Feliz aniversário e um feliz ano novo!

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— Isso tudo é tão maluco...

— Tudo tudo, ou tudo, tudo da parte maluca?

— Tudo tudo. Pensa. Nós estamos aqui, no meio do nada. Vendo o céu mais estrelado que nós já vimos. — Tzuyu disse com o olhar perdido entre as milhares de estrelas brilhando no céu escuro. Eram tantas que ela nem sabia para qual olhar. Entre as mais acesas, as mais apagadas, as que piscavam, e as que se mantinham paradas. Todas em um passado distante. — Esperando por um sinal das nossas bruxinhas. Estalando os dedos e fechando os olhos, nós duas ainda estaremos no dia trinta e um, meses atrás. Combinando de ir ou não ir naquela festa.

Mas agora, estavam deitadas sobre o capô de um carro alugado, bem judiado, em uma noite que ficava mais fria a cada minuto que passava naquele deserto.

— Quem vai saber o que teria acontecido com a gente, se você não tivesse pegado dinheiro emprestado com o agiota. — Tzuyu deu uma risada leve, imaginando as milhares de possibilidades. Chaeyoung riu também, se lembrando da última fuga daquele dia, quando desmaiou.

— Eu sei uma opção. — Chaeyoung sorriu. E rapidinho seu sorriso se desfez. Ao pensar que poderia não ter pedido dinheiro ao agiota. E sim para Tzuyu, que era a opção mais correta. — Nós... — Ela suspirou. — Acho que nós nunca teríamos conhecido os amores das nossas vidas.

Tzuyu sentiu em cada centímetro do corpo e da mente, o vazio que não existia quando ainda não havia conhecido Minatozaki Sana. Sentiu aquele vazio profundo por pensar que nem ele estava lá antes dela, porque nem sabia que alguém como ela existia.

Uma sucessão de vazios.

Um vazio para Tzuyu. Um aperto no coração dela, e no de Chaeyoung. Que preferia morrer do que nunca mais ver o sorrisinho de Myoui Mina. Pensando que por um detalhe diferente, poderia nunca ter ouvido o som suave da voz dela.

— Ai, credo!

— Que horror.

— Por que a gente foi tocar nesse assunto mesmo?

— É, muda, muda.

Longe dali, na trilha muitos e muitos metros depois da estrela, Sana e Mina caminhavam cheias de cansaço. Parecia que não iam chegar nunca na tal base. Se pra uma montanha daquelas era um horror para chegar na mísera base, não queriam nem ver o esforço que seria para chegar no cume.

— O que será que ele vai pedir, hein Sana?

— Eu prefiro nem tentar descobrir. — Sana resmungou ofegante. — Me mato se depois de tudo, acabar como assombração de parque ambiental.

— Como se nós pudéssemos fazer isso... — Mina debochou, tentando respirar normalmente, e não como uma condenada.

Não.

Até agora, Myoui Mina e Minatozaki Sana não haviam percebido uma coisa. Era só dar uma olhadinha em seus pulsos. Algo tão simples.

— Eu agora posso te dar o tabefe que eu prometi. Te cuida. — Sana mostrou a língua para ela, que fez igual.

Pararam de andar no momento em que chegaram a um campo seco, cheio de arbustos, e sem mais nada ao redor. Com o resto da cadeia de montanhas próxima.

— É aqui. Qual vai ser o sinal? Porque de celular não vai ser. — Mina apoiou as mãos nas pernas, ganhando fôlego. — Ela tava certa, aquele projeto de maromba da Dahyun. Eu sou uma sedentária.

— Pelo menos isso aqui já serve de exercício. — A Minatozaki se sentou no chão. — Eu pensei...Deu certo com você. Posso mandar o sinal como uma mensagem pra Tzuyu.

A Bruxa Tá SoltaOnde histórias criam vida. Descubra agora