Capítulo 13

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POV Mon

Olho assustada em direção a minha mãe, as palavras sumindo de repente do meu cérebro. "Fale algo Mon, você precisa dizer alguma coisa"

...

"Pelo amor de Deus, Kornkamon, fale!" Minha mente gritava comigo mesma para que eu reagisse.

Minha mãe olha da pequena ao seu lado ainda com uma cara inocente sem saber que acabou de sentenciar a própria irmã a morte e vai até mim, que devo estar mais branca que um papel. Eu vou desmaiar a qualquer momento, eu to sentindo que vou.

- Mon, isso é verdade? - Minha mãe pergunta, a voz ainda num tom normal, provavelmente tentando evitar uma cena na frente do filho de um homem tão importante.

Olho para trás em direção a Nop como se o garoto tivesse as respostas que me tirasse daquela situação. E por incrível que pareça ele tinha. Nop me dá um sorriso amistoso e acena com a cabeça, me incentivando a dizer a verdade, ele realmente me encheu de coragem com aquela atitude. Volto o olhar da minha mãe que me encara séria e solto o ar que não sabia que estava prendendo.

- Sim, mamãe. Eu na verdade sou lésbica.

Olho momentaneamente para meu pai que até parece transparecer um pouco de orgulho no olhar, não conseguia compreender direito o que aquilo significava. Minha mãe então acena com a cabeça e ergo a cabeça esperando minha sentença com coragem.

- Tudo bem.

- Que? - Não consigo evitar o volume estridente com que minha voz sai.

- Está tudo bem, Mon. Não vejo problemas em você gostar de meninas. Só poderia ter me dito isso antes, em particular, para não fazermos Nop passar por esse constrangimento.

Eu ainda estou sem palavras diante da reação dos meus pais, principalmente da minha mãe. Nunca tinha ouvido nenhum comentário homofóbico vindo deles, mas também, pelo pouco que convivemos antes de ser mandada para a Inglaterra, o único assunto de interesse da minha mãe era de que eu me tornasse uma excelente advogada e assumisse a empresa da família. Com todo esse controle com respeito ao meu futuro, imaginei que ela também teria algo a opinar sobre minha sexualidade. Foi uma grande surpresa ver sua calma em relação a tudo isso.

Nop deu uma risadinha baixa e sem graça e se aproximou, ficando ao meu lado de forma respeitosa mas de certa forma como um apoio caso eu precisasse.

- Não se preocupe Sra. Saenthong, na verdade, estou muito feliz de ter vindo pois acho que fiz uma ótima amiga hoje.

Me virei para ele e sorri, concordando com a cabeça enquanto ele retribuiu meu sorriso e me oferecia seu braço para irmos em direção a sala de jantar almoçar, depois de tudo resolvido. Envolvi seu braço com um grande alívio e muita gratidão.

O jantar correu muito bem. Apesar do desapontamento da minha mãe de que eu não havia me interessado no filho de seu amigo, logo ela já estava conversando com meu pai sobre futuras pretendentes para mim. Ela não ia desistir mesmo de me arranjar um casamento. Ela também ficou muito feliz com minha amizade com Nop apesar de tudo, o jantar entre as duas famílias estando confirmado, comigo prometendo trazer alguma amiga da faculdade para apaziguar as coisas entre Nop e seu pai.

Fui dormir feliz aquela noite, já era um grande passo minha mãe aceitar minha sexualidade de forma tão simples, talvez minha relação com a Sam não fosse um problema tão grande afinal de contas. Dormi muito esperançosa quanto a isso.

Assim que chego na faculdade no outro dia, procuro minha garota e nossas amigas que sei que estarão todas juntas. Posso ver sua cabeça se erguendo entre os outros também à minha procura e sorrio, um grande sorriso que sei que toma praticamente meu rosto inteiro. Eu ainda não estava acostumada em quão forte era essa nossa conexão. Seria sempre assim? O desejo de estar juntas o tempo todo, de me sentir transbordando de alegria cada vez que eu via seu olhar pro meu? Sentir sempre meu coração errar uma batida ao me aproximar dela, para logo depois ele sair em disparada em batidas que eu sabia que todos ao redor poderiam ouvir?

Amor entre a Guerra (MonSam)Onde histórias criam vida. Descubra agora