POV Sam
Enquanto ainda estava deitada confortavelmente na minha cama, brincando com minhas amigas sobre o assunto no chat e no twitter eu estava bem. Mas ouvir duas batidas na porta e a criada da minha avó pedindo que eu fosse até seu quarto fez meu corpo todo gelar.
Fui rapidamente para o quarto dela, minha avó não gostava de atrasos, mesmo que por alguns minutos. Se a criada que me chamou chegasse ao quarto, eu devia estar logo atrás.
- Oi vovó, precisa de alguma coisa?
- Sam, sente-se.
Me apressei em me sentar na poltrona perto de sua cama. Endireitei as costas e cruzei as mãos sobre os joelhos. Notei que ela escrevia algo em uma cardeneta, ainda usando sua roupa de trabalho. Aguardei calada enquanto ela terminava e entregava o caderno para uma criada.
- Tive um desentendimento hoje com a Diretoria de sua faculdade. Aparentemente nosso nome não é mais digno de respeito. Enfim, os maiores danos eu pude controlar, mas quero lhe alertar sobre a presença da herdeira dos Saenthong em suas aulas a partir de amanhã. Aquela faculdade não é mais a mesma. Se não estivesse em seu último ano a transferiria de lá.
- Ela é uma caloura, vovó, mal terei contato com ela.
- E que mantenha assim. Não preciso passar mais 3 anos no hospital ou pior, no cemitério, caso queira seguir os passos de sua prima, não é?
- Claro que não, irei me manter afastada como a senhora quer.
- Bom. Pode ir se deitar.
Me levantei da cadeira e tomei 5 segundos de coragem para resolver o problema que realmente me afligia.
- Vovó?
- Hum?
- Kirk me disse que a senhora está planejando um jantar?
Minha afirmação saiu meio como uma pergunta, mas ela não se deu o trabalho de me olhar, já pegando outra caderneta para analisar.
- Sim, já combinei o seu jantar de noivado para daqui 1 mês
- Vovó, Kirk não me pediu em casamento
- Mas irá pedir. Já falei com sua mãe e ela já está providenciando os detalhes
- Vovó, eu não quero me casar com Kirk
Ela nem me olha, continua escrevendo e analisando o quer que fosse mais importante que meus sentimentos e vontades
- Já está decidido, Sam. Você já fez 22 anos, precisa de um marido e Kirk é o mais indicado
- Eu não o amo, por que a senhora insiste nesse relacionamento arranjado?
Vovó suspira, colocando a mão no peito e eu travo. Ela ergue o olhar para mim e fala friamente
- A vida não é um livro infantil, Sam. Kirk vem de uma ótima família, é um ótimo advogado e será um ótimo companheiro para comandar a empresa com você.
- Eu posso comandar a empresa sozinha e ...
- Já chega desse assunto.
- Me dê mais tempo, por favor
- Mais tempo para o quê? Para eu morrer e você estiver sozinha sem ter ninguém pra cuidar de você?
- A senhora não vai morrer. Por favor, me deixe tentar encontrar alguém que eu ame e que a senhora aprove.
Vovó me olhou atentamente, soltou outro suspiro e voltou sua atenção as cardenetas.
- Você tem 6 meses. Agora vá.
Me curvei brevemente para ela e sai do cômodo, apenas me permitir sorrir de felicidade quando entrei em meu quarto. Eu teria 6 meses de liberdade, enfim.
POV Mon
Ouço o celular despertar e resmungo contra o travesseiro. Hoje se iniciava o dia da minha tortura. Aceitei cursar a faculdade como meus pais queriam enquanto ganhava tempo para me livrar disso tudo e fugir, de preferência com a Emily. Logo eu completaria 20 anos, idade para chegar a maioridade aqui na Tailândia e poderia começar a me lançar como cantora e me livrar dessa vida.
Depois de me arrumar, desci para tomar café. Apenas Emily se encontrava, comendo panquecas e ovos. Fui até ela, lhe dando um beijo em sua testa e me sentei ao seu lado, me servindo de suco.
- Bom dia, Em. Cadê papai e mamãe?
- Bxom djia. Maghmai jxá foe tabjakar, papdae nxao jshei
- Emily, eu só entendo inglês e tailandês, boca cheia de ovos não é uma língua que eu domine.
Minha irmãzinha abriu um singelo sorriso e engoliu seus ovos com um gole de chá.
- Disse que mamãe já foi trabalhar e que o papai eu não sei, não o vi ainda.
Emily deu de ombros e voltou a se concentrar em seu café enquanto folheava uma hq infantil.
Passei a me alimentar também, comendo calmamente quando vejo meu pai entrando apressado, buscando uma xícara de café. aparentemente atrasado e franzo a sobrancelha. Meu pai nunca era irresponsável ao ponto de se atrasar.
- Mon, hoje você tem acompanhamento com uma veterana na faculdade. Seu nome é Nita, ela trabalha com a gente.
- Eu não preciso de babá
- Não é uma decisão nossa, a faculdade faz isso com todos os calouros
Revirei os olhos diante dessa informação e terminei meu café, me virando para Emily.
- Está pronta?
- Pra que?
- Pra aula, eu vou te levar.
- O Kamal quem me leva pra escola.
- Achei que quisesse ir comigo e a senhorita Duanpen. Tudo bem então....
Emily saltou da cadeira toda feliz, limpando a boquinha com as costas da mão e pegando sua mochila
- Eu quero, eu quero, eu quero
Fui dando gargalhadas sendo puxada pela minha irmãzinha.
Depois de deixa-la na escola, cheguei rapidamente na faculdade, recebendo diversos olhares pelo carro que dirigia. Era disso que eu precisava, um pouco de bons olhares.
Desci do carro, caminhando em direção a Diretoria. Não fiz questão de procurar absolutamente nada sobre a faculdade ou o curso, eu iria pagar minha penitencia com o mínimo esforço possível.
- Mon?
Me virei ao ouvir meu nome e simplesmente vi a coisa mais linda que esse mundo poderia me proporcionar.
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Amor entre a Guerra (MonSam)
RomanceOnde Saenthong's e Anuntrakul's vivem uma guerra entre famílias a gerações e veem suas herdeiras, Mon Saenthong e Sam Anuntrakul se apaixonarem intensamente. Pode um amor nascido dentre tanto ódio, disputas e segredos do passado, sobreviver? ⋅ obra...