𝐎𝐩𝐩𝐨𝐬𝐢𝐭𝐞 𝐇𝐞𝐚𝐫𝐭𝐬 『 𝗡𝗔𝗥𝗨𝗛𝗜𝗡𝗔 』

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Diga-me por que você está chorando
Eu vou enxugar suas lágrimas, oh amor
Se o seu desejo é amor dolorido
Eu vou ter com você com certeza
Se formos pegos em uma onda, eu vou te carregar
Não importa onde você esteja, eu vou correr para a sua porta da frente
— Ocean, Martin Garrix feat. Khalid

— Comecei a fazer terapia por conta própria, mas escondida dos meus pais. Eles até hoje não sabem de nada, nem mesmo imaginam. Só minha tia Kaguya porque é ela que me acoberta, me levando pra clínica e dando desculpas que meus pais aceitam – seus olhos já estavam distantes. As lágrimas secaram rapidamente, deixando seu rosto grudento, mal conseguia encarar seu namorado e a sogra, tamanha sua vergonha.

Porém, eles se abriram num momento extremamente delicado, então sentia que poderia confiar a ponto de contar seu segredo mais sujo

Seria injusto construir uma relação com pessoas tão boas a base de segredos, pois mesmo que doesse em sua alma reviver o passado, precisava contar para mais alguém, ser verdadeira com eles e consigo mesma. Certamente iria se cobrar outras vezes, então a melhor opção é acabar com esse ciclo de segredos.

Não, nunca mais.

— Eu fiquei tão impactada com o que aconteceu que nem mesmo me lembrava mais de como tudo foi. A psicóloga teve que usar o método de hipnose comigo e assim acabei…me recordando de tudo – seus dedos automaticamente começaram a mexer de maneira nervosa uns nos outros, pareciam coçar. Coçar muito – As memórias vieram todas de uma vez, uma a uma. Lembrei que depois de tudo comecei a passar mal de madrugada, indo no banheiro vomitar todos os dias, o que acabou fazendo eu perder peso e ter uma resistência menor nos treinos. Naquela festa, quando você me achou no banheiro – se direcionou a Naruto, que tinha o rosto impassível durante a narração dela –, eu estava vomitando de novo. Sempre que eu sinto o cheiro do perfume dele em outra pessoa acabo não conseguindo segurar. Começo a sentir meu estômago se revirando e automaticamente vem as imagens na minha cabeça.

À medida que falava, sua voz parecia sair cada vez mais baixa, mas isso não foi problema para Kushina e Naruto, que estavam tão atentos às palavras e aos lábios de Hinata para não deixar nada passar.

A ruiva queria muito pegar sua nora no colo e protegê-la do mundo, pois ver o estado frágil que os relatos causavam-na quebrava seu coração em vários pedaços. Nem chegaram ao ápice da conversa, mas isso não impediu-a de sentir uma empatia enorme pela Hyuuga.

— Dos nove aos doze anos, eu fui abusada pelo meu tio por parte de pai – e assim, o peso daquela revelação caiu como uma bomba no colo dos outros dois – Começou no jardim que tem atrás da minha casa, num almoço entre a família dele e a minha. Eu achei…achei que ele só ia me ajudar a arrumar as coisas mas…mas aí fui levada pro depósito e…

— Chega – a voz cortante de Naruto interrompeu-a, ele se levantou do sofá completamente agitado. Seu sangue fervia intensamente, os punhos cerrados mostravam o quanto se segurava para não acabar quebrando alguma coisa da casa nova. Na verdade, ele queria muito quebrar esse maldito filho da puta pedófilo – Não posso mais ouvir isso.

— Querido…

— Mãe, não dá – as íris azuis estavam possuídas por um ódio que Kushina jamais viu no filho, nem mesmo quando a raiva era direcionada a Minato. Aquilo que tomava conta dele era muito pior – Olha…porra, olha o que ela passou! E os desgraçados do pai dela não fizeram nada!

— Eles não sabem – Hinata disse baixo.

— Hina, não, jamais pôde defender esses dois. Nem eles nem a porra do crápula que fez isso com você – havia tanta raiva em cada palavra cuspida por ele, que por alguns instantes, o loiro somente viu o vermelho – Você era uma criança! – bagunçou os cabelos com força, quase os arrancando. Ainda andava de um lado para o outro, crendo que esse ato seria capaz de apaziguar seu interior – É por isso que nós nunca…conseguimos?