Visitantes de cabeça

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[...]

Sana chegou com uma preocupação martelando sua cabeça como se fosse uma bigorna. Precisava saber se Tzuyu tinha tido algo grave, mas por que ficar se preocupando com alguém que ela mal conhecia? A japonesa se perguntava se era a empatia que de vez em quando aparecia.

Chaeyoung finalmente teve o seu momento. Agora se sentia o ser mais cheio que um dia pisou na cidade. Ah como seu coração estava se aquecendo, tudo correndo bem. Agora sim.

Mina temia que o gato fosse procurar seu colo, e aí não saberia como reagir. Mas estava mais ocupada sendo a maior apreciadora da pessoa mais feliz por ali. Ela tinha certeza de que Chaeyoung seria capaz de acender uma árvore de natal apenas com um sorriso.

As três tomavam o café da tarde. Com mais alguns pães doces, biscoitos, e croaçãs que Sana trouxe da padaria da esquina como de costume.

— Foi muito sinistro. É um lugar...É como um mundo. Literalmente um mundo. — Mina terminava de contar sua experiência no santuário cheia de animação. — Ainda bem que consegui o gatinho.

— Você salvou duas vidas, a minha e a dele. — Chaeyoung olhou Istambul deitado em sua caminha tirando um precioso sono.

— Ele é lindinho demais. — Sana disse também encarando o gato.

A outra japonesa evitou olhar para não ser seduzida pela fofura do animal. Coçou a cabeça de novo. Muito estranho. Desde que saiu do banho não parou de ter coceira. Ia e voltava.

— É caspa? — Chaeyoung perguntou enquanto Mina coçava mais rápido. Daquele jeito só poderia ser uma caspa das bem brabas.

— Mina nunca foi de ter caspa. — Sana deu um gole na xícara de café.

— Verdade. — Ela levantou da mesa e foi até o espelho que ficava na parede da sala. Mina quase teve um troço ao ver pequenas coisinhas brancas perdidas perto da raiz de seus cabelos. — Chaeyoung! Olha a minha cabeça...Vê o que diabos eu tenho!

Ela voltou pra cadeira. Chaeyoung levantou e deu uma olhada no meio da cabeleira loira. Tentou segurar a risada quando percebeu a quantidade de bichos.

— Mina do céu. Você tá perdida de piolho. — Dito isso, aquela risada estridente foi ouvida. Sana explodiu de rir, e logo foi acompanhada por Chaeyoung.

— Caramba Myoui, tanta época pra você pegar piolho, foi pegar justo agora?

Mina começou a se irritar. As vezes odiava a mania que Sana tinha de sempre caçoar dos outros, parecia uma velha caquética. E bom, velha ela era mesmo. A coceira piorava mais e mais. Chaeyoung puxou a cadeira pra longe por precaução, sendo observada pela careta feia dela.

— Não me diga que você nunca pegou piolho?

Como uma criança emburrada com um bico enorme, Mina balançou a cabeça negativamente.

— Nunca? Você viveu sei lá, o ano de mil novecentos e dez, uns anos horríveis em higiene, e vai me pegar piolho em dois mil e vinte e dois?

— Onde é que você arranjou esses moradores de cabeça hein Mina?

— E eu lá vou saber? — Mina começou a chacoalhar os cabelos na porta da sacada, mas nada aliviava a coceira. — Só pode ter sido no santuário. Claro, nunca vi tanto bicho! Tinha até gado!

— Explicado. Gado tem piolho. — Chaeyoung disse.

— Ai caramba e agora? — Ela só faltava arrancar os próprios cabelos de tanto coçar. Olhou pra mesa, e as duas comiam calmamente, ignorando sua situação caótica.— Será que dá pra uma das moças vir me ajudar?

A Bruxa Tá SoltaOnde histórias criam vida. Descubra agora