Tudo sob controle

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A partir de hoje, devo agradecer ao que quer que seja que tenha colocado essa deusa no meu caminho. E tudo bem, eu ainda tenho sentimentos pela desgraçada da Tzuyu, tenho sim, porque nosso namoro era maravilhoso. Mas que se dane ela e os meus sentimentos. Só consigo ficar perdidinha nessa voz da Mina enquanto ela é extremamente atenciosa comigo.

Fica difícil saber se ela faz isso porque é natural, porque tem interesses na minha vitalidade, se é os dois, mas quem liga pra isso?

— Então no lance da imortalidade, você pelo jeito não envelhece né?

— Depende. Algumas envelhecem até certa idade, outras continuam envelhecendo. Eu envelheci só até os vinte e cinco.

— Levou sorte, loira. Vai viver a eternidade com essa carinha linda. — Termino a minha terceira xícara de café. Normalmente eu não teria dado uma de esganada na casa dos outros. Mas além da xícara ser pequena, ela insistiu, e além do mais eu vou passar a viver com ela.

— Eu ainda queria ter chegado nos trinta anos físicos. Me daria um ar mais experiente.

— Acho que mesmo assim você tem esse ar. — Ela dá um sorriso convencido.

— Então é você. — Uma terceira voz surge, uma mulher se aproximando de nós. Usando uma jaqueta de couro toda furada. Arriscaria até falar que esses buracos são de bala. Umas marcas enormes de sangue seco no pescoço e nas mãos, o cabelo cor de mel todo desgrenhado. E mesmo assim ela é lindíssima. Ah que sorte, vim parar em um lugar cheio de mulheres bonitas. Seria um sonho? — Eu também senti ela de longe.

— Chaeyoung, aqui é uma parte que eu me esqueci de te falar. Esta é minha prima, Minatozaki Sana. Sana, essa é Son Chaeyoung.

— Muito prazer, Chaeyoungie. Até apertaria a sua mão, mas estou impossibilitada. — Ela se senta na cadeira vazia junto com nós duas na mesa.

— Prazer. E se permite a pergunta, por que está impossibilitada? — Não resisto em perguntar. Ela não se incomoda. Pega a xícara que Mina estava usando e volta a olhar para mim.

— Está vendo a xícara na minha mão? Eu consigo segurá-la, consigo sentir o vidro. — Sana larga a xícara e faz menção de pegar a minha mão. Mas quando chega perto, não consegue.

É a coisa mais sinistra que eu já vi. Empatado com o lenço flutuando. A mão dela ultrapassa a minha, não dá pra sentir. Ocupa o mesmo espaço.

É como um fantasma.

— Mas a sua mão eu não posso tocar. Nem na de ninguém. Deve estar pensando em fantasmas, não? É exatamente isso.

— Então você não pode tocar em pessoas, mas em objetos sim?

— Sim. Antes, nem em objetos. Era tudo. Com o tempo eu aprendi a dominar isso, da maneira que dá. — Ela explica dando de ombros, é uma coisa triste, mas ela parece tentar esconder isso.

— Mas vocês não são bruxas? Não dá pra reverter? Deve existir alguma feitiçaria possível né?

— Esse é um dos motivos do nosso pacto. Somos amaldiçoadas. Sana não pode sentir ou tocar em seres vivos. Eu tive uma parte enorme da minha vitalidade roubada de mim.

Adoro ir descobrindo mais detalhes de um rolo a cada minuto que passa. Bem que eu senti que aqui com certeza o buraco é mais embaixo.

— E quem amaldiçoou vocês?

— Uma vagabunda, imunda, cretina-

— Uma desgraçada chamada Isla. Ela matou uma das futuras líderes do clã, pra ficar no lugar dela. Nós duas vimos, e aí aconteceu. — Mina corta Sana porque pelo jeito ela iria fazer uma longa lista de ofensas a tal da mulher. — Sei que pode parecer pouco pra mim, que eu só fiquei fraca. Mas-

A Bruxa Tá SoltaOnde histórias criam vida. Descubra agora