Ótimo pressentimento

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Feitiços não deram certo. Ou o jeitinho humano de tentar fazer alguém acordar. Então antes que o desespero viesse mesmo, Mina e Sana decidiram contar os dias. Se depois de quatro dias ela não despertasse, aí sim era o momento de se desesperar.

Quatro dias. No final das contas, os quatro dias eram mais importantes do que qualquer outra coisa. O tempo para voltar a dormir, e o tempo para acordar.

Jihyo abriu os olhos e se ergueu rápido, olhando ao redor. Teve cada músculo do corpo relaxando ao ver que era o quarto de Jeongyeon. Tudo milimetricamente arrumadinho, inclusive as cobertas quentinhas sobre ela. A luz do sol entrando pela janela, o cheirinho de leite fervido (era normal o esquecimento de Im Nayeon), e vozes estridentes na sala.

— Não, Nayeon, canta direito vai! Agora é a melhor parte! — Jeongyeon se balançava junto com a Im, dando alguns giros pelo tapete. — It's like a dream, no end and no beginning, you're here with me it's like a dream-

Let the choir sing!

When you call my name, It's like a little prayer, I'm down on my knees, you know i'll take you there! — Jeongyeon completou. Jihyo se apoiou na parede, espiando as duas cantando juntas as próximas partes. — In the midnight hour, I can feel your power, just like a prayer, you know i'll take you there!

A alegria delas era contagiante, não só pra Park, para qualquer pessoa vendo aquela cena. Esse não era o unico motivo do sorriso de orelha a orelha dela. Jihyo pensou, aquilo sim era um lar. As duas eram a coisa mais próxima de um lar que ela já teve na vida.

When you call my name, It's like a little prayer, I'm down on my knees i wanna take you there! In the midnight hour, I can feel your power, just like a prayer, you know i'll take you there!

E não conseguiria colocar em palavras como se sentia feliz por acordar e poder vê-las mais uma vez.

— Bom dia. — A voz de Jihyo fez com que Nayeon e Jeongyeon se virassem.

— Jihyo!

— Você acordou!

— Acho que dessa vez não passaram cinquenta anos, não é...? — Por um momento Jihyo temeu que fosse aquele o caso. Elas continuariam tão conservadas?

— Claro que não, bobona!

Foi rodeada pelos braços das duas. Afundada no meio de um abraço, parecia até o primeiro da vida. Antes de ser fadada ao sono quase eterno, Jihyo não era muito de se relacionar com as pessoas. Todos que sabiam dela mantinham distância, e ela mantinha distância daqueles que nem suspeitavam de seu poder destrutivo.

— Parece que sentiram saudade.

— É. A gente se acostumou com você.— Nayeon tratou de se afastar rapidinho.

— Eu também sentiria falta de vocês se tivesse que...Vocês sabem. Agora acabou. — Jihyo se esquecia de tudo olhando para elas. E quase se esqueceu de um ponto importante. Quando um estouro ecoou na sala, a música parou e o cheiro de queimado atrás da televisão se espalhou, foi para ela se lembrar.

Nem tudo tinha acabado.

[...]

Faltava pouquinha coisa para o mundo se tornar um lugar perfeito aos olhos de Isla. Ela já tinha tudo na mão. Ou quase tudo. No comando da Ordem, nenhuma organização humana se atreveria a tentar parar o que estaria prestes a acontecer. No comando do clã das bruxas do leste, com autonomia e poder, outras bruxas fazerem oposição seria uma declaração de guerra.

A Bruxa Tá SoltaOnde histórias criam vida. Descubra agora