𝐎𝐩𝐩𝐨𝐬𝐢𝐭𝐞 𝐇𝐞𝐚𝐫𝐭𝐬 『 𝗡𝗔𝗥𝗨𝗛𝗜𝗡𝗔 』

✧ 17 ✧

Um coração partido é tudo o que restou
Eu ainda estou consertando todas as rachaduras
Perdi alguns pedaços quando
Eu o levei, o levei, levei para casa
Tenho medo de tudo que eu sou
Minha mente parece uma terra estrangeira
O silêncio ressoa dentro da minha cabeça
Por favor, me leve, me leve, me leve para casa
— Arcade, Duncan Laurence

Se remexeu, percebendo aos poucos enquanto acordava que estava em uma cama, sendo que em sua última lembrança os braços quentes de Naruto a cercavam confortavelmente, como se a protegesse do mundo.

As pálpebras pareciam pesar toneladas, levou alguns minutos até conseguir abri-las notando prontamente alguns resquícios de remela por conta dos cílios grudados. Coçou os olhos, sua visão focando num quarto que não conhecia, se atentando logo em seguida para as caixas espalhadas além do guarda roupas aberto com uma leve bagunça. Havia também sapatos espalhados pelo chão e sobre papelões, parecia um verdadeiro caos.

Mas foi ao localizar o casaco do time de futebol dos Hokages que fez Hinata ter certeza de que passou sim a noite na casa nova de Naruto e Kushina, confirmando que os acontecimentos do dia anterior não foram apenas um sonho. Conseguiu expor o seu maior segredo para o homem que amava em prol do relacionamento deles, dando vivacidade ao fato de que ainda tinha pessoas boas no mundo, as quais valia a pena narrar a pior parte da sua vida.

Deu um longo suspiro ainda deitada, usufruindo do cobertor quentinho e travesseiro macio. Não se deu conta de que estava tão cansada, mesmo tendo uma rotina que qualquer um estaria morto em um sábado como aquele.

Arregalou os olhos.

Num solavanco, procurou desesperadamente por sua bolsa ou qualquer relógio naquele cômodo, certamente atrasadíssima para o treino daquele dia. Merda, que tipo de exemplo seria chegando atrasada daquela forma? Kurenai poderia comer seu fígado numa bandeja por esse deslize imperdoável.

Iria sair do quarto em busca de suas coisas para ir ao colégio, contudo foi atingida por uma forte pontada na cabeça que se espalhou por todo o seu corpo ao tentar se levantar da cama.

Gemeu, levando suas mãos para o meio dos fios escuros, como se aquilo pudesse impedir as dores.

— Bom dia – a voz de Naruto inundou seus ouvidos, fazendo-a erguer a cabeça para melhor vê-lo – Ou melhor, boa tarde, senhorita dorminhoca.

Não.

Impossível.

Tarde? Como assim boa tarde?

— Naruto, por tudo o que é mais sagrado, como assim já está de tarde? – se levantou de supetão, ignorando todas as dores que se intensificaram com o ato brusco.

O Uzumaki franziu o cenho. Imaginou que ao acordar, Hinata iria enchê-lo de beijinhos no rosto, e a partir disso poderiam começar um programa bobo que casais fazem no final de semana. Sua mãe até mesmo o deu algumas ideias enquanto dialogava na cozinha preparando o café da manhã.

Esperava até mesmo uma confusão vindo da Hyuuga, mas não naquele nível de desespero.

— Ué, são quase duas da tarde. Você estava realmente cansada, deixei que dormisse enquanto…

— Mas nós temos treino! Hoje é sábado ainda, tem tanta coisa pra ser feita. Céus, Kurenai vai me matar, eu disse a ela que hoje faríamos algo diferente pra poder…

Parou de falar quando teve seu rosto segurado pelas mãos grandes de seu namorado, e pôde focar seu olhar naquele par oceânico que lhe trazia tanta calmaria.

No rosto dele, um sorriso tão lindo quanto o do dia anterior, quanto todos os demais que ele já a ofereceu. Uma calma absurda era transmitida somente através daquele gesto, deixando-a com todas as defesas baixas, fazendo até mesmo com que sua respiração intensa diminuísse aos poucos.