Epilogo 1

497 69 9
                                    

POV Phitsamai (mãe da Mon)

O caminho até a minha cela é demorado e me dá tempo para pensar nas palavras da advogada. Meu julgamento já havia sido marcado para dali três meses e toda minha defesa estava sendo baseada nos crimes já investigados daquela desgraçada Anuntrakul. A velha tinha tantos crimes na ficha, incluindo o assassinato frio e calculado do meu irmão, que eu ter sequestrado sua netinha seria nada comparado ao que ela fez a minha família.

Já se passaram quase dois meses desde que eu havia sido presa, e desde então apenas meu marido havia vindo me visitar, pouquíssimas vezes ainda, cheio de suas acusações e culpa pela forma com que nossas filhas estavam. Não sei se eu esperava que Mon viesse me ver depois de quase ter a matado, mas eu era sua mãe, nem ao menos minhas ligações ela estava aceitando.

Queria poder dizer ao meu marido e às minhas filhas que eu me arrependia do que eu havia feito mas a verdade é que eu não me arrependia. Só eu compreendia tudo o que aquela família já havia me feito passar, eles nunca seriam capazes de entender o quão ardilosos os Anuntrakul poderiam ser para nos destruir.

Assim que cheguei em minha cela, Chanthira me aguardava, sentada em sua cama, ajeitando seus cigarros. A mulher cumpria pena por tráfico e formação de quadrilha e era quem comandava a força ali dentro da prisão. Foi difícil conseguir todos os meios para trazer ela ao meu lado, mas enfim eu possuía sua confiança e seus serviços.

A mulher de meia idade ergue o olhar para mim enquanto o guarda se afasta depois de trancar a cela e me sento em minha cama, ainda pensativa sobre o que a advogada havia me dito.

- Consegui o que você queria Phitsamai.

Ergo o olhar para a mulher, que falava baixo para não chamar a atenção e guardava os cigarros de forma perfeccionista no estrado de sua cama. Ela olha novamente para o corredor das celas e foca seu olhar no meu.

- A velha vai ter seu banho de sol no nosso bloco e horário hoje. Os guardas daquele turno e posição já estão cientes. Não deverá ser difícil atrair ela até o canto daquele muro mais afastado. Já confirmei e a câmera que bate naquele canto está quebrada.

Concordo com a cabeça diante das suas confirmações. Finalmente eu teria a minha chance de me vingar daquela velha asquerosa. Inicialmente só o pensamento de que dividíamos a mesma prisão me era repugnante. Mesmo com toda minha insistência e apelação, John se recusou a permitir que a advogada procurasse minha transferência. Segundo ele, era um gasto desnecessário já que jamais eu teria que cruzar com ela.

Com o tempo, o plano foi se formando em minha cabeça. Aquela velha já passava dos 80 anos. Seria fácil esbarrar com ela e ter pelo menos o seu sangue nas mãos como vingança por tudo que ela me causou e à minha família. Mesmo com a possibilidade de sair daqui em alguns anos, meu marido já havia prometido que não permitiria que eu usasse meu poder contra as garotas Anuntrakul mesmo. Agora ele dava apoio para aquele relacionamento nojento e nada eu poderia fazer para separá-las.

Com a ajuda de Chanthira e sua gangue, eu conseguiria minha vingança de alguma forma.

- E a arma, conseguiu alguma coisa boa para mim?

A mulher soltou o ar pelos lábios de forma a desdenhar do que eu dizia, como se meu pedido tivesse sido por um rolo de papel higiénico e não por uma arma.

Chanthira ergue sua roupa para que eu visse rapidamente uma escova de dentes amarela, derretida até estar bem afiada. Eu já tinha visto muitas presas receberem sentenças maiores por só tentarem criar algo assim ali dentro, não poderia imaginar o risco que era carregar aquilo para cima e para baixo, mas parecia que Chanthira sabia exatamente o que fazer.

Amor entre a Guerra (MonSam)Onde histórias criam vida. Descubra agora