Capítulo 22

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POV Sam

As semanas se passam comigo literalmente feita de refém pela minha própria avó. Não tenho permissão para sair que não seja na companhia dela ou de Kirk, nem mesmo ir para a faculdade eu pude, com ela trancando minha matrícula. Depois que os hematomas sumiram quase por completo, sou obrigada a esconder o que restou com maquiagem, eles tem me levado por ai para resolver coisas de um casamento que eu não quero e nem me importo. Até meu celular ela não me devolveu, como se eu fosse uma criança que precisa de um tempo sem o celular para aprender a lição. Pelo menos ela não havia me batido mais, apenas ameaçava quando eu me comportava um pouco ao contrário do que ela esperava.

Eu não tentei fugir. As ameaças que ela fez contra mim e contra Mon principalmente, fazendo uma cena ao me devolver as chaves da minha casa que estavam em posse de Mon, me fizeram perceber que eu deveria seguir tudo o que ela queria sem reclamar ou questionar. Naquela noite em específico eu chorei tanto agarrada naquelas chaves, passei dias na cama sem querer comer direito ou me mover, que nem suas ameaças mais fortes sobre me espancar me faziam reagir. Então, ela permitiu que minhas amigas, que ela já conhecia e aprovava, apenas Tee e Jim, viessem me visitar para tentar me acalmar um pouco. Foi um alívio saber por elas que Mon estava bem, que o ocorrido com as chaves tinha sido um pouco antes dela ter ido me ver no hospital e que nada demais tinha acontecido.

As visitas de Tee e Jim eram o que me mantinham sobrevivendo a tudo aquilo. Elas me traziam notícias de Mon em especial, e até começamos a trocar bilhetes através delas que se tornaram verdadeiras cartas de amor depois de um tempo.

Nop também vinha me visitar agora regularmente. No início, para avaliar meus ferimentos, mas logo seus cuidados médicos passaram a ser apenas uma desculpa para me visitar e falar sobre Mon e sobretudo o que estávamos passando. Ele havia se tornado um bom amigo para mim também, me dando conselhos e me acolhimento. Nop também tinha uma relação complicada com seu pai, apesar de ser bem mais branda do que a que eu levava com minha avó, e entendia pelo menos um pouco pelo que eu passava.

(...)

Era o dia do casamento. Havia passado um mês desde a última vez que vi Mon no hospital naquele dia. O evento era imenso e seria realizado na mansão da minha avó mesmo já que tinha um grande salão de eventos. Todos os criados estavam escalados para trabalhar e deixar que tudo fosse realizado com perfeição. Minha avó ordenou que fosse feito um ensaio comigo vestida de noiva com Kirk para que fosse anunciado o casamento para a mídia e os maiores nomes da advocacia na Tailândia, magnatas e pessoas de elite. Até alguns parentes do Rei haviam confirmado presença.

Em meu caro vestido de noiva, fui deixada sozinha em meu quarto depois que minha maquiagem e cabelo estavam prontos. Olhava para aquela mulher no espelho, uma estranha para mim, que havia emagrecido pelo menos 10kg nesse último mês, abatida e sem esperança alguma, nenhuma felicidade no olhar. Eu havia lutado esse mês inteiro, me agarrado em cada memória com Mon, em suas cartas, procurando uma gota de esperança que fosse que eu conseguiria me livrar de todo esse sofrimento sem machucar ninguém, que um dia, eu conseguiria viver meu amor sem medo algum, livre. Chorei todos os dias e todas as noites e parece que vivi uma vida dentro dessa prisão que um dia chamei de lar, não apenas 30 dias. Ter conhecido o amor verdadeiro e ser obrigada a me separar dele era excruciantemente doloroso

Uma batida fraca na porta me tirou dos meus devaneios e percebo que algumas lágrimas deslizaram pela pele do meu rosto. Respiro fundo, secando minhas bochechas com as costas da mão, sem me preocupar com maquiagem ou coisa alguma e me viro para a porta, sem esconder toda a dor que eu estava sentindo. Eu iria casar sim com aquele abjeto de pessoa, mas todos perceberiam que não era o que eu queria.

- Entra.

Minha voz sai um pouco embargada e coço a garganta na tentativa de limpá-la, mas isso é inútil, pois assim que a porta se abre e Tee e Jim entram no cômodo, eu me permito desabar por completo. Jim corre até mim e me segura nos braços quando sinto meu corpo falhando em uma excruciante dor em meu peito. Tee logo se junta a nós e por alguns minutos elas permitem que eu apenas chore e libere toda a minha dor, me acolhendo em silêncio.

Amor entre a Guerra (MonSam)Onde histórias criam vida. Descubra agora