CAPÍTULO 3

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Brenner acordou e percebeu que estava sozinho na cama.

Tocou o local onde o seu amado havia passado a noite e tentou resgatar um pouco do calor daquele corpo que ele tanto amava. Não deu. Já se passava das oito horas e provavelmente Pedro já devia estar trabalhando.

O neto de vó Anésia fez uma oração silenciosa para que Deus abençoasse o primeiro dia de trabalho do seu amor no novo emprego. Eles estavam muito entusiasmados com a nova vida e também com o novo emprego de Pedro.

Ser um faz tudo, um marido de aluguel, como diziam,  não garantia ao namorado um emprego fixo, mas tinha lá as suas vantagens, Brenner reconhecia. Pedro  sempre era solicitado por alguém para arrumar um portão, podar alguma árvore,  trocar um botijão de gás, trocar um chuveiro e assim ele ia sobrevivendo...Mesmo se fosse um serviço mais complexo como arrumar a parte elétrica ou hidráulica, Pedro dava conta e Brenner ficava orgulhoso de ver o quanto o namorado era inteligente.

Foram vários cursos feitos tanto online, quanto presencialmente...cursos de pouca duração, mas que Pedro levava muito a sério. Os cursos eram oferecidos por ONGs e também por projetos do governo que iam e vinham tentando ajudar as pessoas menos favorecidas a fim de diminuírem o abismo social e econômico da população.

Os dois rapazes às vezes se sentavam para lembrarem todas as funções que já haviam exercido para ganharem a vida. Era bom sempre se lembrarem que todas as profissões eram  dignas e que deviam agradecer por nunca ficarem desempregados.

Trabalhar no maior hotel da cidade realmente era o cargo mais delicado que Pedro iria assumir, pois os dois sabiam que ele precisaria conviver com pessoas da alta sociedade, transitar por  ambientes luxuosos e precisaria ficar atento para não descumprir as regras do estabelecimento. 

_Dizem que quanto menos contato eu tiver com os hóspedes, mais créditos eu vou ganhar. _ Pedro havia falado apreensivo. _Até gente famosa costuma se hospedar lá...dizem que a diária é uma fortuna, Brenner! Se eu notar que não é pra mim...caio fora!

_Não se preocupe, amor. Você vai se sair bem...você sempre se sai bem. _ Brenner tinha encorajado o namorado. 

Brenner fez a primeira coisa que fazia todos os dias, assim que acordava e foi visitar a avó, a fim de pedir-lhe a bênção antes de ir trabalhar.

A idosa, como sempre, estava rezando  e ele sabia que não deveria interrompê-la, por isso, ficou sentado na sala, esperando a avó sair da cama onde ainda se encontrava.

A casa era cheia de imagens de santos católicos, mas também tinha objetos  de outras crenças.

Naquela hora da manhã, o local tinha um aroma agradável de café recém-coado feito pela avó que acreditava que a garrafa térmica  tinha que estar sempre cheia de café fresquinho, caso alguém aparecesse. As latas sempre estavam cheias de biscoitos que vó Anésia fazia. Umas com biscoitos de polvilho enormes e a outra com biscoitos de nata miúdos e cobertos de açúcar e canela.

Muitas vezes, as crianças da parte mais carente da comunidade vinham pedir alguma coisa para acompanhar o café e a avó lhes servia sacolinhas de plástico ou pacotes de papel  com os tais biscoitos.

_É pra você, para os seus irmãos e os seus pais. Agora vá com Deus e não pare no caminho pra conversar com gente estranha. _aconselhava a avó. _Que o divino espírito santo te guie!

_Amém, vó! Obrigado! _ o pequeno saía correndo alegre.

Depois que a pessoa ia embora, ela sempre repetia para o neto:

CONHECE-TE A TI MESMO- Armando Scoth Lee-romance gayOnde histórias criam vida. Descubra agora