Noite sem sono

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— Seus móveis e os eletrodomésticos estão em um depósito lá embaixo. O que eu acho que você vai usar pedi pra deixarem aqui. — Mina explicou. Ainda tinha uma notícia para dar, essa sim era real. Não queria dar, mas tinha que jogar outro balde de água fria nela. — Só uma coisa...Seu gato. Ele não estava lá.

— Como não?

— Procurei ele em todo o canto, e nem os caras da mudança acharam ele. E...Bom...A janela da sala estava aberta.

— Mas ele nunca foi de fugir!

— Eu tentei procurar na vizinhança, nem sinal dele.

Chaeyoung contou mentalmente até trinta. Se lembrou da janela aberta. Saiu correndo atrás de Tzuyu na festa e esqueceu de fechar. E como Istambul nunca tinha sido de fugir, não se preocupou com grades. Já que nem abria frequentemente a janela, apenas a ventarola. Isso era a única coisa que não podia acontecer.

— Eu não acredito. Ele tá perdido por aí...E é por culpa minha! — Chaeyoung disse enquanto respirava fundo várias vezes para não chorar. Seu bem mais precioso ela não poderia correr o risco de perder. — Eu não vou me perdoar se alguma coisa acontecer com o meu Istambul. Eu não vou superar!

Mina nunca foi fã de gatos, pelo contrário, tinha medo deles. E muitas vezes não entendia o apego das pessoas por aqueles bichos. Mas Chaeyoung estava prestes a chorar, e ela não queria ver essa cena. Mesmo conhecendo a baixinha a apenas um dia. Nunca soube como agir em casos assim, e ainda não aprendeu como.

— Ei, ei. Amanhã nós vamos procurar ele. Ok? — Mina segurou no rosto da garota. Chaeyoung apenas concordava várias vezes como uma criança. — Eu prometo que vou trazer ele de volta pra você, tudo bem?

— Tudo bem.

— Acho que vou providenciar um banho de sal grosso também. Pra me certificar de que você não vai passar mais nenhum perrengue.

Chaeyoung teria pensado em um ótimo convite para Mina ser incluída no banho de sal grosso, mas estava borocoxô demais para fazer isso.

— É. Eu realmente preciso.

[...]

Não era mesmo nada do que Chaeyoung esperava para sua primeira noite morando com duas bruxas em um apartamento chiquérrimo. Mas felizmente, ela estava muito bem.

Seca, limpa, com seu pijama quentinho, e muito bem acomodada naquele sofá enorme. Claro, com a cabeça encostada no ombro de Mina. Que também estava muito bem acomodada, e cultivando sua nova fixação. A vontade quase que estranha de querer estar na companhia da sua nova hóspede.

Já Sana, bom, Sana ficou muito ocupada se produzindo para dar início aos trabalhos.

— O que acham? — Parou em frente a TV. Mina e Chaeyoung analisaram o longo vestido de noiva que ela usava, junto com botas de cano alto. — Sempre uso looks diferentes em casos assim, Chaeng. Será que a noiva fantasma é o suficiente para deixar a sua garota aterrorizada?

— Com certeza! — Chaeyoung deu um sorriso maligno. Não foi a toa que escolheu isso como troca, sabia bem do histórico de Tzuyu em relação a isso. Ela iria viver um inferno.

Mas nem sequer pensou que talvez no caso dela, fosse pegar pesado demais. Tzuyu tinha espectrofobia, o medo irracional de fantasmas ou espectros. E não iria pensar tão cedo. Porque afinal, Tzuyu também não pensou que trair a namorada fosse pegar pesado demais.

Quatro horas depois, já que Sana queria iniciar tudo na pior hora possível, ela estava no elevador do prédio de Tzuyu. Aproveitou que ela morava em Chinatown e parou para jantar em um dos restaurantes por ali.

A Bruxa Tá SoltaOnde histórias criam vida. Descubra agora