Infelizmente, para nós duas

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Em uma noite estrelada depois de um tremendo temporal, Tzuyu se surpreendeu mais um pouco com a quase não mais estranha Kim Dahyun. Ela era alguém com quem o assunto dificilmente acabava. Uma companhia rara de se encontrar na atual fase de Tzuyu. Então já era de se esperar que chegasse de madrugada em casa. Tzuyu perdeu esse hábito desde que começou a namorar Chaeyoung. Com o término, alguns velhos hábitos estavam voltando com força.

Ela só esperava que não fossem todos.

Tzuyu fechou os olhos quando abriu a porta. Mas tudo o que viu ao entrar no apartamento, foi uma poltrona vazia. Nem sinal dela. Dois dias sem nenhuma visita. Sem nenhuma perturbação. E no fundo Tzuyu queria que a alma penada estivesse bem ali a esperando. Fazia sentido o que Chaeyoung tinha dito uma vez.

"É sempre bom ter alguém esperando por nós."

— Vai entender... — Tzuyu decidiu ignorar a ausência da fantasma. Afinal, era pior quando ela estava presente. Por que sentiria falta dela?

Enquanto isso, Dahyun entrava em silêncio no quarto que dividia com Momo. Um problema, afinal tão desagradável quanto trabalhar com ela, era trabalhar e dividir quarto com ela. Dahyun facilmente pagaria para não ter que dividir nem o mesmo ar com ela. Mas foi recomendado pela chefia que se hospedassem no mesmo lugar. E aquele era o único hotel com um quarto disponível. Teria que dividir até outro ser liberado.

E mesmo que estivesse cheia de vontade de incomodar o precioso sono dela, Dahyun foi iluminando as coisas com o celular até achar seu pijama dobrado em cima da mala.

— Dahyun.

— O que foi, Momo? — Dahyun perguntou já entristecida por ela ter acordado.

— O analgésico acabou, e eu não consegui encontrar a segunda cartela. — Momo não queria mesmo ter que pedir a ela, e ainda estava na dúvida. Mas nem precisou. Ouviu um suspiro e a luz do quarto foi acesa.

Dahyun logo estava estendendo a mão com os dois comprimidos a ela.

— Por favor, não se machuque de novo. — Momo ergueu uma sobrancelha, até parecia uma preocupação. — É um saco ter que cuidar de doente.

— E quem disse que você está cuidando de mim? — A japonesa pegou os comprimidos. — Eu só não procurei porque mal paro em pé com a perna desse jeito.

— Só o fato de pegar um comprimido pra você, pra mim já é cuidar. — Dahyun deu de ombros e foi apagar a luz.

Momo revirou os olhos. E então se lembrou da parte em que se encontrava nos braços dela, com uma perna sangrando. Normalmente quem causaria o sangue seria ela. E normalmente ela não ligaria. Talvez mesmo em missão. Dahyun era íntegra, mas conhecendo ela, Momo poderia jurar que ela não teria a levado para o hospital. Teria ido atrás da bruxa.

Mas não foi.

Com toda certeza do mundo, Momo se arrependeria do que ia fazer. Colocaria toda a culpa no sono e no remédio. E no coraçãozinho mole que mesmo ainda querendo ver Kim Dahyun toda ferrada, sentia certo...Dó?

— Dahyun. Dorme na cama. — A Kim teve que se certificar de que ouviu certo, até parou no meio do caminho de volta entre o interruptor e a cama perto da janela.

— O quê?

— Eu sei que é ruim dormir nessa caminha de solteiro aí. E as suas costas não são as melhores.

— Você leu a minha ficha? — Dahyun ficou pensativa se Momo sabia disso por ser observadora, ou porque essa era uma das mil informações do arquivo.

A Bruxa Tá SoltaOnde histórias criam vida. Descubra agora