Capítulo 16

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POV Mon

Chego na faculdade já procurando nosso grupo e encontro as meninas conversando entre si, bem tensas. Sinto minha sobrancelha franzir tentando entender o motivo delas estarem tão agitadas e me aproximo, dando um beijo rápido e disfarçado no ombro de Sam. Seu olhar se ergue para mim e espero uma bronca pela demonstração de afeto em público, mas seu olhar na verdade é de confusão, assim como das nossas amigas também.

- O que rolou gente? Parece que viram um fantasma ...

Sam pega em minha mão sem falar nada, apenas se despede das meninas, dizendo que as via mais tarde e começa a me levar para o nosso antigo lugar aqui na faculdade, aquele onde costumávamos ficar às escondidas.

- Preciso te contar umas coisas que aconteceu aquele dia que Nita te pegou na minha casa, lembra que fui pra casa da minha avó antes? - Concordei com a cabeça lembrando daquele dia catastrófico. - Com tudo que aconteceu acabei não te contando tudo o que aconteceu lá.

Nos aproximamos do local que era bem afastado, e nos sentamos no gramado atrás das árvores para ficarmos mais escondidas. Não soltei seus dedos e Sam logo puxou minha perna para apoiar sobre seu colo. Ela tinha essa mania e eu confesso que amava aquele gesto.

- O que aconteceu, babe?

Sam me conta então sobre o que estavam conversando com Nita antes que eu chegasse. Aparentemente naquele dia na casa da avó ela ouviu um grito muito alto e aterrorizado e que a avó na hora desconversou, o que foi bem suspeito. Contou que hoje, quando Nita estava relembrando que ela e Sam ouviam os gritos e choro uma da outra quando mais novas quando apanhavam da avó pela proximidade dos quartos, Sam na hora meio que reviveu o grito que tinha ouvido na casa da avó. Mas não o que ela tinha ouvido dias atrás, e sim um grito quando ela era mais nova. Ela insistia que eram da mesma pessoa mas de épocas diferentes, que ela não reconhecia de quem era a voz mas sabia que eram o mesmo.

- Depois de tudo isso, quando falei a Nita simplesmente fugiu. Mon, a cara dela era amedrontada, como se tivesse revivido o mesmo que eu naquele momento, o que é impossível já que essa vez recente só eu estava na casa da minha avó. Ela foi embora praticamente correndo, sem querer se explicar. Quase derruba as pessoas no caminho.

Ouço ela atentamente enquanto faço um carinho de leve com a ponta dos dedos por seu braço, arrepiando seus pelinhos vez ou outra, tentando entender toda aquela história louca que ela me contava e também a reação exagerada da Nita.

- Agora entendi a cara de confusão de todas vocês quando eu cheguei. É tanta informação que estou até zonza. Primeiramente, não tem ninguém de confiança lá na casa da sua avó pra perguntar sobre esse grito que você ouviu? Igual eu tenho a Nana em casa?

Sam negou com a cabeça, a apoiando em seguida em meu ombro meio pensativa.

- Não, minha avó sempre troca de empregadas a cada seis meses, no máximo um ano. A única que ela mantém pra sempre é a Taeng, que é praticamente uma cadelinha dela, que faz tudo que ela manda sem pestanejar e fofoca tudo o que acontece naquela casa para minha avó. Seria a última pessoa no mundo que eu perguntaria sobre algo.

Ficamos em silêncio por alguns minutos, cada uma presa nos próprios pensamentos até que Sam quebra o silêncio com suspiro. A olho com dúvida e ela prontamente responde meu questionamento silencioso.

- Aquele grito não sai da minha cabeça, Mon. Me é tão familiar, um grito feminino, como se eu conhecesse a minha vida toda, como se fizesse parte de mim, sabe? Eu não sei explicar e isso está me corroendo por dentro.

A abraço com força sem conseguir mensurar o quanto sua cabeça devia estar confusa agora. Sam se vira no meu abraço, escondendo o rosto em meu pescoço como ela gosta tanto de fazer. Acaricio suas costas, tentando protegê-la do que quer que fosse que dominasse sua cabeça nesse momento.

Amor entre a Guerra (MonSam)Onde histórias criam vida. Descubra agora