A Bruxa Tá Solta

Medo só dos vivos

[...]

Tzuyu

Três dias longe da minha casa.

Três dias.

Três malditos dias!

Não consigo entender porque eu sempre tenho que ferrar com a minha vida bem na hora que tudo tá dando certo. Por que ou sou eu, ou é um portal infernal maligno que gosta de ficar estacionado do meu lado!

Tava tudo ótimo sabe?

Por meses eu não briguei com a minha mãe, e olha que isso é um recorde! Eu estava no melhor relacionamento que eu poderia ter com alguém, com a certeza de que Son Chaeyoung era minha cara metade. E ainda é.

Minhas notas melhoraram, e eu nunca estive tão de bem comigo mesma. Longe dos filmes de terror, vídeos e qualquer historinha ou post sobrenatural que fosse aparecer nas redes sociais. Ou nos sonhos.

Até parei de tomar a minha medicação. Tenho isso desde criança, tudo depois de um susto combinado dos meus primos em um porão. Aquilo foi tão real, que se tornou realmente real. Naquela noite o fantasma sangrento nos fez uma visita no sítio. Mas claro, quem foi a única que viu?

E agora, toda a merda aconteceu quando eu aceitei sair do centro da festa e ir pra uma festa dentro da festa. Eu sabia que não ia dar certo entrar na casa das Zeta. Não graças ao meu histórico com três delas.

Deixando claro, que foi em momentos diferentes.

Em um segundo eu estava quietinha curtindo a música, no outro aquela ruiva veio pra cima de mim. O canto virou um canto compartilhado. Eu fui fraca. Como se eu fosse feita apenas de carne, e não de sentimentos.

Depois desse lapso que eu pensei que fosse me deixar em paz, tudo desandou. Não ia mesmo contar pra Chaeyoung. Se não teve importância por que eu contaria?

No outro dia não encontrei ela, quem eu encontro é uma loirinha de nariz empinado. Aí de repente não sei como, a Chaeyoung simplesmente se muda, descobre tudo o que eu fiz, e não olha mais na minha cara.

Sabe aqueles dias que tudo o que você quer, é enfiar a cabeça no travesseiro e dormir até o mundo acabar num barranco?

Eu só quero isso.

Mas nem isso eu posso me dar ao luxo de fazer. Já que o meu apartamento está sendo habitado pelo capeta ou algum demônio da gangue dele.

Exatamente na noite seguinte da noite que eu destruí o meu relacionamento, tudo veio de novo. E não seria tão terrível, eu poderia tomar alguns calmantes e esquecer, eu já passei por isso antes. Mas e quando o espírito demoníaco te mostra o rosto? Nenhum remédio é capaz de tirar aquela imagem da minha cabeça. Foi a pior noite da minha vida.

E está gravada no sorriso daquela mulher macabra. Um segundo tão rápido, mas ao mesmo tempo tão eterno. Nessa noite eu percebi que o mais perto que eu cheguei da morte, foi quando ela sorriu pra mim. Meu coração ficou a um centímetro de infartar.

E se fosse uma vez. Tudo bem. Eu superava. Mas duas vezes? O espírito ainda volta! Eu acredito totalmente nessas coisas, e acho que devo atrair eles. Claro, eles devem adorar se divertir com o medo alheio!

E ela vai voltar de novo. Eu sei que vai. Ela disse que vai. Não posso mais voltar.

Só que eu preciso voltar. E como é que eu vou fazer? Se aquela noiva maldita dos mortos tá rondando o meu apartamento?

— Tzuyu? É você garota? — Olho para os lados e vejo quem me chama.

Caramba, ela já é linda, fica ainda mais linda de uniforme. Os anos são como vinho agindo sobre ela.