LIDERS ACADEMY

capítulo 14

  Ravi se sentou na mesa assim que acordou, o cheiro de panquecas impregnava o ar. O café estava ótimo, como sempre sua mãe havia caprichado, provavelmente para agradar o marido e obter o mínimo de atenção partida dele. 

- O cheiro está ótimo, mãe. - Elogiou Ravi, percebendo que o pai nem ao menos havia desviado os olhos do celular última geração.      

- Obrigada, querido. - ela deu um beijo carinhoso no bochecha do filho, sabia perfeitamente que seria ele a elogia-la. O garoto era muito bem educado e gentil.

- Cadê seu relógio? - Dreick questionou o menino, ainda com os olhos vidrados na tecnologia.

- Tirei para limpar e esqueci de colocar de volta. - Não era mentiroso, mas seus amigos eram e havia aprendido algumas coisas com eles. Ele havia tirado aquele "presente" fazia meses pois não queria nada que lembrasse o pai, que só perceberá a ausência do item naquele dia.

- Coloque ele para hoje. - Ordenou, tirando os olhos do celular pela primeira vez. - Temos uma entrevista com a impressa e quero que vejam como presenteio minha família.

  - Tudo bem. - Sorriu sem vacilar, mas por dentro parecia que havia levado um choque, nunca pensou que seu pai ia querer ver aquele relógio de novo, fazia muito tempo que havia se livrado dele e nem sabia aonde estava.

- Perfeito. Agora eu tenho que ir. - Avisou Dreick, de forma seca. Se levantando sem nem ao menos ter tocado nas panquecas ou notado o que elas eram. Seus olhos nem haviam percebido a bela mesa que havia sido preparada com tanta dedicação.- Busco vocês dois daqui a cinco horas, estejam apresentáveis. Não querem que eu perca a campanha.    

- Não vai comer? - questionou sua mulher, exausta da falta de consideração do marido mas conseguindo maquiar muito bem sua insatisfação.

- Vou. Na rua. - Suas atitudes e seu tom de voz eram completamente diferentes de quando estava diante das câmeras ou de outras pessoas. Quando ele era um bom pai e um bom marido para que pensasse que seria um bom prefeito.

- Tudo bem. - ela sorriu para ele mas apesar de parecer jovial e bela como costumavam ser mulheres de famílias e cargos importantes como aquela era, seu filho sabia que por dentro ela estava destruída.

  - Por que deixa que ele te trate assim? - Ravi perguntou a vendo dar um grande gole no café que estava em sua xícara. Provavelmente havia desejado que fosse uma dose generosa de álcool.  

  - Seu pai sempre me disse como ele era, querido. - desistindo do café ela se levantou e foi até a janela mais próxima, acendendo um cigarro. Fumava apenas na ausência do marido. - Quando ainda éramos adolescentes e começamos a namorar, ele me disse sobre tudo.

- O que foi que ele disse? - Ravi não conteve sua curiosidade, acompanhando cada tragada que a mulher dava. Ela fazia parecer que cada uma delas era necessária.

- Ele disse que destruía tudo o que amava. Acho que no final das contas, ele realmente me amou.

  Ela apagou o cigarro e o descartou, soltando a última onda de fumaça para fora de seus pulmões. Ravi engoliu em seco, então era verdade, sua mãe realmente era uma pessoa infeliz. Mas como ela conseguia passar para as outras mulheres a impressão de que era a mais sortuda entre todas as damas da sociedade?

Por quase uma hora ele apenas ficou lá, sem comer ou beber qualquer coisa que estava na mesa. Apenas refletindo o quanto sua vida era superficial e o quanto as aparências podiam enganar. O futuro prefeito com sua vida exemplar, na verdade era um homem ausente e agressivo, que se parecia com um pai de família apenas nas fotos que saia com uma simpatia tão forçada quanto o sorriso de sua mulher.