Vade Retro!

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Em algum momento da arrumação, Chaeyoung colocou as mãos no livro com todo cuidado do mundo, como o bem precioso que ele era. Sua curiosidade crescia mais toda vez que era um pouquinho saciada. Havia de tudo no meio daquelas páginas bem conservadas. Claro, feitiçaria em todos os sentidos da palavra.

Um livro daqueles em mãos erradas poderia causar um estrago. Principalmente a página que relatava todas as maneiras de um humano fazer magia. Exigia um treino pesado e uma prática de anos e anos para um único feitiço.

Chaeyoung também entendeu com mais detalhes toda a natureza de seu ser. Além do que Mina e Sana contaram a ela. Gostou de saber que ninguém nunca havia descoberto a real origem dos faróis, eles simplesmente tinham sua existência atrelada a das bruxas. Um complemento.

Um farol não saberia o que era, e o que poderia ser, se algum dia não cruzasse caminho com uma bruxa. E uma bruxa poderia até ser completa, mas nunca veria as maravilhas que era capaz de fazer, se não encontrasse seu farol.

Para cada bruxa e bruxo, um ser de energia. E foi assim. Até a busca pelos faróis se tornar sangrenta. Porque com dinheiro, bens, amor, qualquer coisa que fosse oferecida em troca, não eram todos que aceitavam. Não eram todos que se permitiam compreender.

Então uma anciã interviu, diminuindo o número de faróis. Nem todos eles nasceriam com saúde para terem descendentes.

Chaeyoung ficou pensativa, encarando o anel na mão direita.

— Então não é aleatório. E sim, hereditário.

A última informação daquele tópico de três páginas, fez Chaeyoung se encostar na cadeira.

"Aquele que possui o conhecimento de sua própria essência, devidamente orientado, tem o poder de moldar sua própria vitalidade conforme desejar. Desde a capacidade de trazer cura e restauração, até a aniquilação de uma bruxa. Uma vez que absorver todo o poder dela para si."

Aquilo foi uma grande revelação. E ela teve que disfarçar ao ouvir as vozes de Mina e Nayeon voltando da cozinha. Fechou o livro, fingindo que não tinha lido nada além da página que descrevia o ritual.

— Achou a página, Chaeng? — Mina perguntou. Chaeyoung balançou a cabeça e abriu na página onde tinha deixado a caneta.

Quando seguiram pra sala, a japonesa colocou o livro aberto nas mãos de Nayeon.

— O que é que eu vou fazer com isso, Mina?

— Não falou que ia ler o feitiço? É exatamente o que você vai fazer, Nayeon. — Nayeon sentiu medo da carinha de diversão dela.

Mina pegou a caneta, e sem dó algum do estado de conservação do livro, o que fez Chaeyoung fechar os olhos em desaprovação, traçou uma linha reta sobre as palavras com a caneta marca texto.

— É tudo o que você vai ler. Ou melhor, proferir o feitiço.

A porta de entrada foi batida com força contra a parede. Jeongyeon e Momo arrastavam a falsa Tzuyu para dentro, enquanto Dahyun trancava a porta o mais rápido possível.

— Aqui está. — Dahyun respirou ofegante.

Mina puxou uma cadeira, e a alma com péssimas intenções pôde se sentar. Chaeyoung estranhou ela estar sequer se debatendo. Calma demais para uma alma prestes a perder seu precioso corpo novo.

— Ninguém vai tirar a fita da boca da Tzuyu demoníaca? — Nayeon perguntou como quem não queria nada.

Dahyun puxou a fita, e Momo não teve tempo para impedir.

A Bruxa Tá SoltaOnde histórias criam vida. Descubra agora