Chama aquilo de nó de marinheiro?

240 33 36
                                    


Hoje em dia eu não sou uma pessoa muito atlética.

E olha que eu jogava muito vôlei no colégio. Andava de bicicleta pra cima e pra baixo. O que me facilitou muito em não me perder nunca por aqui. Mas ultimamente, meu único exercício físico é bater perna. E só.

Então é difícil despistar esses malditos marombas. É muito difícil. Não sei se eles se entopem de anabolizante, ou se os músculos são de futebol mesmo. Mas eles correm pra burro. E eu sou só eu.

Até que as escadas do metrô apareceram iluminadas pra mim. Ah graças a deus um abençoado teve a ideia do metrô. Benditos esses túneis. Desço e pulo a catraca com eles atrás. Até tem um guardinha por ali, mas duvido que vá adiantar.

E o trem que estava parado fecha as portas na minha cara. Consegui um segundinho de atraso pra eles, e sou obrigada a me esconder no banheiro. Entro na penúltima cabine porque entrar na última sempre levanta mais suspeita.

Fico quieta e agachada em cima da privada. Em que nível eu fui chegar. Fugindo de uns caras que eu nem devo nada. Ouço a porta principal abrir com tudo e aí eu tenho certeza que já era.

— É tão fácil, Tzuyu.

— É só dar um endereço.

— Ela não vale tanta proteção assim.

São mesmo os três patetas! Ai que raiva. Minha sorte é eles fazerem cera e demorarem. Dá tempo de torcer pra alguma coisa acontecer. Outra pessoa entrar. Sei lá que caramba. Mas eles começam a abrir uma por uma.

Meu sangue chega a gelar.

Já vou aceitando que eu não tenho mais saída. Chega na hora de abrirem a minha cabine, mas nada acontece. Ouço um barulho estranho, e depois só silêncio. E fica assim por mais cinco minutos.

Ok. Já era pra terem me pegado. Acho que tá tranquilo pra sair. Quando abro a porta, vejo que realmente alguma coisa aconteceu. De dar medo. Mas tendo em vista um detalhe, é como se o medo não fosse tão grande.

O medo ainda é grande quando se está familiarizado com o agente causador?

— Sana.

Ela está sentada na pia, bem confortável, com a mão esticada. E os três...Suspensos na parede, e cada um deles com a mão no próprio pescoço, se sufocando. Dando uma de Darth Vader.

— Me diz aí gatinha, mato ou não mato?— Ela olha pra mim com um sorrisinho divertido no rosto. Isso me dá um arrepio tão grande que eu nem sei se já senti um negócio nessa proporção antes. — Você que decide.

— A-acho...Acho... — E quando foi que eu fiquei tão gaga antes? O sorriso dela vai aumentando conforme as palavras se embolam na minha boca. Essa desgraçada ainda fica mais linda cada vez que eu vejo ela. — A-acho melhor não.

— Certo. Você que manda. — Sana baixa a mão e eles caem desacordados. — Está tudo bem, Tzuyu? Você se machucou?

A maldita me salvou.

É claro.

Eu não devia ficar agradecida. Provavelmente ela estava me seguindo.

Que droga.

Como eu não vou ficar agradecida?

Ela parece tão preocupada, tão atenciosa. Como ela pode ser assim sem sequer conseguir encostar em mim?

— Não. Eu estou bem.

— Nunca deixaria ninguém te machucar. Só eu posso fazer isso. E ainda assim, fiquei com a consciência pesada. Mesmo que tenha sido legítima defesa. — Sana diz descendo da pia.

A Bruxa Tá SoltaOnde histórias criam vida. Descubra agora