Capítulo 28 - Estranho Déjà Vu

1K 95 31
                                    

Capítulo 28 - Estranho Déjà Vu.


Naquele momento, foi como se eu estivesse tendo um déjà vu. 
Um maldito déjà vu. 
Há quase um ano, Riley e James nos atacaram quase nesse mesmo horário, quase neste mesmo lugar. 
Vivemos momentos de terror, de medo, de dor. 
Eu tive muito medo de perder Christian naquela época. 
O mesmo medo que estou tendo nesse exato momento. 
Certamente, essa é a pior sensação que já tive nesta vida. 
— Riley, por favor. Vamos conversar. - Tentei manter a calma, mantendo as mãos erguidas ao alto — Por que você não nos deixa ir embora?
— Juro que se você nos deixar ir, nós não vamos comentar com ninguém que te encontramos por aqui - Christian disse ficando na minha frente, com aquele instinto de proteção que ele sempre teve para comigo. 
— É, já faz tanto tempo que tudo aconteceu. Vamos manter o passado como está. Enterrado. 
— Enterrado? Por causa de vocês eu fui preso! Vocês sabem o que é ficar preso? Não, vocês não sabem. Eu vou me vingar, quero que vocês sofram assim como eu sofri todo aquele tempo atrás das grades. - Riley estava com um sorriso bisonho no rosto. 
Um sorriso assustador que me gelou dos pés a cabeça.  
Mas eu não vou fazer como da outra vez. 
Não vou deixar que Christian se machuque por minha causa de novo. 
Por minha causa sim, pois tudo o que aconteceu na época foi culpa minha, minha e de mais ninguém. Não só naquela época como agora. 
Por que eu tinha que ter mandado Christian estacionar?
Sempre fui teimosa demais, rebelde demais, explosiva demais e olha onde tudo isso nos levou? Ao mesmo lugar que antes. 
E agora, é a minha vez de agir. 
Eu ando tentando ser mais calma, tentando resolver as coisas na conversa, mas nesse tipo de situação não dá. 
Não posso ligar para meu pai, para a polícia e ninguém vai surgir aqui para nos salvar. 
Ninguém sequer sabe onde estamos. 
Riley pode simplesmente nos matar e sumir no mundo, sem que possa ser detido por ninguém. 
Mas isso não vai acontecer porque eu mesma vou nos tirar dessa situação, nem que para isso eu tenha que...  
— Riley, se você não for embora... - Fechei os punhos. 
— Vai fazer o quê, Anastasia? Diga! Vai fazer o quê?!
Engoli em seco e fui para cima de Riley, o empurrando, mas ele acertou meu braço com o canivete em um corte profundo. 
— Ana! - Christian gritou sendo ignorado por mim. 
Empurrei Riley novamente e ele caiu de costas no chão e felizmente, deixou o canivete cair também. 
Logo depois, ele se levantou e me empurrou de volta. Foi a minha vez de cair colocando a mão no meu braço que sangrava um pouco. 
— Covarde! - Christian gritou novamente, se atracando com Riley no chão. 
Estava um pouco escuro, afinal, a única iluminação dali era somente os faróis do carro. Peguei o canivete do chão e o joguei longe quando vi Riley levando um soco de Christian e esticando a mão para tentar alcançar o canivete. 
— Parem os dois! Parem, por favor! - Gritei desesperada, enquanto eles continuavam rolando no chão. 
Olhei para os lados e realmente não havia ninguém para nos socorrer. Peguei o celular no carro e liguei para a polícia. 
À principio, parecia que Christian estava vencendo a luta, mas Riley virou o jogo e assim que sai do carro, me deparei com o filho da mãe tentando enforcar Christian no chão. 
Tinha que pensar rápido. 
Olhei para os lados de novo e vi uma pedra. 
Peguei a pedra e bati com ela na cabeça de Riley. 
Ele caiu duro na hora. 
— Será que eu o matei? - Indaguei desesperada. 
— Eu, eu não sei. - Christian levantou ainda tossindo e me abraçou — Você está bem?
— Acho que sim. Temos que ver se ele morreu, Christian. Só faltava essa, me tornar uma assassina há essa altura do campeonato! - Passei a mão entre os cabelos. 
— Bem, vou checar. - Christian se aproximou de Riley. 
— Tome cuidado. - Pedi apreensiva. 
O moreno checou o pulso do desgraçado. 
— Fique tranquila, está vivo. 
— Quer saber? Nem sei mais se isso é bom ou ruim - Dei de ombros. 
[...]
Alguns minutos depois, a polícia chegou. 
Riley foi preso novamente e segundo Raymond, não vai sair tão cedo de trás das grades.
— Você não devia ter reagido, Ana. - Raymond reclamou enquanto fazia pressão no meu braço ferido. — Tudo que eu te ensinei até hoje não serviu de nada? É sério? - Meu pai parecia indignado. 
— Se eu não tivesse reagido, Christian iria se machucar. Tudo bem que ele ganhou um olho roxo, mas podia ter sido muito pior. - Argumentei — Da outra vez, ele se machucou por minha culpa também. 
— Não foi culpa sua, filha. Quer dizer, não da outra vez. Desta sim. 
— Pai! 
— Preciso ser sincero, foi sim. Em qualquer situação de perigo jamais se esqueça, filha. Chame a polícia. 
— Prometo que isso nunca mais vai se repetir, pai. Mas o que importa é que desta vez, eu mudei o final dessa história para um final feliz. - Falei esboçando um sorriso. 
Raymond nada disse, apenas assentiu com a cabeça e me abraçou com carinho. 
[...]
— Ana, eu estou bem. Não precisa ficar com essa expressão como se eu tivesse morrido. - Christian disse enquanto a enfermeira terminava de fazer um curativo no meu braço e saía do quarto do hospital. 
Apesar de tudo, nossos ferimentos foram leves e o Doutor apenas pediu que ficássemos em observação no hospital por uma noite para fazer alguns exames. 
— A enfermeira disse que irei ficar com uma pequena cicatriz - Avisei fazendo uma careta e olhando para o curativo no meu braço. 
Toda vez que olhar para essa cicatriz, irei lembrar do quanto eu já fui idiota nesta vida. 
— Isso não importa. O importante é que você está viva. - E deu aquele sorriso torto que eu tanto amo.
— Sabe, Christian... - Ele sentou-se ao meu lado na cama — As vezes acho que nunca vou deixar de ser essa garota problema. Se tivesse acontecido algo com você, não sei o que seria de mim. - Comecei a chorar e fofo como sempre, o moreno me envolveu em seus braços — Será que devemos mesmo nos casar? Será que você deve mesmo se unir com alguém como eu? E se eu ferrar com tudo outra vez? - Perguntei confusa. 
Nesse momento, minha cabeça está muito confusa. 
— Ana... - Christian segurou meu rosto entre suas mãos e me olhou nos olhos, coisa que eu sei que para um asperger, é muito difícil — Eu te amo e você não tem culpa de nada. Riley agora está preso e nós daqui pouco tempo vamos estar casados. Problemas sempre teremos, a vida é assim. Mas vai ficar tudo bem. Sempre fica. Você sabe que sempre fica.  - Me deu um selinho — Se eu não ficar com você, se eu não me casar com você, garanto que serei o mais infeliz dos homens. Não tenha dúvidas disso. - O moreno me fez sorrir — Eu te amo, Anastasia. 
— Eu também te amo, Christian. - Nos beijamos novamente.
— Não vejo a hora de casar com você, sabia? Sabe por quê?
— Não. Por quê?
— Para transarmos de novo - Imediatamente Christian ficou vermelho — Vai dizer que não está com vontade também?!
— É claro que estou. Mas iremos fazer amor apenas após a benção do reverendo. Portanto, nem adianta insistir amor. - Garantiu rindo quando mostrei a língua para ele. 
[...]
Dias depois...

