompanhante, não pode ir ao "meu" alojamento? - Pergunto ficando a sua frente e levantando ainda mais a cabeça, para olhá-lo bem aos olhos.

- Ah, sinto muito senhorita, claro que ele pode. - Ele diz retirando seu braço do caminho e voltando ao seu trabalho.

- A partir de hoje para entrar no alojamento de Florest Franer ele não deve passar por tal situação de novo, grave bem isso: Jack Dawson tem passe livre para me visitar. Que fique entendido para você e os de outros turnos, estamos entendidos? - Disse o olhando seriamente.

Jack, que já havia esquecido dos seus passarinhos, mirava tudo calado e intrigado.

- Sim, senhorita Franer. - Ele olha para Jack e depois se mantém calado ao voltar a observar tudo ao redor.

- Vamos. - O puxo pelos nossos braços entrelaçados, tirando-o de seu transe.

- Então quer dizer que eu tenho passe livre para seus aposentos, senhorita Franer? - Diz com um sorriso ladino, mire que atrevido.

- Bom, isso é o quê eles creem, entre nós as coisas serão diferentes. - Sorrio e paramos frente ao meu alojamento, me preparo para me despedir.

Ele ainda me olhava intrigado e ansioso; calado.

- Boa noite, senhor Dawson. Quem sabe nos vemos mais tarde. - Digo sorrindo e logo entrando, deixando-o antes que ele pudesse responder.

Suspiro após encostar na porta recém fechada. Coloco a mão sobre meu peito e respiro fundo.

Como eu pude manter a postura diante de tanta beleza e carisma?

Céus, eu mereço mais que um Oscar.

Caminho para o quarto, ao entrar tranco a porta e tiro o salto, recém me dou conta que a taça ficou no banco. Foda-se, né.

Abro o zíper do lado no vestido e o deixo cair. Retiro as luvas, brincos e colar. Colocando as jóias na mesinha ao lado da cama.

Reparando agora a vista desde a cama, acredito que é uma pentiadeira dobrável ao outro lado da porta, embutida na parede, não devo tê-la visto pois foi escondida pela porta e eu sou algo desatenta às vezes.

Bom ainda devem ser três ou quatro horas, eu mereço um descanso.

Pelo tempo que estou aqui, não parece sonho, o toque de Jack e a brisa carregando a maresia, os olhares maldosos das pessoas. Os sons, isso não é um sonho.

Eu não vou perder meu tempo me perguntando como vim parar aqui, essa tatuagem é prova de que isso é tudo, menos explicável.

Essa "magia" me dá quase tudo que eu peço, pessoas? Pessoas, não. Comida? Até as que eu nunca comi.

Roupas? Até as que eu não posso imaginar, é sobre meu sentir e querer.

Percebi que posso mudar certos objetos de acordo com minha vontade também.

Por isso confio: com tamanha magia, se fosse pra me matar, tinha matado.

Eu sinto que tudo isso é natural. Não sinto que tenha alguém a mando ou algo assim, como? Não sei, só sinto.

Mas não sou tão tola, sei que isso não faz tantos milagres. Ainda tenho três dias pra pensar em uma maneira de salvar esse navío, vou conseguir.

Me jogo sobre o colchão tão macio quanto algodão.

Imagino cobertas quentinhas apontando o pulso para o alto, em segundos elas caem sobre mim, de lingerie me deito, de lingerie adormeço.

- Titanic! Tá Zoando!? Onde histórias criam vida. Descubra agora