Capítulo 23

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POV Mon

flashback on

Assim que Nop me tira do quarto praticamente arrastada vejo um vislumbre daquele homem asqueroso, Kirk, de longe, conversando com uma enfermeira e então entendo a pressa que Nop tinha em me tirar do quarto de Sam. Não queria arranjar mais problemas para ela, então passo a colaborar, o seguindo para o elevador e então para fora do hospital, onde estacionei o carro de Jim. Todo o caminho eu faço engolindo meu choro, secando as lágrimas que insistiam em cair, sentindo o nó que se formou em minha garganta. O vislumbre dos machucados de Sam, seu rosto roxo e inchado, me deixava triste e furiosa ao mesmo tempo. Era tanta crueldade contra ela, contra uma mulher tão gentil e doce, tão perfeita em todos os sentidos, eu não conseguia compreender. Tento deixar mais evidente nosso último toque, nosso último beijo e o som da sua voz dizendo o quanto me amava.

Quando chegamos na porta do carro, Nop me abraça forte sem eu precisar falar nada, e eu me permito liberar todas as lágrimas que acumulei durante o caminho. Ele entendia tudo pelo que estávamos passando e não poderia pedir um amigo melhor naquele momento. Meu corpo passa a convulsionar e eu sentia os soluços escapando enquanto eu pensava em seu rosto quando me afastei de sua cama, a dor que compartilhamos por termos que nos separar. Momentaneamente. De forma alguma eu deixaria ela, de forma alguma eu desistiria dela e do nosso amor. Eu a protegeria inicialmente me afastando, sim. Não tínhamos muito escolha por agora a não ser mantê-la nas mãos daquela megera enquanto eu encontrava uma maneira de tirá-la de lá. Eu não descansaria, não pararia de arrumar uma forma de salvá-la, de salvar o amor da minha vida de toda essa crueldade e injustiça.

Após alguns minutos eu consegui me acalmar. Nop se afastou um pouco, segurando em meu rosto e me fez olhar para ele, secando minhas lágrimas com seus dedos tranquilos.

- Eu vou cuidar dela, Mon. Vou fazer o possível para acompanhá-la o tempo todo. E vou te atualizando sobre tudo, ok?

- Muito obrigada Nop, por tudo. Por me avisar, por cuidar dela, por nos fornecer esse momento tão importante.

Me jogo em seus braços novamente, aproveitando seu apoio para me acalmar e ter forças para dirigir de volta e devolver o carro de Jim. Ainda era madrugada quando deixei o carro no condomínio de Tee, deixando a chave do carro com o porteiro e avisando Jim por mensagem antes de sair caminhando sem rumo pelas ruas escuras e vazias. Respondi à Jim e às outras meninas que precisava ficar um pouco sozinha e depois contava como foi a visita ao hospital quando me perguntaram se eu queria companhia. Eu tinha que entender tudo o que eu estava passando, precisava me acalmar e pensar com clareza o que eu poderia fazer para tirar Sam daquela situação, proteger ela mas também proteger Emily. Eu fugiria do país sem nem pensar duas vezes, fugiria agora com a roupa do corpo se tivesse Sam junto de mim. Mas, ela tinha razão. Eu não conseguiria deixar Emily para trás de forma alguma. A simples menção de nunca mais poder ver minha irmãzinha era doloroso e insuportável e eu jamais deixaria Emily passar por tudo isso sozinha, não deixaria ela lidar com minha mãe sozinha.

Não, eu teria que ser racional e inteligente agora. Precisava descobrir a forma mais segura para nós três de nos livrarmos dessa guerra sem fim e sem sentido de nossas famílias.

O sol começava a nascer no horizonte quando meu celular tocou em meu bolso. Penso em ignorar mas poderia ser Nop com notícias, então pego o aparelho e vejo o nome de minha mãe na tela. Suspiro. Precisava pensar em alguma desculpa para não estar na minha cama naquele horário e percebo que o melhor era ir com a verdade, pelo menos uma parte dela.

- Oi mãe.

- Kornkamon, onde você está? Eu juro que se você tiver ido atrás daquela Anuntrakul ...

Amor entre a Guerra (MonSam)Onde histórias criam vida. Descubra agora