Capítulo 14

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POV Mon

Enquanto espero Sam voltar, decido tomar um banho e ligar para meu pai e avisar que iria dormir em uma "amiga". Depois que desliguei o chuveiro lembro que esqueci de pegar uma toalha, teria que usar o roupão da Sam mesmo. O que não seria uma má ideia, ter o cheiro dela para matar um pouco das saudades que eu já estava sentindo da mais velha. Esperava que a avó não a segurasse por muito tempo, queria aproveitar a noite toda ao lado daquela que tinha meu coração inteiro só para ela.

Saio do box e vejo que ao lado de onde ficava seu roupão havia outro. Olhei confusa antes que um sentimento quente invadisse meu coração. Ela já deixou um roupão pra mim ali em seu banheiro?

Eu deveria me assustar com a velocidade com que nossa relação estava indo? Provavelmente sim. Mas não sentia nada além de muita, muita felicidade. Eu nunca tinha me sentido tão importante na vida de alguém como estava sentindo naquele momento. Meus pais não se incomodaram de me enviar pra viver sozinha a quase 10 mil km de distância com apenas 8 anos de idade num internato. Mal me visitavam ou me traziam pra Tailândia para ficar com eles. Quando Emily nasceu, achei que as coisas mudariam um pouco e me permitiriam ficar mais perto deles, mas mesmo eu pedindo e às vezes chorando por querer estar por perto da minha irmãzinha, para minha mãe minha educação no exterior era mais importante do que fazer parte da minha vida e do meu crescimento.

Mas com Sam tudo era diferente. Sam me queria na sua vida, eu sentia que ela queria que eu fizesse parte de absolutamente tudo assim como eu queria que ela fizesse parte de tudo na minha vida. Todas as pequenas coisas, desde deixar um roupão para mim em seu banheiro, até me confiar as chaves da sua casa, tudo isso só demonstrava para mim que ela queria minha presença constante na sua vida. Eu me sentia importante na vida dela, quase essencial.

Me enrolei no roupão que ela deixou ali para mim, podia sentir o conforto do roupão novinho me abraçando. Fui até seu guarda roupa e escolhi uma calça de moletom cinza e uma blusinha simples preta e amarrei meu cabelo num coque frouxo. Coloquei também uma meia para poder andar pela casa e liguei para meu pai.

- Alô, pai?

- Oi filha

- Pai, vou dormir na casa de uma amiga hoje, tá?

- De novo, Mon? Toda semana você vem dormindo fora ...

Meu pai ficou em silêncio de repente e eu fico confusa, olho para o celular para ver se a ligação tinha caído.

- Pai?

- Quem é essa amiga, Kornkamon? - É a voz da minha mãe - Você está namorando alguém e não quer nos dizer, não é verdade?

Fico muda por um momento, sem saber o que dizer para ela.

- Não mamãe, não estou namorando.

- Então quem é essa tal amiga?

- É da faculdade ...

- Você não vai me dizer o nome dela? Temos que conhecer essa menina e sua família. Não é porque você é lésbica e essas coisas que pode sair com qualquer uma

- Me deixa conhecer melhor ela, ok? - Resolvo admitir um pouco a verdade para ver se ela me deixava um pouco em paz. - Ver onde esse relacionamento vai dar. Ai eu prometo te apresentar, te apresentar a linhagem inteira dela.

- Você dorme na casa dessa menina quase todos os dias, o que mais você tem que ver onde vai dar?

- Tchau mamãe

Ouço ela bufar do outro lado da linha e desligar a ligação e suspiro, me jogando na cama de Sam. Bom, pelo menos ela não tentou me proibir de nada. Sinto meu estômago roncar e olho para a hora. Acho que já poderia pedir algo para jantarmos né? Esperava que a avó da Sam não a levasse para jantar e eu tivesse que comer sozinha.

Amor entre a Guerra (MonSam)Onde histórias criam vida. Descubra agora