O que é o quentinho da madrugada fria?

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O clima em outros lugares poderia estar ótimo, mas dentro daquele elevador estava péssimo.

Jeongyeon ainda batia de leve a cabeça na parede de metal, deixando Nayeon a beira de um surto. O frio só aumentava, e não, elas não iriam se abraçar. Mesmo que fosse o certo a se fazer.

— Bata mais uma vezinha, Jeongyeon, e eu vou atravessar a sua cabeça nesse elevador. — Nayeon resmungou de olhos fechados, apesar do cubículo não estar no puro breu, graças as lanternas acesas dos celulares no chão.

Jeongyeon bateu com mais força, esperando ela voar em seu pescoço.

— Poxa Nayeon, nada?

— Não acredito que não gostei realmente de ninguém naquela terra maravilhosa, que fosse me acordar com lindos elogios em espanhol, pra chegar aqui e me apaixonar logo por você!

O ego de Yoo Jeongyeon foi jogado em uma catapulta enorme, sem passagem de descida. Era bom demais ouvir aquilo da boca de Nayeon.

— Fazer o que, o coração não escolhe. Garanto que ninguém estaria aqui se fosse o contrário.

— Presas em um elevador, porque estávamos totalmente desesperadas procurando uma bruxa doida varrida que a gente mal conhece a duas semanas?

— Se eu pudesse...Com certeza teria escolhido não me meter em nada disso. — Jeongyeon suspirou, reafirmando que ela não havia passado nem da terceira linha. Nayeon imaginou que se ela tivesse vivido metade do que Tzuyu e Chaeyoung viveram, já teria pedido arrego.

— Como você é cagona, Jeongyeon. Prefere passar a vida inteira numa rotina sem graça, do que colocar a cara a tapa. — Nayeon a olhou com desdém. — E nem abra a boca pra dizer que se arrisca todos os dias na sua profissão, você sabe que não é esse o nosso assunto. — Continuou quando a Yoo tentou rebater.

— Podendo, sei lá, voltar pra Espanha. Você preferiria continuar aqui, no meio dessa história? Com sua vida em risco, e isso não é brincadeira!

— Sim. Pelo menos tem mais graça. — A Im respondeu dando de ombros. — Olha a minha vida, Jeongyeon. Tenho dinheiro e não tenho um trabalho, devia ficar feliz mas me sinto um fracasso. Voltei pra minha cidade mas sinto falta da outra. Gosto de uma mulher, mas ela definitivamente não quer um relacionamento sério comigo.

Foi a vez de Jeongyeon fechar os olhos com a parte em que era citada. Não era que ela não gostava de Nayeon. Gostava, e muito. Mas permanecia em dúvida se isso era o suficiente para ter um relacionamento com ela. Se apenas ficar com ela e morar na mesma casa já era complicado, como seria namorar e compartilhar o teto?

— Nayeon. Eu só...Não...Eu não estou pronta.

— Eu sei que não. — O olhar cabisbaixo da Im machucava Jeongyeon mais do que ela gostaria. — Talvez no final das contas, você não esteja pronta pra mim. — Nayeon falou depois de alguns minutos em silêncio.

Quando aquela conversa tinha ganhado uma terceira ponta? Ou melhor, como aquela confusão de sentimentos se tornou ainda mais confusa? Porque sim, uma terceira envolvida surgiu tão sorrateira, que foi como se estivesse ali o tempo todo.

A conversa morreu naquela hora.

Porque nenhuma das duas estaria disposta a colocar pra fora o que tinham a dizer, de verdade, sobre o motivo de estarem presas no elevador.

Park Jihyo.

Na procura dela, Momo e Dahyun fizeram um milagre acontecer. A paz. O maior período de paz entre elas até então. Apesar das ameaças de porradaria continuarem vivas, e nenhuma delas poderia ter certeza até que ponto era brincadeira. E de uma certa forma, aquilo não era bem uma busca por uma bruxa descontrolada.

A Bruxa Tá SoltaOnde histórias criam vida. Descubra agora