Christian soube lidar melhor com o trauma que tivemos. Muito melhor do que eu. Claro que no dia seguinte ele estava um pouco tenso, nervoso, mas com o passar dos dias meu amor se acalmou e voltou a focar na nossa mudança para a Califórnia. Já eu aproveitei as reuniões do AA para desabafar também sobre isso, pois depois do ataque de Riley tive dois pesadelos horríveis. 
Confesso também que senti vontade de beber por três vezes. Sim, três vezes. Mas juro que nunca mais voltei a colocar um copo de alcool na boca, nem mesmo em festas ou comemorações. Sempre que tenho vontade de beber ou fumar, fecho os olhos e penso no que Christian vai pensar de mim. No quanto ele vai se magoar com tudo. Então, respiro fundo e tento ocupar minha mente com algo muito mais importante, como meu casamento, a mudança para a Califórnia e o futuro lindo que terei ao lado do meu Christian. 
Era noite e depois de tomar um copo de leite quente - dica da minha sogra Grace para lidar com minha falta de sono dos últimos dias - Deitei na cama e fechei os olhos. 
Quando abri meus olhos novamente, estava no altar vestida de noiva. Quando olhei para o lado, Christian também estava lá. Mas seus olhos não estavam nada alegres, muito pelo contrário. Christian estava triste e com lágrimas nos olhos. Foi quando olhei para minha mão e percebi que tinha uma garrafa de bebida nela.
Céus... O que eu fiz?
— Ana, acorda! Acorda Ana!
— Mãe? - Abri um dos olhos somente. 
— Você estava gritando. Acho que teve um pesadelo, não foi?
Ainda bem que foi um pesadelo. 
— Sim, foi um pesadelo. 
— Bem, isso não importa agora. Levante-se logo, filha! Chegou o tão esperado dia do seu casamento! 

**********

Estou de férias da faculdade e ainda este mês pretendo finalizar essa história, ok?

Passem na minha outra história, que vai substituir essa e já tem 2 capítulos 🩷 só ir no meu perfil!

Comentem e votem, amo vocês 🩷

Estranho Amor Onde histórias criam vida. Descubra agora